Papa se despede da França, após missa com 50 mil pessoas em Marselha

Na homilia, Francisco exortou os fiéis a recuperarem os “saltos de alegria” que a fé proporciona, contra o trágico descarte da vida humana: dos migrantes, dos bebês não nascidos e dos idosos

Fotos: Vatican Media

Um multidão de 50 mil fiéis lotou o estádio Vélodrome, em Marselha, para último compromisso público do Papa Francisco em sua 44a viagem apostólica internacional, em que participou, na cidade ao sul da França, da 3a edição dos Encontros Mediterrâneos.

A liturgia escolhida foi a Missa votiva da Bem-aventurada Virgem Maria da Guarda. Com efeito, a homilia do Papa foi inspirada na cena narrada pelo evangelista Lucas, da visita de Maria à prima Isabel.

“Nestas duas mulheres, Maria e Isabel, desvenda-se a visita de Deus à humanidade: uma é jovem e a outra idosa, uma é virgem e a outra estéril; e, contudo, ambas estão grávidas de modo ‘impossível’. Esta é a obra de Deus na nossa vida: torna possível mesmo aquilo que parece impossível”, afirmou o Pontífice.

SALTO DE ALEGRIA DA FÉ

Francisco, então, convidou os fiéis a se questionarem se acreditam que Deus está agindo em suas vida. Um modo para discernir se temos ou não esta confiança no Senhor é o “salto de alegria da fé”, o mesmo que deu o menino “quando Isabel ouviu a saudação de Maria”.

“Quem crê, quem reza, quem acolhe o Senhor salta de alegria no Espírito”, acrescentou o Papa. Saltar de alegria significa ser “tocado por dentro”, sentir que algo se move no nosso coração.

“É o contrário de um coração insensível, frio, que se tranca na indiferença e se torna impermeável, que endurece, insensível a tudo e a todos, inclusive ao trágico descarte da vida humana, que hoje é rejeitada em tantas pessoas que emigram, bem como em muitos bebês não nascidos e em muitos idosos abandonados.”

PRECISAMOS DE UM NOVO SALTO DE FÉ

O Papa ainda mencionou os muitos “saltos de alegria” que a França proporcionou ao mundo, com sua rica história de santidade, de cultura, de artistas e de pensadores.

É disto de que precisamos hoje, de um novo salto de fé, de caridade e de esperança, de redescobrir o gosto do compromisso pela fraternidade: “Queremos ser cristãos que encontram Deus com a oração, e os irmãos com o amor”.

“Peço a Notre Dame de la Garde [Nossa Senhora da Guarda] que vele pela vossa vida, guarde a França e a Europa inteira e nos faça saltar de alegria no Espírito”, concluiu Francisco.

SALTO DE ALEGRIA PERANTE O PRÓXIMO

Ao contrário, quem é gerado para a fé, reconhece a presença do Senhor  e dá um salto de alegria não só perante a vida, mas também perante o próximo.

De fato, no mistério da Visitação, a visita de Deus não se realiza através de eventos celestes extraordinários, mas na simplicidade de um encontro, no abraço terno entre duas mulheres, no cruzamento de duas gravidezes cheias de maravilha e esperança.

“Recordemo-lo sempre, mesmo na Igreja: Deus é relação e visita-nos muitas vezes por meio dos encontros humanos, quando sabemos abrir-nos ao outro, quando há um salto de alegria pela vida de quem passa diariamente por nós e quando o nosso coração não fica impassível e insensível perante as feridas de quem é mais frágil.”

Neste sentido, prosseguiu o Papa, as cidades metropolitanas e muitos países europeus como a França são um grande desafio contra as exasperações do individualismo, contra os egoísmos e os fechamentos que produzem solidões e sofrimentos.

“Aprendamos de Jesus a sentir frémitos por quem vive ao nosso lado, aprendamos Dele, que experimenta saltos de misericórdia diante da carne ferida daqueles que encontra”, exortou.

REGRESSO A ROMA

Reprodução de Vatican Media

Francisco regressou a Roma já no entardecer em Marselha (por volta das 14h15 no horário de Brasília), ouvindo expressões de gratidão do clero francês e do presidente do país, Emanuel Macron, com quem teve uma reunião reservada na tarde do sábado, 23, após discursar nos Encontros Mediterrâneos.

Fonte: Vatican News

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