População de Mianmar busca refúgio no nordeste da Índia  

Milhares continuam fugindo do estado predominantemente cristão devido ao conflito entre os militares e a milícia local

População protesta contra a tomada do poder em Mianmar (foto: Unsplash/Pyae Sone Htun)

Mais de 8 mil refugiados, incluindo mulheres e crianças, fugiram recentemente do estado de Chin, em Mianmar, para o estado de Mizoram, na Índia, em razão do conflito em curso entre os militares e grupos de milícias locais na região cristã de Mianmar.

Pelo menos cerca de 22 mil pessoas passaram de Mianmar Mizoram desde o golpe de 1º de fevereiro de 2021, quando os militares tomaram o poder, derrubando o governo eleito de Aung San Suu Kyi e colocando vários líderes políticos atrás das grades.

“A escalada da violência deslocou milhares de Chin, aumentando as preocupações sobre o aumento dos níveis de atrocidades e abusos de direitos e que mais pessoas serão deslocadas no estado de Chin como resultado”, disse a Organização de Direitos Humanos Chin (CHRO).

Milhares de étnicos Chin dos municípios de Thalang, Matupi, Falam e Tedim fugiram de suas casas e se refugiaram em vários distritos do estado de Mizoram, enquanto mais de 40 mil pessoas foram deslocadas internamente no estado.

A CHRO estima que pelo menos 30 mil pessoas de Mianmar cruzaram a fronteira para quatro estados indianos fronteiriços – Manipur, Mizoram, Nagaland e Arunachal Pradesh.

O estado de maioria cristã de Chin tem estado na vanguarda da resistência à junta militar e tem testemunhado ferozes ataques de retaliação, incluindo ataques aéreos, artilharia pesada e ataques indiscriminados a civis. Centenas foram detidas arbitrariamente e dezenas mortas.

Dezenas de igrejas, incluindo católicas, foram incendiadas, vandalizadas e destruídas por soldados, enquanto padres e pastores também foram alvejados.

As Dioceses de Hakha e Kalay que cobrem o estado de Chin e a região de Sagaing foram afetadas pelo conflito em curso desde o golpe.

Mianmar testemunhou intensos combates entre a junta militar e as forças rebeldes nos últimos meses em áreas étnicas, incluindo os estados predominantemente cristãos Kayah, Chin e Karen, onde os civis foram forçados a deixar suas casas e fugir para as florestas ou buscar abrigo em instituições da igreja.

O golpe militar desencadeou manifestações não violentas em todo o país que as tropas de segurança reprimiram usando força excessiva e munição real.

Pelo menos 1,5 mil pessoas, incluindo crianças, foram mortas pela junta no ano passado.

Além disso, ao menos 144 crianças com idades entre três e 17 anos foram mortas pelas forças de segurança no país devastado pelo conflito, de acordo com Farhan Haq, porta-voz adjunto do secretário-geral das Nações Unidas: “Entre eles estão pelo menos 18 crianças que foram mortas somente em janeiro passado, além de inúmeras outras crianças que foram mutiladas e feridas ao longo de um ano inteiro”.

Fonte: UCA News

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