Eucaristia: tesouro da Igreja e alimento espiritual dos santos

Santíssimo Sacramento (Foto: Dimitri Conejo Sanz/Cathopic)

Na quinta-feira, 11, a Igreja celebra a Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, tradicionalmente chamada de Corpus Christi.

Este ano, devido à pandemia do novo coronavírus, as celebrações não terão a presença dos fiéis, nem poderá haver procissões com aglomeração de pessoas. O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, ressaltou, contudo, em carta enviada à Arquidiocese, que a solenidade deve ser celebrada nas paróquias e comunidades, sendo transmitida pelos meios de comunicação.

Dom Odilo presidirá a missa de Corpus Christi na Catedral da Sé, às 11h, transmitida pela rádio 9 de Julho e pelas mídias digitais da Arquidiocese.

A Solenidade de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV, em 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a Solenidade da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes.

Nesta celebração, a Igreja Católica manifesta publicamente o “mistério da fé”, que é a “fonte e ápice da vida cristã”.

“Na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa”, afirma o Catecismo da Igreja Católica (CIC, 1324).

Testemunhas do mistério da fé

Na história do cristianismo, foram muitos os homens e mulheres que dedicaram suas vidas à propagação do culto à Eucaristia. Veja alguns deles:

SANTA JULIANA DE MONT-CORNILLÓN (1193-1258)

No fim do século XIII, surgiu em Lieja, Bélgica, um movimento eucarístico cujo centro foi a Abadia de Cornillón. Este movimento deu origem a vários costumes eucarísticos, como, por exemplo, a exposição e bênção do Santíssimo Sacramento.

Naquela época, Santa Juliana era priora da abadia. Desde jovem, tinha grande veneração ao Santíssimo Sacramento e sempre desejou que houvesse uma festa especial em sua honra.

Santa Juliana não chegou a ver a instituição da Solenidade de Corpus Christi, pois morreu em 1258. Segundo sua biografia, ela faleceu adorando o Santíssimo Sacramento, que fora exposto no quarto onde convalescia.

SÃO PEDRO JULIÃO EYMARD (1811-1868)

Nasceu em Esère, na França. Todos os dias, sua mãe o levava à igreja para receber a bênção eucarística. As- sim, aos 5 anos de idade, despontou sua vocação sacerdotal. Foi ordenado em 1834, em sua diocese de origem.

Em 1851, em oração diante da imagem da Virgem Maria, ouviu o pedido para a criação de uma congregação religiosa destinada a honrar a Eucaristia. Assim, em 1856, fundou a Congregação dos Padres do Santíssimo Sacramento (Sacramentinos). Viajou por toda a França, para levar sua mensagem eucarística e deixou inúmeros escritos sobre essa espiritualidade.

SÃO TARCÍSIO (SÉCULO III)

Mártir da Igreja dos primeiros séculos, vítima da perseguição do imperador Valeriano, em Roma, Tarcísio era um dos integrantes da comunidade cristã romana, quase toda dizimada. Ele tinha 12 anos e morreu no dia 15 de agosto do ano 257, ao tentar levar a Eucaristia a outros cristãos que estavam presos em decorrência da perseguição.

Ele auxiliava nas celebrações do Papa Sisto II como acólito e, um dia, foi abordado por pagãos enquanto levava consigo a Eucaristia, sendo duramente atacado com paus e pedras, até morrer, abraçado ao sacramento. “Quando lhe reviraram o corpo, os assaltantes não puderam encontrar nem sinal do sacramento de Cristo, nem em suas mãos, nem por entre as vestes.” Assim, o Martirológio Romano resume a forma posterior da história de São Tarcísio.

SÃO PIO DE PIETRELCINA (1887-1968)

Com um sacerdócio dedicado totalmente a Deus e ao seu serviço, a vida de São Pio de Pietrelcina começou a mudar totalmente quando, em 20 de setembro de 1918, depois da celebração da Santa Missa, recebeu os estigmas de Jesus Cristo nas mãos e nos pés, com os quais conviveu por 50 anos. Sua intimidade com o sacrifício eucarístico era tão grande que as pessoas que tiveram a oportunidade de assistir às missas por ele celebradas relatavam que o frade entrava em profundo êxtase durante a celebração. Padre Pio, como era conhecido, morreu em 23 de setembro de 1968 e foi canonizado em 2002.

BEATO CHARLES DE FOUCAULD (1858-1916)

O francês Charles de Foucauld tinha 28 anos quando decidiu dedicar sua vida a Deus, após participar de uma celebração eucarística, em 1886.

O jovem ingressou na Ordem dos Monges Trapistas, em 1897. No entanto, buscava viver uma radicalidade ainda maior e, por isso, deixou a Ordem. Foi ordenado sacerdote em 9 de junho de 1903, aos 43 anos. Posterior- mente, viveu no deserto do Saara, dedicado à oração e a longos períodos de silêncio em uma tenda.

Como sacerdote, ele colocou a Eucaristia e o Evangelho no coração de sua vida. Uma congregação religiosa foi fundada a partir das suas inspirações 20 anos após sua morte, os Irmãozinhos de Jesus, na Argélia. Charles de Foucauld foi beatificado em 2005 e sua canonização foi aprovada pelo Papa Francisco no fim do mês passado.

VENERÁVEL CARLO ACUTIS (1991-2006)

Nascido em Londres, na Inglaterra, e criado em Milão, na Itália, o jovem Carlo morreu aos 16 anos, vítima de leucemia. Desde que, com 7 anos, fez a Primeira Comunhão, nunca mais perdeu o encontro cotidiano com a Eucaristia. Antes ou depois da Santa Missa, permanecia em frente ao sacrário para adorar o Senhor no Santíssimo Sacramento.

Entusiasta da Informática, o jovem desenvolveu um site na internet para difundir a devoção ao Santíssimo Sacramento e as histórias dos milagres eucarísticos. “Es- tar sempre unido a Jesus, este é o meu projeto de vida”, dizia Acutis. Em 22 de fevereiro, o Papa Francisco auto- rizou o reconhecimento do milagre atribuído à intercessão do jovem, que em breve será beatificado.

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