
O Parlamento de Papua Nova Guiné – nação da Oceania de quase 11 milhões de habitantes, composto de 90% de cristãos e que recebeu a visita do Papa Francisco em setembro de 2024 –, realizou uma significativa mudança na forma como o país se define espiritualmente. Agora, no preâmbulo de sua Constituição, a Santíssima Trindade é reconhecida, de forma explícita, como fundamento da identidade nacional e do exercício do poder político.
“Reconhecemos e declaramos Deus, o Pai, e Jesus Cristo, o Filho, e o Espírito Santo, como nosso Criador e Sustentador de todo o universo, e a fonte de nossos poderes e autoridades, delegados ao povo e a todas as pessoas sob a jurisdição geográfica de Papua Nova Guiné”, diz o novo texto da Constituição, aprovado no dia 12 de março.
O objetivo é criar um movimento de unidade nacional que se baseie em valores cristãos compartilhados e reflita o papel central da fé cristã na história e no desenvolvimento da nação.
Além disso, a Bíblia foi reconhecida como símbolo nacional, sendo-lhe garantido um lugar de destaque entre os emblemas do Estado. Importante ressaltar que esta alteração no texto oficial não elimina o artigo que trata sobre a liberdade de religião e opinião no país, garantindo que a pluralidade de crenças continue a ser respeitada no âmbito do quadro jurídico da nação.
A mudança, no entanto, é vista de forma crítica pelos católicos, que somam 2,5 milhões de fiéis. Para os líderes católicos, esta inscrição não responde às necessidades da sociedade papuásia. Eles temem particularmente o risco de instrumentalização, mas também de tensões entre as diferentes comunidades cristãs e religiões tradicionais presentes nas áreas rurais. Papua Nova Guiné é caracterizada por grande diversidade étnica e tem o maior número de línguas faladas no mundo, com quase 850 idiomas registrados.
Para o Padre Giorgio Licini, ex-secretário-geral da Conferência Episcopal de Papua Nova Guiné, esta mudança na Constituição deve ser vista pelos cristãos com muita prudência e como um convite ao compromisso concreto. O Sacerdote ressaltou que “um texto escrito não é suficiente. É necessário viver como cristãos no dia a dia”.
Apesar de a Igreja Católica acolher a iniciativa com muita esperança, também é mantida uma atitude de cautela.
Fontes: Gaudium Press e La Croix International