‘Tive fome e me destes de comer’

Paróquias atuam para minimizar os impactos do novo coronavírus, sobretudo com atenção aos mais vulneráveis

Como todas as igrejas em São Paulo, a Paróquia Nossa Senhora do Brasil, localizada no Jardim América, segue a recomendação da Arquidiocese de que não sejam realizadas missas e eventos com a presença de fiéis enquanto durar o isolamento social, evitando aglomerações.
A comunidade paroquial, porém, continua atenta e disponível para suprir as emergências econômicas e sociais provocadas pela pandemia do novo coronavírus, fato ilustrado por um cesto colocado na calçada do templo, com a palavra: “Doações”. O objeto e um cartaz, em pouco tempo, ganham a companhia da generosidade em forma de alimentos e produtos de limpeza e higiene, deixados para serem destinados a quem mais precisa.

Em abril, o Padre Michelino Roberto, Pároco, incentivou um grupo de lideranças a organizar uma frente de trabalho que colaborasse com projetos e paróquias já assistidas por outros grupos e que tiveram suas demandas acrescidas neste período. A iniciativa recebeu o nome de Cor Unum, que quer dizer “um coração”. Já nas primeiras semanas, campanhas para a coleta de alimentos e de materiais de higiene
e limpeza foram realizadas e insumos e produtos puderam ser distribuídos nos 15 locais atendidos pela Paróquia.

QUEM É O MEU PRÓXIMO?

A ação exigiu um maior envolvimento dos paroquianos. Alguns membros contribuem com a doação física de insumos e outros produtos. O grupo de jovens, por sua vez, ficou responsável tanto pela montagem das cestas quanto por seu encaminhamento a cada organização contemplada, de acordo com as necessidades de cada uma delas.

Além disso, muitas pessoas se disponibilizaram para a logística das entregas; outras, pela organização e divulgação. Com a proximidade do inverno, um dos focos da ação agora é a doação de agasalhos e cobertores.

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2 MIL REFEIÇÕES

A Paróquia Santo Agnelo, na Região Episcopal Ipiranga, já tinha como tradição a distribuição de marmitas para a população em situação de rua, no Largo São Francisco. Diante da atual pandemia, os paroquianos e o Padre Renato Braga, Pároco, intensificaram as doações,passando de 300, para 2 mil marmitas.
A comunidade doa os alimentos que são preparados pelo próprio Padre e alguns paroquianos. Há pouco mais de 15 dias, as marmitas passaram a ser entregues à Casa de Oração do Povo da Rua, e de lá são distribuídas a quem vive nas ruas, como na região da Cracolândia.
“Eu interpreto essa comida como se estivéssemos levando o próprio Cristo, dando amor para que eles possam, como o filho pródigo, voltar para as suas casas”, refletiu o Padre Renato.

Roseli Castro, paroquiana, afirmou que a vulnerabilidade da população de rua é o maior incentivo para atuar nesta causa: “Eu sempre
fui pobre, mas nunca senti a dor de passar fome; assim, tento me colocar na situação deles”.

A coordenadora da Casa de Oração do Povo da Rua, Ana Maria da Silva Alexandre, reiterou que a crise de COVID-19 vem resultando na escassez de comida em locais que atendem essa população, e, com a falta de alimentação, o organismo dessas pessoas fica ainda mais debilitado, aumentando a probabilidade de contágio do novo coronavírus e de outras doenças.

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