Ao longo do Mês das Missões, paróquias da Arquidiocese de São Paulo realizam ações missionárias, levando a Boa Nova a diferentes realidades
O espírito missionário é uma característica da Igreja Católica que, ao longo da sua história, percorreu os confins da Terra para evangelizar as pessoas e mostrar-lhes o projeto de vida a partir do seguimento a Jesus Cristo.
A cada ano, este ímpeto missionário é especialmente recordado em outubro, o Mês das Missões, seja ad gentes (nações mais pobres e longínquas do mundo), seja nas realidades mais próximas de cada cristão.
Em um cenário tão diverso como o da cidade de São Paulo, a ação missionária impõe desafios específicos, para os quais as principais respostas partem da realidade local vivenciada pelas comunidades, movimentos católicos, escolas, universidades e paróquias.
A instrução “A conversão pastoral da comunidade paroquial a serviço da missão evangelizadora da Igreja”, publicada em 2020 pelo Discastério para o Clero, que trata sobre a dinâmica das comunidades paroquiais, ressalta que as iniciativas missionárias devem estar no centro do percurso evangelizador das paróquias. Para isso, se faz necessária uma conversão pastoral capaz de fazer dos costumes, estilos, linguagem e toda estrutura eclesial um canal de evangelização no mundo contemporâneo.
Nesta edição, O SÃO PAULO apresenta duas iniciativas missionárias realizadas em paróquias da Arquidiocese de São Paulo.
PARÓQUIA CRISTO LIBERTADOR: DE PORTA EM PORTA
Na Região Brasilândia, a Paróquia Cristo Libertador promoveu nos dias 14 e 15, a primeira missão de “Porta em Porta”. Participaram 86 missionários que, enviados de dois em dois, conheceram a realidade do bairro Cohab Brasilândia, onde está localizada a Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe.
Segundo o Padre Maycon Wesley da Silva, Pároco, a missão foi planejada por quatro meses, a partir da percepção de diminuição da comunidade católica no entorno. Os missionários receberam uma formação antes do início da atividade. Outros dois momentos devem ocorrer em 2024: em fevereiro, na Comunidade Nossa Senhora da Assunção; e em maio, na matriz paroquial.
ENTRE BECOS E VIELAS
A realidade do território conhecido pelos missionários é caracterizado, segundo o Padre Maycon, por muitos becos, vielas e casas de difícil acesso. Em alguns casos, os missionários encontraram terrenos que abrigam até 15 famílias.
Entre os missionários estavam 45 jovens que foram ao encontro daqueles que ainda não tinham sido cativados para participar da comunidade paroquial: “Alguns missionários estavam com medo e outros muito alegres, mas o resultado foi impressionante — todos voltaram muito felizes e afirmando que também foram evangelizados”, completou o Padre Maycon.
De acordo com o Pároco, a missão rememora a essência cristã de formar discípulos a partir do encontro. Ele contou que muitas pessoas se surpreenderam ao ver a Igreja Católica em uma missão no bairro, o que mostrou para os paroquianos a necessidade de realizar ações semelhantes.
“A nossa Igreja é por excelência missionária. É preciso que todos os batizados entendam essa identidade, pois estamos esperando que as pessoas venham até nós, mas nós também precisamos ir ao encontro delas para oferecer-lhes, muitas vezes, uma palavra de conforto e de esperança”, salientou o Sacerdote.
EVANGELIZADORES
Após a primeira etapa deste percurso missionário, Padre Maycon disse perceber um aumento de aproximadamente 50 pessoas nas missas.
Os missionários também realizaram um mapeamento das crianças, jovens e adultos que não possuem um ou mais sacramentos e, em breve, essas pessoas serão convidadas a ingressar na Catequese.
Os frutos dos dias de missão já podem ser observados: nos próximos meses: cinco crianças de uma família visitada serão batizadas e, em 2024, existe a previsão de início de um grupo de estudos bíblicos.
PARÓQUIA SANTA CRISTINA EM MISSÃO NO PARQUE BRISTOL
Já a Paróquia Santa Cristina, na Região Ipiranga, realiza, com o apoio do Padre Rodrigo Felipe da Silva, Pároco, até sábado, 28, a terceira edição da “Missão Paroquial”.
Segundo Leonardo de Oliveira, seminarista da Arquidiocese de São Paulo, a atividade é uma resposta ao convite do Papa Francisco para uma Igreja em saída e cada vez menos acomodada à espera das pessoas.
Todos os sábados, cerca de 50 mis- sionários visitam o território do Parque Bristol, no extremo Sul da cidade. O local é marcado pela presença de idosos, enfermos e uma realidade de periferia geográfica e existencial.
Em preparação para os dias de missão, os paroquianos receberam uma formação a partir da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões 2023 e os subsídios disponibilizados pelas Pontifícias Obras Missionárias.
CULTIVAR A VIDA EM COMUNIDADE
Uma das prioridades da missão é a visita das famílias de catequizandos que ainda não experienciam a vida paroquial, mas os demais paroquianos podem solicitar a presença dos missionários em suas casas durante os dias de missão.
Entre as realidades encontradas, muitas pessoas enlutadas e com poucas esperanças também recebem os missionários que conduzem um momento celebrativo formado por uma acolhida, partilha, reFlexão da Palavra e a bênção da casa.
MISSÃO PERMANENTE
A partir da experiência, os paroquianos, em especial os agentes das pastorais, sugeriram a criação de uma comissão missionária que promova e organize outras missões ao longo do ano: “Isso é uma alegria, pois mostra que no coração dos paroquianos existe a preocupação de evangelizar todo o território paroquial”, comentou o seminarista.
Ao fim de cada dia de missão, os missionários partilham as suas percepções sobre as atividades realizadas e são pensadas ações concretas para atender a comunidade.
PARÓQUIAS A SERVIÇO DA MISSÃO
Na perspectiva do Dia Mundial das Missões, celebrado no domingo, 22, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, escreveu uma carta ao clero arquidiocesano, na qual sugeriu algumas ações para a promoção missionária nas paróquias:
- Abordar a questão missionária nas celebrações e em outras iniciativas das comunidades paroquiais e de todas as outras expressões de vida eclesial organizada;
- Refletir sobre os desafios missionários do âmbito de seu território e sobre como enfrentá-los;
- Iniciar a formação de grupos da Infância e da Adolescência Missionária (IAM).