‘Levemos sempre Jesus conosco no barco de nossas vidas’

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu a missa desta segunda-feira, 3, na capela de sua residência, transmitida pela rádio 9 de Julho e pelas mídias digitais da Arquidiocese.

Na homilia, Dom Odilo refletiu sobre a primeira leitura (Jr 28,1-17), que apresenta dois profetas: Jeremias e Ananias. Porém, o segundo era um falso profeta, pois só falava aquilo que povo queria ouvir e não a verdade que, às vezes, é incômoda, convida à conversão e faz com que as pessoas repensem sobre a própria vida.

“Os falsos profetas sempre existiram e também hoje existem. Por isso, nós temos que estar muito atentos a eles, ainda mais aqueles que chamam Deus como testemunhas de sua falsidade e, portanto, são falsas testemunhas e falsos profetas que só prejudicam em vez de ajudar o povo e aqueles que precisam voltar-se para verdade, converterem-se e realizar o que é justo o que é bom”, afirmou o Cardeal.

MAR AGITADO

O Evangelho do dia (Mt 14,22-36) traz a cena que se segue à da multiplicação dos pães, narrada na liturgia do domingo, 2. Jesus que despede o povo e depois passa longas horas em oração sozinho.

“O que será que Jesus rezava durante tanto tempo? Nós imaginamos a oração de Jesus voltada diretamente para o coração de Deus Pai, do que ele falava a Deus, o que fazia durante todo esse tempo. Jesus em oração é para nós um modelo e exemplo de nossa oração”, ressaltou o Arcebispo.

Depois, Jesus vai ao encontro dos apóstolos que estão lutando para sobreviver em meio à tempestade “A barca da vida, a barca da Igreja sem Jesus afundaria ou correria o risco de afundar. Lembremos sempre de levar Jesus conosco no barco das nossas vidas, dos nosso projetos, do nosso dia a dia, da nossa família e dos nossos empreendimentos”, completou Dom Odilo.

CORAGEM

O texto bíblico ainda narra que Jesus vai ao encontro dos apóstolos caminhando sobre as águas. Os apóstolos se assustaram ao verem a cena e gritaram, não reconhecendo o Senhor , achando que fosse um fantasma. Mas, ao ouvirem a palavra e a voz de Jesus,  acalmaram-se.

“Ouvir a voz e palavra de Jesus acalma, dá novo sentido para superar os medos e os fantasmas que carregamos, porque ele dá a certeza de segurança na nossa vida e não nos deixamos assustar, pois são tantos os fantasmas na vida que nos assustam e nos colocam em angústia, como esse fantasma que estamos enfrentando da pandemia do novo coronavírus. Mas tantos outros fantasmas, como o medo de morrer ou de ficar doente, de perder tudo, de saber como que a vida vai continuar. Esses são os nossos fantasmas”, ressaltou Dom Odilo.

“Por isso, ouçamos a palavra de Jesus que nos diz:  ‘Coragem! Sou eu. Eu estou com vocês. Não fiquem apavorados. Sou eu que entro na barca de vocês’”, exortou o Cardeal.

‘SALVA-NOS!’

Ao reconhecer o Senhor, Pedro pede para ir ao seu encontro também caminhando também sobre as águas. “Pedro é cheio de proezas, é impulsivo, e Jesus diz: ‘Vem. Coragem!’. Pedro vai e, enquanto ele confia na palavra de Jesus tudo vai bem. Mas quando ele começa a olhar ao redor, as ondas, o mar, o vento, ele se apavora e começa a afundar porque ele lembra que é ele Pedro e com a sua força ele não vence aquelas ondas, aquele vento e pede ajuda: ‘Senhor, salva-me! Estou afundando. E Jesus estende a mão e o segura”, destacou o Arcebispo, enfatizando que o apóstolo não teve vergonha de reconhecer a sua fragilidade e a sua necessidade.

“Às vezes, não se recorre a Deus por orgulho, por soberba, por vontade de querer resolver sozinho para depois ter a vaidade de dizer que fez e venceu sozinho”, afirmou Dom Odilo. Quando Jesus chegou ao barco, os apóstolos se prostraram aos seus pés disseram: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus”.

PROFISSÃO DE FÉ

“Eles se prostram diante de Jesus e fazem essa profissão de fé que os acalma, mas, ao mesmo tempo, o apavora. Aquele pavor de saber que estão diante do filho de Deus e, por isso mesmo, a vida precisa mudar e não pode ficar a mesma”, sublinhou o Cardeal, reforçando que Jesus é aquele a atrai a si toda a dor do mundo, a todos ajuda, alivia e cura.

“Não tenhamos medo de também nos dirigir a ele e recomendar os nossos doentes, de pedir a ele ‘Salva-nos! Sozinhos não damos conta, nós perecemos’, na certeza de que ele também hoje quer caminhar conosco e está na nossa barca… Tenhamos confiança! também nós venceremos os nossos problemas e situações da Igreja que, às vezes, parecem essa barca agitada pelas ondas do mar. Tenhamos a certeza de que Jesus não vai deixa-la afundar”, concluiu.

(Colaborou: Flavio Rogério Lopes)

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