Indulgência plenária do Dia de Finados poderá ser obtida durante todo o mês de novembro

No dia 2, a Igreja incentiva os fiéis a rezar pelas almas que ainda não chegaram ao Céu, mas estão se purificando no Purgatório, a fim de poderem contemplar Deus face a face

Foto: Luciney Martins/ O SÃO PAULO

Por ocasião da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, em 2 de novembro, a Igreja concede várias indulgências a serem aplicadas às almas que padecem no Purgatório. Normalmente, a indulgência pode ser obtida com uma visita ao cemitério entre os dias 1º e 8 de novembro, junto com uma oração pelos defuntos e pelo Papa, além da confissão sacramental e comunhão.

Entretanto, devido à atual pandemia, a Penitenciaria apostolica, por meio de um recente decreto, concedeu a possibilidade da indulgência em qualquer dia de novembro, se observadas as obrigações anteriormente descritas. O intuito é o de evitar aglomerações e permitir que um maior número possível de fiéis possa obtê-la.

O decreto convida as pessoas que não podem sair de casa a rezar, diante de uma imagem de Jesus ou da Virgem Maria, orações pelos fiéis defuntos, como as Laudes ou as Vésperas do Ofício para os Mortos, o Rosário, o Terço da Misericórdia ou outras devoções oferecidas aos defuntos. Pode-se, também, meditar uma passagem do Evangelho e realizar uma obra de misericórdia, oferecendo-a a Deus.

Também é possível ganhar uma indulgência plenária no dia 2 de novembro, com uma visita a um oratório ou igreja, acompanhada da oração de um Pai-Nosso e do Credo e o cumprimento dos requisitos (Comunhão, Confissão e oração pelo Santo Padre). Neste ano, esta indulgência também pode ser obtida em qualquer dia de novembro, à escolha do fiel.

Pelas almas que ainda não chegaram ao céu

A Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos ocorre no dia seguinte à Solenidade de Todos os Santos, na qual os cristãos pedem a intercessão daqueles que já atingiram a meta mais almejada: o Paraíso.

Em 2 de novembro, a Igreja incentiva os fiéis a rezar pelas almas que ainda não chegaram ao Céu, mas estão se purificando no Purgatório, a fim de um dia poderem contemplar Deus face a face.

Por vezes, a doutrina da Igreja acerca do Purgatório não é bem compreendida. Assim, recorrer ao Catecismo da Igreja Católica (CIC) é uma boa maneira para melhor conhecer essa verdade de fé.

No Catecismo, o Purgatório é definido como o tempo de purificação daqueles “que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna” (CIC, 1030). Nessa breve definição, pode-se concluir que as almas que estão no Purgatório são as que morreram em estado de graça, sem terem algum pecado mortal na almaainda não perdoado por Deus, mas que, por não terem atingido a perfeição em vida, necessitam se purificar pelas faltas leves cometidas e pelas manchas que o pecado deixou nelas.

Além disso, aqueles que estão no Purgatório já têm sua salvação garantida e irão para o Céu depois de se purificar completamente.

A doutrina católica do Purgatório foi definida solenemente no Concílio de Florença, que perdurou de 1431 a 1445. A fé da Igreja na existência do Purgatório baseia-se, principalmente, na prática que vem desde os primórdios do Cristianismo de rezar pelos mortos, além de se basear no Segundo Livro de Macabeus, que demonstra a necessidade de rezar e fazer sacrifícios pelos que já morreram, “a fim de que fossem absolvidos de seu pecado” (2Mc 12,46).

As Indulgências

Para a compreensão correta do que são as indulgências, é necessário distinguir a culpa e a pena do pecado. A culpa do pecado é perdoada, ordinariamente, quando nos arrependemos e nos confessamos. A partir desse momento, aos olhos de Deus, não podemos ser punidos eternamente, pois nos arrependemos sinceramente, e Deus, em sua infinita misericórdia, nos perdoou.

Entretanto, apesar de perdoados, os nossos pecados ainda causam consequências más em nós, nos outros e na criação como um todo, como escreveu São Paulo VI, na constituição apostólica Indulgentiarum doctrina, de 1967: “É, portanto, necessário para o que se chama plena remissão e reparação dos pecados não só que, graças a uma sincera conversão, se restabeleça a amizade com Deus e se expie a ofensafeita à sua sabedoria e bondade, mas também que todos os bens, pessoais ou comuns à sociedade ou relativos à própria ordem universal, diminuídos ou destruídos pelo pecado, sejam plenamente restaurados”.

Essas consequências do pecado, que perduram mesmo depois de perdoada a culpa, são chamadas “penas temporais”. Para que sejamos livres das penas temporais depois de perdoados dos pecados, a Igreja sempre acreditou que a oração e as penitências oferecidas uns pelos outros são instrumentos importantíssimos, pois os fiéis estão unidos no mesmo corpo da Igreja por uma relação sobrenatural e, por isso, o bem feito por um membro pode favorecer outro.

“Consciente dessas verdades, a Igreja desde o princípio conheceu e praticou vários modos de agir para que os frutos da redenção do Senhor fossem aplicados a cada fiel e cooperassem os fiéis na salvação de seus irmãos”, escreveu São Paulo VI.

As indulgências, portanto, são um meio fomentado pela Igreja para aplicar aos fiéis os méritos comuns a toda a Igreja, com o objetivo de remir as penas temporais do pecado, inclusive daquela parte da Igreja que está no Purgatório e que tem o nome de “Igreja Padecente”. As indulgências plenárias são aquelas que apagam toda a pena temporal; e as parciais apagam apenas parte dela. As indulgências podem ser aplicadas para si mesmo ou para alguma alma no Purgatório. As obras indulgenciadas estão descritas no Manual de Indulgências. Além disso, o Papa pode prescrever indulgências extraordinárias para alguma ocasião.

Para receber uma indulgência plenária, é necessário estar perdoado do pecado quanto à culpa, rejeitar todo o pecado, confessar-se, comungar, rezar pelo Papa e realizar a obra indulgenciada.

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