Os líderes da Igreja no Uruguai juntaram-se às instituições do país encarregadas de procurar pessoas desaparecidas durante a ditadura militar entre 1973 e 1995, e esperam receber informações sobre o paradeiro dos restos mortais de dezenas de vítimas do regime.
A iniciativa foi discutida nos últimos seis meses pelo Observatório do Sul, uma associação de padres católicos e leigos que promove valores humanitários, pelo Instituto Nacional de Direitos Humanos e Defesa do Povo, órgão do Congresso uruguaio que promove políticas de direitos humanos, e pelo promotor Ricardo Perciballe, que investiga crimes contra a humanidade.
Em uma reunião entre essas instituições e o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Uruguaia na semana passada, a Igreja concordou em participar de um esforço conjunto para convidar as pessoas a compartilhar informações, de maneira anônima, que potencialmente possuam sobre a localização dos restos mortais de presos políticos. A ideia é permitir que as famílias das vítimas tenham finalmente acesso aos corpos dos seus familiares e possam celebrar um funeral digno, encerrando assim um capítulo doloroso de suas vidas.
Apesar de todos os esforços, apenas sete entre 197 vítimas tiveram os seus restos mortais localizados. Dezenas de famílias ainda aguardam para receber qualquer informação.
A ideia é que os bispos possam espalhar pelas dioceses e paróquias o convite às pessoas que sabem onde esses corpos foram sepultados para partilharem anonimamente as informações com a Igreja. Não se trata de punir os agentes do Estado que cometeram crimes contra a humanidade, mas reunir evidências que possam levar à descoberta de restos humanos.
Fonte: Crux Now