Abertura do bicentenário de Frei Galvão é marcado por celebrações

Na tarde de 30 de maio, o Regional São Paulo dos Frades Franciscanos se reuniu para dar início às celebrações do bicentenário de falecimento de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, popularmente conhecido como “Frei Galvão”. O reitor do Santuário Frei Galvão, Frei Diego Melo conduziu uma caminhada pelas ruas do centro da capital paulista. 

Reprodução

“Iniciar as celebrações dos 200 anos do bicentenário de morte de Frei Galvão, no Convento São Francisco, com todos os frades reunidos e refazendo os passos que, por longos anos, Frei Galvão fez até o Mosteiro da Luz, sem dúvida é voltar no passado e beber dessa fonte de santidade e, ao mesmo tempo, perceber que é possível abraçar esse caminho de santidade nos dias de hoje”, ressaltou. 

A caminhada teve início às 16h30, partindo da Igreja do Convento São Francisco e seguindo pela Rua São Bento, Rua Florêncio de Abreu até a Avenida Tirantes, onde se encontra o Mosteiro da Luz, onde está sepultado o primeiro santo brasileiro. Na sequência, teve início a missa presidida pelo Ministro Provincial Frei Paulo Roberto Pereira, e concelebrada pelo Definidor Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel, pelo coordenador do Regional, Frei Vitorio Mazzuco, e Frei Diego.

“Ao mesmo tempo que a Província está celebrando o processo de redimensionamento da sua presença e olha para o futuro com esperança, é capaz de olhar para o passado e reconhecer que aqui, neste grande centro, numa cidade que já se destacava há mais de 200 anos, houve um frade da nossa Província que nesse convento, nesse território, deixou um legado muito grande e também um exemplo de santidade”, explicou Frei Diego, ao falar sobre o Regional de São Paulo, que é o maior da Província da Imaculada, no início da celebração da Missa, que precedeu a caminhada. 

FRANCISCO DE ASSIS E FREI GALVÃO

Frei Vitorio Mazzuco, que foi eleito neste encontro para ser o coordenador do Regional, fez a homilia e traçou um paralelo entre os santos construtores: São Francisco de Assis, que reergueu São Damião, e Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, que construiu o Mosteiro da Luz.

“O Frei Diego motivava bastante bem quando nós saímos do Convento São Francisco. Tudo começa com um passo: a espiritualidade, a mística, qualquer experiência, tudo começa por um passo. É a mística de Santiago de Compostela, é a mística da itinerância franciscana. E São Francisco, que andou pelas estradas da Úmbria, e Frei Galvão que andou de Guaratinguetá a São Luiz de Paraitinga e por todo o Vale do Paraíba, chegando a São Paulo e em toda parte”, ressaltou Frei Vitorio

“Por onde passam os santos, os lugares nunca mais serão os mesmos. Foram os passos de Jesus nas terras da Palestina que determinaram o Evangelho e inspiraram São Francisco. Há oito séculos, ele chega à Igreja de São Damião e a coloca novamente em pé. Ele reconstrói o Mosteiro de São Damião. Há uma inspiração: ‘Francisco vai, reconstrói a minha casa’. Há duzentos anos, podemos dizer também que a mesma experiência viveu Frei Galvão. Santo Antônio de Sant’Ana Galvão escuta essa mesma experiência: ‘Reconstrói a minha casa’. Um constrói o mosteiro de São Damião, o outro, o Mosteiro da Luz”, prosseguiu o Frade.

Para ele, o lugar sempre pressente o mistério que precisamos viver e celebrar. “Que casa é essa que tem que ser reconstruída? A casa da interioridade, do coração e da fé. A casa da alma, do nosso núcleo mais central, dos cuidados do espírito. Essa é a primeira casa”, afirmou. 

A segunda casa, emendou o pregador, é a dos princípios, dos valores. “Como o mundo precisa disso! Nós falamos hoje de muita crise: econômica-financeira, saúde, política, crise moral. Mas se existe uma crise é a crise de valores. Para onde estamos indo? Para onde a humanidade está indo? Ela precisa seguir os passos da santidade. Ela precisa seguir passos de São Francisco, de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, de Santa Beatriz. Ela precisa seguir passos de quem sabe para onde ir e para onde chegar. Esses santos e santas disseram: ‘somos peregrinos rumo à casa do Pai’ e podem dizer ‘enfim, chegamos!’. Essa experiência estamos fazendo aqui nesse momento”, destacou. 

