31º Dia Mundial do Enfermo: Papa pede que haja compaixão e proximidade com os enfermos

Vatican Media

“A doença faz parte da nossa experiência humana. Mas pode se tornar desumana se for vivida no isolamento e no abandono, se não for acompanhada pelo desvelo e a compaixão.” 

Assim começa a mensagem do Papa Francisco para o 31o Dia Mundial do Enfermo, a ser celebrado no sábado, 11, na memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, padroeira dos doentes. “‘Trata bem dele!’ A compaixão como exercício sinodal de cura” é a temática escolhida para este ano.

O Pontífice faz um convite para um caminhar conjunto –  “segundo o estilo de Deus, que é proximidade, compaixão e ternura” –, diante da experiência da fragilidade e da doença. Recordando a passagem do livro do profeta Ezequiel em que o Bom Pastor assegura que procurará as ovelhas perdidas e tratará da que está doente (cf. Ez 34,15-16), o Papa ressalta que a doença e as fragilidades não devem ser motivo para exclusão de ninguém do povo de Deus, mas que, pelo contrário, se deve aprender do Senhor a “ser verdadeiramente uma comunidade que caminha em conjunto, capaz de não se deixar contagiar pela cultura do descarte”.

Aludindo à parábola do Bom Samaritano, o Papa recorda que ainda hoje muitos são aqueles que acabam renegados pelos demais irmãos na hora em que mais precisam de ajuda, como diante de uma enfermidade, mas que a superação de tal situação depende, inicialmente, de “um momento de atenção [com o próximo], o movimento interior da compaixão”. 

Oração, proximidade e ação conjunta

O Santo Padre lembra, ainda, que as pessoas não estão preparadas para adoecer e que existe uma cultura de se negar a doença e de não se aceitar a fragilidade humana: “Então, pode acontecer que os outros nos abandonem ou nos pareça que devemos abandoná-los a fim de não nos sentirmos um peso para eles. Começa assim a solidão, e envenena-nos a sensação amarga de uma injustiça, devido à qual até o Céu parece fechar-se-nos. Na realidade, sentimos dificuldade de permanecer em paz com Deus, quando se arruína a relação com os outros e com nós próprios”. 

Diante disso, o Papa faz um chamado a toda a Igreja para que se coloque na atitude como a de um ‘hospital de campanha’, pronta à prestação de cuidados, compassiva, que busca se aproximar, cuidar e levantar os irmãos que mais sofrem. 

“O Dia Mundial do Enfermo não convida apenas à oração e à proximidade com os que sofrem, mas visa ao mesmo tempo sensibilizar o povo de Deus, as instituições de saúde e a sociedade civil para uma nova forma de avançar juntos”, diz o Pontífice, mencionando que a pandemia de COVID-19 mostrou os limites estruturais dos sistemas de assistência social e que agora é chegado o momento de, em cada país, haver uma “busca ativa de estratégias e recursos a fim de serem garantidos a todo ser humano o acesso aos cuidados médicos e o direito fundamental à saúde”. 

Por fim, o Papa ressalta que todos devem ter compromisso com os enfermos e mais fragilizados e recorda uma passagem da Fratelli tutti: “Fomos criados para a plenitude que só se alcança no amor. Viver indiferentes à dor não é uma opção possível” (FT, 68). 

“As pessoas doentes estão no âmago do povo de Deus, que avança juntamente com eles como profecia de uma humanidade em que cada qual é precioso e ninguém deve ser descartado”, conclui o Papa, confiando à intercessão de Maria todos os que estão enfermos, bem como os seus cuidadores. 

‘Que bonito quando nós, Igreja, somos um hospital de campanha’

O alerta do Papa de que é preciso atenção para que os doentes não fiquem isolados e abandonados é um dos aspectos centrais da mensagem do 31o Dia Mundial do Enfermo, de acordo com o Padre João Inácio Mildner, Assistente Eclesiástico da Pastoral da Saúde na Arquidiocese de São Paulo. 

“Percebemos que todos os doentes mostram alegria quando são visitados pela Igreja, alegria por serem lembrados e de não estarem sozinhos na luta contra a enfermidade. Muitas vezes, esse irmão só quer um ombro para chorar, um abraço amigo, uma mão que segure a sua e que diga ‘você não está sozinho e juntos vamos vencer toda a dor, o sofrimento e a enfermidade”, ressalta o Padre, que há 31 anos também é Capelão do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. 

Padre João lembra que essa missão não é apenas da Pastoral da Saúde, mas de toda a comunidade eclesial. “Que bonito quando nós, Igreja, somos um ‘hospital de campanha’, que acolhe os sofredores, aqueles que carregam em seu corpo os sofrimentos do próprio Cristo. Não se pode entender como uma comunidade, uma paróquia, não possa ter um trabalho de atenção aos enfermos”, prosseguiu, destacando que esse agir pastoral também deve ser missionário, ou seja, não basta esperar que o enfermo vá até a igreja: “Precisamos ir pelo mar da vida, ir às casas, aos apartamentos, aos condomínios, hospitais, asilos, onde quer que estejam os doentes”. 

Em 18 de março, terão início os cursos para agentes da Pastoral da Saúde nas regiões episcopais e o curso da Pastoral Hospitalar. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3660-3743 (de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h), pelo e-mail pastoraldasaudesp@gmail.com ou pelo Facebook (saude.arquidiocesedesaopaulo). 

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