Pontífice de 1963 a 1978, Montini foi um Papa inovador, que encerrou o Concílio Vaticano II, mas, também, defensor da vida e dos povos oprimidos. Grande reformador da Igreja, deu início às Viagens Apostólicas: fez 9 viagens nos 5 continentes. Paulo VI foi canonizado pelo Papa Francisco, em 2018.
João Batista Montini nasceu em Concesio, uma cidadezinha nas proximidades de Brescia, em 26 de setembro de 1897, no seio de uma família católica, muito comprometida com a política e a sociedade.
No outono de 1916, entrou para o seminário em Brescia e, quatro anos depois, recebeu a ordenação sacerdotal na catedral. Foi enviado a Roma para continuar a estudar filosofia, na Pontifícia Universidade Gregoriana, e Ciências Humanas na universidade estadual. Formou-se em Direito Canônico, em 1922, e em Direito Civil, em 1924.
Ofícios no Vaticano
Em 1923, Montini recebeu seu primeiro encargo pela Secretaria de Estado do Vaticano, que o designa à Nunciatura Apostólica de Varsóvia. No ano seguinte, foi nomeado Minutador. Naquele período, participou, de perto, das atividades de estudantes universitários católicos, organizadas pela FUCI, da qual foi assistente eclesiástico nacional, de 1925 a 1933.
João Batista Montini foi um estreito colaborador do Cardeal Eugênio Pacelli, ao lado do qual permaneceu sempre, até quando foi eleito Papa, em 1939, com o nome de Pio XII. Foi Montini que preparou o esboço do inútil extremo apelo pela paz, que o Papa Pacelli lançou, através do rádio, em 24 de agosto de 1939, às vésperas do grande conflito mundial: “Com a paz, nada se perde! Com a guerra, pode-se perder tudo!”
Da Igreja Ambrosiana ao Trono Pontifício
Em 1954, João Batista Montini tornou-se, repentinamente, Arcebispo de Milão. Com isto, demonstrou o verdadeiro pastor oculto em si, dedicando atenção especial aos problemas do mundo do trabalho, à imigração e às periferias: promoveu a construção de mais de cem novas igrejas, lugares apropriados para desenvolver sua “Missão de Milão”, em busca dos “irmãos distantes”.
Dom Montini recebeu, antes, a púrpura cardinalícia de João XXIII, em 15 de dezembro de 1958, e participou do Concílio Vaticano II, onde apoiou, abertamente, a linha reformadora.
Após a morte de Ângelo Roncalli, foi eleito Papa, em 21 de junho de 1963, escolhendo o nome de Paulo, com uma clara referência ao Apóstolo dos Gentios.
A força reformadora do Concílio
Um dos objetivos fundamentais de Paulo VI foi dar continuidade, em todos os aspectos, à obra do seu predecessor. Por isso, retomou os trabalhos do Concílio Vaticano II, conduzindo-os com atenciosas mediações, favorecendo e moderando a maioria reformadora, até à sua conclusão, em 8 de dezembro de 1965. Mas, antes, foi anulada a mútua excomunhão, ocorrida, em 1054, entre Roma e Constantinopla.
Coerente com a sua inspiração reformadora, atuou uma profunda ação transformadora das estruturas do governo central da Igreja, criando novos organismos para o diálogo com os não cristãos e os infiéis, instituindo o Sínodo dos Bispos e encaminhando a reforma do Santo Ofício.
Comprometido com a difícil tarefa de implementar e aplicar as orientações, que emergiram no Concílio Vaticano II, Paulo VI deu impulso também ao diálogo ecumênico, mediante encontros e iniciativas relevantes. O impulso renovador, no âmbito do governo da Igreja, traduziu-se, depois, na reforma da Cúria, em 1967.
As Encíclicas em diálogo com a Igreja e com o mundo
O desejo de Paulo VI de dialogar no âmbito eclesial, com as várias confissões e religiões e com o mundo, esteve ao centro da sua primeira encíclica “Ecclesiam suam” de 1964, seguida por outras seis, entre as quais a “Populorum progressio” de 1967, sobre o desenvolvimento de os povos, que teve uma ampla ressonância, e a “Humanae vitae” de 1968, dedicada à questão dos métodos de controle da natalidade, que suscitou inúmeras controvérsias, até em muitos ambientes católicos.
Outros documentos importantes do pontificado de Paulo VI foram a Carta apostólica “Octogesima adveniens” de 1971, pelo pluralismo do compromisso político e social dos católicos, e a Exortação apostólica “Evangelii nuntiandi” de 1975, sobre a evangelização do mundo contemporâneo.
A novidade das Viagens Apostólicas
As ideias inovadoras de Paulo VI não se restringiram apenas no âmbito do Vaticano. Ele foi o primeiro Papa a dar início ao costume de fazer viagens, desde a sua eleição: ao período conciliar, remontam suas três primeiras Viagens, das nove, que, durante seu Pontificado, o levaram aos cinco Continentes. Em 1964, foi à Terra Santa, depois à Índia e, em 1965, a Nova Iorque, onde fez um discurso histórico diante da Assembleia Geral das Nações Unidas. Em território italiano, fez dez Visitas pastorais.
A aspiração mundial deste Papa pode ser percebida também na obra de maior ênfase do caráter de representação universal do Colégio Cardinalício e do papel central da política internacional da Santa Sé, sobretudo pela paz. A propósito, instituiu o Dia Mundial da Paz, celebrado todos os anos, desde 1968, no dia 1º de janeiro.
Seus últimos anos e falecimento
A fase final do Pontificado de Paulo VI foi assinalada, dramaticamente, pelos fatos históricos do sequestro e morte do seu amigo, Aldo Moro, pelo qual, em abril de 1978, fez um apelo às Brigadas Vermelhas pedindo a sua libertação, mas em vão.
Paulo VI faleceu, quase improvisamente, na noite de 6 de agosto do mesmo ano de 1978, na residência apostólica de Castel Gandolfo, e foi sepultado na Basílica Vaticana. Foi proclamado Beato, em 19 de outubro de 2014, pelo Papa Francisco, que também o canonizou na Praça de São Pedro, em 14 de outubro de 2018.
Oração de Paulo VI
Eis a oração que Paulo VI rezava nos momentos de dificuldade:
Senhor, eu creio; eu quero crer em vós.
Senhor, fazei que a minha fé seja plena.
Senhor, fazei que a minha fé seja livre.
Senhor, fazei que a minha fé seja firme.
Senhor, fazei que a minha fé seja forte.
Senhor, fazei que a minha fé seja alegre.
Senhor, fazei que a minha fé seja ativa.
Senhor, fazei que a minha fé seja humilde.
Amém.
Fonte: Vatican News