A outra casa a ser reconstruída é a casa do mundo, avaliou. “O Frei Paulo já dizia: se nós não damos passos não vamos ver a realidade. Nós andamos pelas ruas e vimos todas as experiências que marcam a vida de uma metrópole: a inclusão, a exclusão, o consumo, a farta e a falta, a fartura a miséria. Se nós não andamos, como evangelizar? Evangelizar é conscientizar. Esse caminho que nós percorremos hoje, que Frei Galvão fez do Convento São Francisco ao Mosteiro da Luz, é um caminho de conscientização. É preciso estar na cidade para mudar a cidade, estar na cidade transformando a cidade”, disse.

CELEBRAR É TORNAR PRESENTE

“Nós, estamos aqui neste momento supremo da graça. O Senhor vai se dar inteiro no pão e no vinho. Francisco se deu inteiro em cada detalhe da criação para construir a casa comum. Frei Galvão está inteiro nas pílulas que o povo busca, na fé, no milagre, na devoção, no toque. Ele está inteiro no corpo, mente, alma e coração. É o que nós viemos celebrar nesse momento. E com esta celebração nós iniciamos uma grande caminhada: Celebrar 200 anos, a sua passagem para a eternidade. Celebrar quem deu passos inspirados no Evangelho, pela inspiração do Senhor, no Espírito do Senhor e o seu Santo modo de operar. Quem deu passos sobre a inspiração da Imaculada Conceição, quem deu passos reconstruindo um lugar dentro da cidade, para que aqui o Espírito possa se recompor e se eternizar no tempo e na história. Então, essa nossa caminhada marca o início de comemorar, como dizia o nosso ex-Ministro Geral John Vaughn: ‘Celebrar é tornar presente’”, explicou Frei Vitorio.

IRMÃS CONCEPCIONISTAS

“E nesta noite, cada passo nosso se uniu aos passos das Irmãs Concepcionistas, se uniu à cidade de São Paulo, se uniu à experiência de Frei Galvão. 200 anos, 800 anos, são séculos e séculos de um amor que não termina jamais. É importante celebrar isso no momento de Ascensão, no momento Pascal, no momento em que aguardamos a vinda do Espírito do Senhor. É como se ele se ausentasse e se escondesse. Ele está aqui plantado neste lugar. Mas algo grandioso vive em nós. Somos continuadores desta obra. Ao voltarmos para os conventos, para as nossas famílias, para as nossas fraternidades, vamos sentir essa inspiração de São Francisco de Assis e de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão: ‘Vai, e reconstrói a minha casa’”, concluiu o coordenador do Regional.

UNIDADE E PROXIMIDADE

Segundo Frei Diego, não dá falar de Frei Galvão sem falar de seu local de nascimento, não dá para falar de Frei Galvão sem a grande obra dele, que foi essa obra material, e essa obra espiritual presente na vida das Irmãs. “Por isso, hoje, de certa forma queremos reforçar esse desejo, como franciscanos: trabalhar em unidade pela promoção da devoção de Frei Galvão. Ao falarmos dessa devoção, evidentemente que o Mosteiro da Luz está presente na vida, no coração e no amor de Frei Galvão. Então, Irmãs, muito, muito obrigado em nome de nossa Fraternidade e receba da parte de todo o povo, de Guaratinguetá, de Guarulhos, de São Paulo e de todo o Regional, a nossa gratidão, expressa nessa calorosa salva de palmas”, pediu o frade.

GRATIDÃO CONCEPCIONISTA

A resposta veio das Irmãs Concepcionistas, que quebraram uma tradição secular, ao saírem da clausura e se dirigirem ao altar principal, de onde abençoaram os frades e a comunidade: “As monjas Concepcionistas, guardando o Mosteiro da Luz, entregam aos irmãos franciscanos, em nome de Frei Diego, a relíquia de primeiro grau de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão como gesto de amizade fraterna, pedido para que seja intronizada no Santuário de Frei Galvão de Guaratinguetá. Aqui está a entrega assinada por todas as irmãs”.

Segundo Ministro Provincial, esta união, hoje estabelecida entre Guaratinguetá e o Mosteiro da Luz, é também um caminho iluminado. “Nossa satisfação e nossa gratidão. Nós, os frades, nos alegremos por vocês, irmãs, serem as guardiãs dessa devoção a Santo Antônio de Sant’Ana Galvão. Junto com vocês nós queremos levar o brilho missionário de São Frei Galvão e também sua devoção a Nossa Senhora. Então, queremos contar com suas preces para que, onde tiver um franciscano, que sejamos todos nós empenhados em anunciar o Evangelho de Jesus Cristo como Frei Galvão assim o fez. Então, nessa entrega da relíquia, tenho certeza vai um gesto de comunhão e de unidade. Somos muito gratos por nos acolher nesta noite”, agradeceu Frei Paulo, pedindo que as irmãs estendessem as mãos sobre os frades e os frades sobre as irmãs para a bênção final.

Fonte: Moacir Beggo/ Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

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