Hoje a Igreja recorda a Beata Bárbara Maix

Bárbara Maix, missionária austríaca no Brasil, fundou a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria: “Façamos do Coração de Maria um cofre para colocar todas as dores, aflições e trabalhos”. As Irmãs atuam em oito países nas áreas da educação, pastoral, serviço social e ação missionária.

Bárbara nasceu em Viena, Áustria, no dia 27 de junho de 1818, filha de José Maix e Rosália Mauritz. Bárbara, a caçula de nove filhos, do segundo matrimônio, teve uma infância e adolescência marcadas por sequelas de tifo e privações, que debilitaram sua saúde.

Seu pai, José Maix, era funcionário público, mas também criado doméstico e camareiro no Palácio do imperador Ferdinand. Bárbara cresceu neste ambiente de contrastes, entre o luxo do palácio e a pobreza e sofrimentos da família. No entanto, seus pais a educaram na fé cristã, no espírito de fortaleza e perseverança diante dos desafios.

Desde criança, não obstante a realidade em que vivia, a jovem começou a sentir certo desejo missionário e profético. Desta forma, tornou-se audaciosa, destemida, a ponto de dirigir-se às autoridades do Império e da Igreja para alcançar seus objetivos.

Obra assistencial

Diante da situação social de desemprego e percebendo que muitas crianças nasciam de mães solteiras, Bárbara teve a ideia de abrir um pensionato para dar orientação e assistência às jovens desempregadas ou empregadas domésticas, livrando-as da prostituição e outras desigualdades sociais.

Com o passar do tempo, Bárbara Maix começou a contar com a ajuda de outras jovens, com as quais vivia em espírito de oração e solidariedade. Com elas teve início o “Projeto das Irmãs do Imaculado Coração de Maria”, inspirado na vida das primeiras comunidades cristãs, para a educação das crianças.

Na época, a situação sócio-político-cultural e religiosa de Viena e de toda a Europa era tensa e entremeada de conflitos, devido à difusão de ideias liberais. Em 1848, durante a Revolução Francesa, houve uma verdadeira perseguição às Ordens Religiosas. As leis proibiam fundações de Institutos e a admissão de novos membros. Esta situação levou Bárbara e suas 21 companheiras a deixarem o país.

Rumo ao Brasil

As jovens queriam ir para a América do Norte. No entanto, enquanto aguardavam no Porto de Hamburgo, ancorou um “Merk”, um navio mercantil, com destino ao Brasil. Bárbara compreendeu logo que esta poderia ser “a vontade de Deus” e partiram.

“Chegamos ao Rio de Janeiro, – escreveu Madre Isabel – em novembro de 1848, sem dinheiro, famintas, sem conhecer ninguém, sem saber a língua, mas cheias de confiança em Deus e em Nossa Senhora”.

Ao entender a realidade brasileira, que vivia em regime de escravidão, Bárbara, com suas Irmãs, foi ao encontro das necessidades mais urgentes, assumindo Asilos de órfãos e pobres e criando Pensionatos para jovens estudantes.

As Ordens Religiosas locais eram mais contemplativas e viviam em clausura. Em tal realidade, a Irmã Bárbara se apresentou com um novo estilo de vida, uma nova forma de Vida Religiosa Consagrada com espírito missionário de fé e serviço social.

Atuação da nova Congregação

Com brilhante inteligência e espírito de discernimento, Madre Maix abriu novos caminhos, apesar dos obstáculos, trabalhando com firmeza em defesa e promoção da vida, sobretudo dos mais necessitados e empobrecidos. Enquanto era hostilizada pela sua fé e esperança, rejeitada e desprezada, prosseguiu com confiança, na certeza de que a sua “Obra era de Deus”.

No entanto, pela sua firmeza na fé, esperança inabalável e amor misericordioso, a Madre superou as numerosas dificuldades: pouca saúde, falta de dinheiro, incompreensões, desprezo… Viveu por amor ao Imaculado Coração de Maria, “Mãe e modelo de todas as virtudes”, confiando na sua proteção e com Ela trilhando rumo a Jesus, seu Filho, dando sua vida ao próximo.

Madre Bárbara Maix faleceu no dia 17 de março de 1873, deixando como herança seu grande exemplo de “perdoar sempre, com toda boa vontade e consolação do Coração e amor à Verdade”. Às suas Filhas, dizia: “Meu Jesus, aqui estou. Fazei de mim o que vos aprouver! A Santíssima Trindade iniciou esta Obra e a completará…”.

A Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria  está presente, além do Brasil, em outros 7 países: Argentina, Paraguai, Venezuela, Moçambique, Bolívia, Itália e Haiti.

Beatificação de Bárbara MaiX

Madre Bárbara Maix, também conhecida com seu nome religioso de Maria Bárbara da Santíssima Trindade, foi Beatificada em Porto Alegre (RS), em 6 de novembro de 2010, pelo então Núncio Apostólico no Brasil, Dom Lorenzo Baldisseri.

Para a Beatificação de Madre Bárbara foi necessária a realização de um milagre, por sua intercessão, que aconteceu pela cura de um menino, Onorino Ecker, que sofreu uma queimadura grave, no inverno de 1944, em Santa Lúcia do Piaí (RS).

Enquanto o menino brincava, com seus irmãos, em volta do fogo, uma panela de água fervendo caiu sobre ele fazendo com que caísse sobre as brasas e respirasse vapor e cinzas ardentes. A pedido da Irmã Dulcídia, da Congregação do Coração Imaculado de Maria, os familiares e a comunidade local se uniram em oração, invocando a intercessão de Madre Maix. Em 15 dias, o menino Onorino ficou completamente curado.

Restos mortais da Beata Maix

Com a Beatificação de Bárbara Maix, o povo de Santa Lúcia do Piaí, distrito de Caxias do Sul, exclamou: “Deus visitou nossa terra, que se tornou lugar de peregrinação, pelas suas maravilhas operadas em 1944!”.

Os restos mortais da Beata Bárbara Maix descansam em um Relicário na Capela São Rafael, em Porto Alegre. Devido ao grande número de peregrinos e visitantes, a Capela foi elevada à dignidade de Santuário, no dia 6 de março de 2011.

Oração à Beata Bárbara Maix

Deus, Pai de bondade e misericórdia, que escolhestes Bárbara Maix para cumprir sempre e em tudo a vossa Vontade, especialmente junto aos mais necessitados, concedei-nos, vós que conheceis nossas esperanças e sofrimentos, a graça que tanto precisamos… Nós vos pedimos também, por intermédio do Imaculado Coração de Maria, a Canonização da vossa serva fiel Madre Bárbara Maix. Amém”.

Fonte: Vatican News

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