Cardeal Scherer: ‘A Igreja é missionária por sua própria natureza’

Cardeal Scherer: ‘A Igreja é missionária por sua própria natureza’

A temática das missões foi o principal assunto tratado no programa ‘Diálogos de Fé’, com o Arcebispo de São Paulo no último domingo

No Dia Mundial das Missões, no domingo, 18, no programa “Diálogos de Fé”, transmitido pela rádio 9 de Julho e mídias sociais da Arquidiocese de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, abordou de modo especial sobre a dimensão missionária da Igreja.

“Tomemos consciência de que a Igreja é missionaria por sua própria natureza. Se não é missionária, deixa de ser a Igreja de Jesus Cristo”, afirmou, inicialmente.

“Em todo o mundo, a cada três pessoas, só uma recebeu o Evangelho. Estamos muito longe de ter realizado aquilo que Jesus ordenou aos apóstolos e a todos nós: ‘Ide e fazei discípulos por todo o mundo, anunciai o Evangelho a toda criatura’”, recordou.

Coleta missionária

Dom Odilo lembrou que no Dia Mundial das Missões em todas as igrejas católicas é realizada a coleta missionária, e que os valores arrecadados são enviados à Congregação para a Evangelização dos Povos e para outras iniciativas missionárias.

“Como fruto das nossas coletas, o Papa pode enviar ajuda a terras de missão, a áreas em que a presença da Igreja ainda está pouco consolidada, como na África e Ásia, mas até mesmo da Europa”, afirmou, apontando, ainda, que os recursos ajudam na manutenção dos missionários – padres, religiosos e leigos – enviados a esses locais.

A missão no cotidiano

O Arcebispo de São Paulo afirmou, porém, que para ser missionário não é preciso sair de onde se vive, pois todo lugar é terra de missão.

“Devemos dar testemunho da Igreja missionária, apoiando quem parte, mas, também, exercendo a nossa missão aqui. Nós precisamos nos renovar na missão. A Igreja que não se renova, se torna velha, vai perdendo sua força e vitalidade”, disse.

Um dos internautas questionou o Cardeal sobre a missionariedade no dia a dia. Por primeiro, lembrou Dom Odilo, é preciso que cada pessoa viva bem a sua fé e a testemunhe em união com a Igreja. Depois, deve ter coragem de conversar com os outros sobre a fé que professa – “pois muitas pessoas têm um entendimento errado da Igreja Católica, até mesmo alguns católicos” –; soma-se a essas atitudes o bom cumprimento das atribuições próprias que se tem na família ou no ambiente de trabalho, pois pelo “bom testemunho católico já se estará fazendo um serviço missionário”. Além disso, também se deve estar à disposição da comunidade paroquial a que pertence.

E a missionariedade na política?

Para responder a essa pergunta, Dom Odilo recordou uma carta enviada pelo Papa Francisco aos bispos da América Latina, na qual o Pontífice alerta para a pouca participação do laicato católico na vida política dos países latino-americanos.

“Aqui se criou uma ojeriza à política – a política é ruim, é corrupção, quem está na política não presta. Certamente isso não é sem razão, devido aos maus exemplos que apareceram, porém, nós não devemos ficar apenas neles, mas olhar para os bons exemplos. Existe muita gente boa na política, fazendo coisas boas. Além disso, se lideranças e leigos católicos não assumem a sua prática também na vida política, deixamos o campo livre para outros”, alertou.

Europa, terra de missão

Respondendo a um internauta sobre a necessidade do envio de missionários para o continente europeu, Dom Odilo lembrou que o Velho Continente hoje deles necessita para uma nova evangelização e por isso há os que para lá partem provenientes do Brasil, de outros países da América Latina, da África e da Ásia.

“É preciso que a Igreja na Europa desperte a consciência de que precisa levantar as forças que estão lá, mas enquanto isso está recebendo a ajuda da Igreja dos outros continentes. Não é a primeira vez que isso acontece. No fim do primeiro milênio, por volta dos séculos VII e VIII, a situação era semelhante – e o Papa chamou monges de fora da Europa Continental, sobretudo da Irlanda, Inglaterra, Escócia para uma nova evangelização, sobretudo na Europa central e do norte”.

Dom Odilo, observou, porém, que a tradição da Igreja no Velho Continente é um fator que a ajudará na retomada do vigor na evangelização.

“Pode-se comparar a situação da Igreja na Europa como o outono: as folhas caem, a vitalidade das plantas parece pouca, mas as plantas estão lá! A Europa tem milênios de tradição cristã e presença da Igreja na base cultural dos países. Tenho certeza que a planta está viva, ela só precisa brotar de novo”, concluiu.

(Colaborou: Jenniffer Silva)

CLIQUE AQUI E ASSISTA A ÍNTEGRA DO DIÁLOGO DE FÉ DE 18/10/2020

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