‘Vem e segue-me’, curte e compartilha

Você seria seguidor de Jesus se Ele tivesse um perfil no Instagram?

Se a vida pública de Jesus acontecesse em 2023, as plataformas digitais seriam provavelmente as ferramentas utilizadas em seu ministério. Já pensou como seriam as parábolas em reels tuitar as “Bem-Aventuranças”? Imagine uma transmissão ao vivo no YouTube de uma resenha de Jesus com os discípulos sobre o Reino dos Céus, ou ainda, uma trend no TikTok de Jesus com sua mãe. Parece uma ideia maluca, não é? No entanto, considerando o alto potencial de conectividade, interação e propagação de ideias em tempo real, é difícil imaginar que as diversas redes sociais não seriam aproveitadas na missão de Jesus Cristo, uma vez que Ele sempre buscou grande engajamento das multidões e o maior alcance possível dos corações.

Mesmo ainda sendo encarado com desconfiança por muitos, o uso dos meios digitais para a evangelização está em constante crescimento. E não poderia ser diferente, uma vez que desde sempre a missão da Igreja é “ir longe, além das suas próprias fronteiras, para testemunhar a todos o amor de Cristo” (Papa Francisco – Mensagem do Dia Mundial das Missões 2022). Na intencionalidade de se aproximar do outro para promover o encontro com Deus, principalmente entre aqueles que dificilmente o buscariam de outra forma, muitos evangelizadores tornaram-se “influencers”.

Embora a pandemia tenha disseminado essa forma de evangelizar, ela já existia bem antes desse período. O Diácono Alexandre Varela, um vaticanista do Rio de Janeiro, por exemplo, iniciou seu apostolado digital em 2011, com um site para responder a perguntas de um grupo de crismandos. “Para a nossa surpresa, em poucas semanas o site já estava alcançando mais de 8 mil acessos diários. Era a primeira vez que se utilizava humor, memes e cultura pop para falar de Cristo. Isso chamou muita atenção e o trabalho decolou”, recordou. Atualmente, “O Catequista” é uma das maiores referências brasileiras no meio católico para formação e catequese de jovens, com mais de 100 plataformas.

Arte Jovenal Pereira sobre a obra “A Criação de Adão”

@reópago Virtual

O célebre discurso de Paulo aos atenienses no areópago sobre o “Deus Desconhecido” serve de grande inspiração para aqueles que se dedicam a missão digital nos dias de hoje. Assim como na narrativa de Atos 17, as redes sociais são um espaço plural, no qual muitos “deuses” são idolatrados. Por isso, aquele que traz a autêntica mensagem do Evangelho precisa revelar o “Deus desconhecido” dessa geração, com atenção às tendências, conhecimento da fé, experiência pessoal, e, é claro, o Espírito Santo.

Evangelizar nesse “areópago virtual” não é uma tarefa simples. É fundamental compreender que a internet é um meio para conquistar alcance para o Evangelho, e não o contrário – usar o Evangelho como meio para conquistar alcance na internet. Outro desafio é não alienar-se: independentemente dos “Ks” de seguidores, cada número é uma pessoa por quem Jesus continua se esforçando para salvar. Ser influencer não é “carreirismo cristão” ou título meritório, mas um compromisso com esse empenho para a salvação da humanidade.

“Jesus soube usar tudo o que tinha à sua disposição para comunicar e tocar os corações. Era próximo das pessoas, tornava sua mensagem acessível a todos por meio das parábolas. E nós, neste tempo, precisamos usar o que temos à disposição para comunicar o Cristo”, declara Fabiano Fachini, jornalista, assessor de imprensa e referência entre os comunicadores católicos. Ele compartilha seu conhecimento por meio de palestras, workshops e em suas próprias redes sociais, ensinando como utilizar os recursos virtuais para formar, informar e evangelizar.

LEIA TAMBÉM
Amar o próximo também no ambiente digital

Quem nasceu primeiro: o evangelizador ou o influencer?

Ao contrário do famoso dilema entre o ovo e a galinha, é fácil chegar à conclusão sobre a ordem fundamental entre evangelizador e influenciador quando entendemos que o influenciador é o evangelizador que encontrou uma forma de gerar identificação e representatividade coletiva nos meios digitais. “Ser influencer não pode ser algo postiço, repetindo apenas palavras soltas de doutrina ou da vida dos santos, mas é a expressão de uma vida cristã bem vivida”, explica a criadora da página e canal do YouTube “Bora Ser Santo”, Angélica Baldi. Ela também compõe o grupo de criadores de conteúdo digital chamado “Igrejeiros”, que nasceu com o intuito de reunir e fortalecer essa iniciativa de fazer das redes sociais um ambiente de partilha, colaboração e presença de Deus.

Cada postagem deve estar visceralmente conectada a uma vida cristã autêntica. “Cristo não transmitiu sua mensagem apenas mediante discursos, mas com todas as atitudes da sua vida, revelando que a comunicação, no seu nível mais profundo, reside na oferta de si mesmo no amor” (Documento Rumo à presença plena). Em outras palavras, nenhum algoritmo pode gerar maior engajamento que a perfeita conexão entre modo off-line e o on-line da vida cristã com Deus e Sua vontade. Essa é a mensagem que precisa viralizar. Você curte, salva e compartilha essa ideia?

Deixe um comentário