Um mês após o início da guerra, quase 25% da população da Ucrânia está deslocada

Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR)

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) promoveu na sexta-feira, 25, uma coletiva de imprensa remota com Carolina Lindholm Billing, representante do ACNUR na Ucrânia, que está na cidade de Lviv.

Carolina lembrou que durante o último mês, tudo mudou para a Ucrânia e levou a retrocessos que haviam sido feitos em favor da população nos últimos oito anos.

“A cada dia, vidas são destroçadas, e famílias, separadas. Em um mês, mais de 10 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir para salvar suas vidas, deixando suas casas e pertences para trás. Mais de 6,5 milhões de pessoas estão deslocadas dentro da Ucrânia e 3,7 milhões de pessoas foram forçadas a fugir do país. Estes números estão aumentando a cada dia. Estima-se que cerca de 13 milhões de pessoas estejam presas em áreas afetadas ou impedidas de sair devido ao aumento dos riscos de segurança, destruição de pontes e estradas, bem como a falta de recursos ou informações sobre onde encontrar segurança e alojamento”, detalhou.

Carolina comentou que hoje milhões de pessoas na Ucrânia vivem constantemente com medo, sob bombardeios constantes e precisam se abrigar em bunkers.

“Temos agora 154 colegas [do Acnur] no país, vários em missões de emergência, onde continuamos crescendo para fortalecer nossa capacidade de entrega. Todos estão trabalhando sem parar. Comunidades locais, voluntários, municípios e autoridades têm liderado a resposta humanitária”.

Na Ucrânia, a Agência da ONU para Refugiados opera dentro da resposta humanitária interagencial, sob a liderança do Coordenador de Crise da ONU. “Concentramos nossos esforços nas áreas de proteção, abrigo e assistência em dinheiro e em serviço, a fim de proporcionar alívio imediato aos que fogem da guerra. Ajudamos pessoas deslocadas a encontrar estabilidade e a se estabelecer em um local mais seguro, enquanto a situação permanece fluida, e o futuro, imprevisível”, relatou.

Carolina afirmou que mais de mil residências em locais afetados pelo confronto receberam kits de abrigo de emergência para que possam fazer reparos em suas casas danificadas e se protegerem do frio e da chuva. Centros de recepção na Ucrânia central e ocidental receberam itens como colchões, cobertores e conjuntos de cozinha, expandindo a capacidade para acomodar pessoas deslocadas internamente.

“Na semana passada, em Vinnytsia, conheci uma mãe com uma filha de 20 anos com deficiência que ficou em um dos centros de acolhida que o Acnur tem apoiado. O apartamento delas na periferia de Kyiv havia sido atingido. Ficou claro para mim que elas não poderiam sair deste centro tão cedo. Elas – como outras famílias vulneráveis com as quais falei no mesmo centro de acolhida – precisarão de alojamento em um centro coletivo ou moradia social durante meses ou anos”, comentou.

“Começamos a implantar nosso programa de assistência financeira multiuso nas províncias de Lviv e Zakharpatia, e até o momento já inscrevemos milhares de pessoas. Outras inscrições em seis províncias adicionais na Ucrânia central e oriental virão em dias. Em geral, temos como objetivo atingir pelo menos 360 mil pessoas deslocadas para ajudá-las a suprir as necessidades básicas.  Ao mesmo tempo, continuamos nos esforçando para alcançar áreas duramente atingidas, como Mariupol e Kharkiv, com assistência para salvar vidas como parte dos comboios humanitários inter-agenciais. O ACNUR aderiu ao primeiro comboio que entrou na Sumy na semana passada sob o sistema de notificação humanitária”, prosseguiu.

Por fim, Carolina Lindholm Billing ressaltou que por muito tempo pessoas, famílias e comunidades precisarão de proteção, abrigo, assistência e acesso a serviços básicos como saúde, educação e proteção social durante anos. “Os efeitos desta guerra são devastadores e de longo alcance.  A forma mais eficaz de alívio humanitário seria parar esta guerra. Entretanto, devemos continuar a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para apoiar todos os afetados enquanto ocorre o conflito”, concluiu.

Fonte: Acnur

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