A CF 2024 contribui para a ‘busca da convivência social a partir da amizade’

Destacou o Cardeal Scherer na coletiva de imprensa em que tratou sobre a Campanha da Fraternidade deste ano

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Uma campanha a ser vivida para além do interno da Igreja e que traz a proposta cristã para a convivência social alicerçada na amizade e não na cultura do conflito. Estes foram os aspectos centrais mencionados pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer na coletiva de imprensa de apresentação da Campanha da Fraternidade 2024, que tem como tema “Fraternidade e Amizade Social” e lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8).

O Arcebispo Metropolitano iniciou o diálogo com os jornalistas, realizado na tarde da Quarta-feira de Cinzas, 14, na Catedral da Sé, lembrando que já há 60 anos a Igreja no Brasil realiza, durante a Quaresma, a Campanha da Fraternidade, com o objetivo de despertar e trabalhar a cultura da fraternidade, da solidariedade e do amor ao próximo, a partir de uma temática específica.

A fraternidade em um mundo de conflitos

O Arcebispo de São Paulo destacou que o tema deste ano – a amizade social – foi especialmente abordada pelo Papa Francisco na encíclica Fratelli tutti, em 2020, e que esta temática trata diretamente da fraternidade em sociedade, a ser vivida mesmo entre aqueles que têm pensamentos, religiosidade, cultura e ideologia diferentesentre si. 

Dom Odilo apontou que na antropologia cristã, a convivência humana é vista a partir do amor ao próximo, da fraternidade e da pertença originária a uma grande família humana. “Somos tão diversos quanto a cultura, raça, língua, religião, costumes, mas somos todos humanos. É esta base comum que nos permite dizer ‘somos todos irmãos’”, complementou. 

“A Campanha da Fraternidade deste ano se propõe como uma contribuição para nós aqui no Brasil trabalharmos a convivência social não a partir do conflito, da contraposição, dos extremismos que não são reconciliáveis ou dos antagonismos fechados, mas, sim, da busca da convivência social a partir da amizade”, reforçou. 

A busca da amizade social

Também participante da coletiva de imprensa, Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Referencial para a Campanha da Fraternidade, explicou que a amizade social apresentada pelo Papa é aquela que se estende a todos e não particularmente, sendo, portanto, a própria fraternidade. 

“No Evangelho, Jesus convoca a uma fraternidade que é para com todos. Para isso, é essencial a superação da sociedade de conflitos. Trata-se de romper com os extremismos e com as polarizações que estamos vivendo há algum tempo”, sublinhou Dom Rogério. 

O Bispo Auxiliar lembrou que na terceira parte de texto-base da CF 2024, a respeito do agir em prol da amizade social, fala-se no conceito de alargar a tenda, ou seja, de não ter medo de tecer amizades, o que requer atitudes de âmbito individual, comunitário e social. 

A CF na Arquidiocese

Padre Andrés Gustavo Marengo, Coordenadorarquidiocesano da CF, lembrou que a temática da Campanha será trabalhada em todas as comunidades da Arquidiocese em diferentes ocasiões e com variados materiais.

“Não podemos nos esquecer de que a Campanha da Fraternidade é uma campanha quaresmal. Portanto, nela há momentos motivadores de devoção como a via-sacra e a récita do Terço; também será tratada em encontros de Catequese e em momentos de formação. Há diversos materiais preparados para colocar a Campanha em prática durante a Quaresma e também após estes 40 dias”, assegurou o Sacerdote. “Como Arquidiocese, queremos incentivar as comunidades, grupos, diversos movimentos a viver a Campanha para, a partir da Igreja, ser luz no mundo, ser Igreja em saída, ir ao encontro dessa diversidade bonita que devemos viver na amizade social”.

Por fim, Dom Odilo destacou que a CF é uma campanha evangelizadora e educativa, que não deve ser vivida apenas no interno da Igreja. “A questão que se põe com o tema deste ano é: nós queremos um país com a cultura do conflito ou queremos uma cultura de amizade, respeito, fraternidade? A cultura do conflito não condiz com a maneira cristã de convivência em sociedade”, enfatizou

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