Mais alta honraria conferida a instituições pelo Legislativo paulistano foi entregue, na quinta-feira, 3, em ato com a participação do Cardeal Scherer
Em sessão solene no Auditório Prestes Maia, da Câmara Municipal de São Paulo, na noite da quinta-feira, 3, a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa de São Paulo (ADCE-SP) recebeu a Salva de Prata, a mais alta honraria oferecida pelo Poder Legislativo paulistano a instituições, organizações, fundações, entre outras, que prestam relevantes serviços à população da cidade.
O proponente da honraria foi o vereador Eliseu Gabriel e a concessão foi estabelecida – após a aprovação dos vereadores, por unanimidade – pelo decreto legislativo nº 53, de 14 de agosto de 2020.
Na justificativa para a entrega da honraria, aponta-se que com base nos valores cristãos, a ADCE-SP “trabalha na formação de seus associados para que conduzam seus negócios tendo o ser humano como a principal razão da atividade empresarial e da própria economia, visando ao desenvolvimento integral da pessoa e a construção de um mundo mais justo e fraterno. Seu foco está voltado à dignidade da pessoa humana; a destinação universal dos bens; o bem comum; a primazia do trabalho sobre o capital; a solidariedade; a subsidiariedade e a participação”.
Compuseram a mesa da sessão solene o vereador Eliseu Gabriel, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo; e os seguintes membros da diretoria da ADCE-SP: Maria Virginia Cavalieri Costa Gonçalves (Gigi Cavalieri), presidente; Adalberto José Amaral Lollato, vice-presidente; e Marcos de Mello Velletri, membro do Conselho Fiscal.
O vereador ressaltou que a solenidade, mesmo com número limitado de participantes em razão da atual pandemia de COVID-19, foi um momento significativo, de reconhecimento a uma instituição que dissemina os valores cristãos, sendo um sinal de esperança no mundo empresarial.
Valores da Doutrina Social da Igreja
Ao saudar a ADCE pelo recebimento da Salva de Prata, o Cardeal Scherer apontou que a instituição apresenta aos empresários os valores cristãos, orientada pela Doutrina Social da Igreja.
De acordo com o Arcebispo, o Evangelho aplicado à convivência social deve ser traduzido em atitudes cidadãs, a partir dos valores da fé e da busca da dignidade da pessoa humana e do bem comum, o que, entre outros aspectos, envolve o respeito ao próximo, a inclusão de todos na vida econômica e a disseminação das boas práticas da justiça, da solidariedade e da honestidade no mundo empresarial.
“Meu incentivo aos membros da ADCE é para que, motivados por esse reconhecimento, a Salva de Prata, continuem com a sua contribuição para a vida do empresariado e a vida econômica e social. Que muitos possam aderir a essa proposta e, dessa forma, ajudar a crescer, no Brasil, o senso da solidariedade e da justiça social”, exortou Dom Odilo.
Pessoas: o maior e melhor ativo das empresas
Em seu discurso de agradecimento, Gigi Cavalieri recordou as origens da ADCE, que remontam a 1931, na Bélgica, quando líderes cristãos, preocupados com a recessão decorrentes da Grande Depressão de 1929 e do período pós-1a Guerra Mundial, se reuniram para pensar em como cuidar das pessoas dentro das empresas. Surgia, assim, a União Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresa (Uniapac), hoje presente em 40 países na Europa, Ásia e América Latina, com 30 mil líderes empresariais.
No Brasil, a ADCE é a representante da Uniapac. O grupo surgiu em 1961, com 12 empresários e dois padres, e tem a missão de estudar, difundir e inspirar os empresários, empreendedores e líderes, por meio dos ensinamentos da Doutrina Social da Igreja, para que cotidianamente implementem uma gestão que atenda o bem comum e que esteja focada no desenvolvimento integral da pessoa humana.
Desde 2013, o principal projeto da ADCE é o Empresa com Valores, feito em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pelo qual se busca a promoção do conhecimento prático e da formação cristã de empresários e dirigentes, para que possam aplicar essas informações junto às empresas que atuam ou com as quais tenham relação. A meta é proporcionar um maior crescimento econômico, social e espiritual dos participantes e fazer com que a ética, a solidariedade, a justiça, a verdade e o bem comum reflitam positivamente nas empresas, na sociedade e no meio ambiente.
“É o empresário que assume constantemente os riscos e deixa a zona de conforto familiar e social para produzir bons e necessários produtos. É o empreendedor que se preocupa em servir ao próximo, usando a sua criatividade e gerando empregos, renda, promovendo a dignidade humana por meio do trabalho. Ser empresário e empreendedor requer determinação, fé e, principalmente, esperança de que uma sociedade melhor, de pessoas melhores, é possível, porém não é fácil”, apontou Gigi.
A presidente da ADCE-SP lembrou que a instituição sempre recorda aos empresários e empreendedores que a atividade empresarial não deve ser dissociada da dimensão espiritual, a fim de que em todas as situações e decisões prevaleçam o bem comum, a ética, a justiça, e que eles ajam de forma coerente com os valores e princípios cristãos.
“O maior e melhor ativo das empresas são as pessoas. O investimento e tempo que dedicamos a elas nunca serão perdidos. Neste mundo com tantos avanços tecnológicos, cabe a nós, empresários cristãos, cuidarmos e sermos os guardiões dos valores e da dignidade da pessoa humana. Dar visibilidade a pessoas e instituições como a ADCE, que sem medir esforços semeia, por meio da formação, a importância de que o bem comum esteja sempre acima do individual, é um excelente caminho na busca de uma sociedade mais fraterna, ética, sustentável e com menos desigualdade. Empresas onde líderes desenvolveram essa mudança cultural são altamente produtivas, plenamente humanas e socialmente responsáveis. São empresas mais lucrativas e contam com o reconhecimento da sociedade”, finalizou.
(Colaborou: Jenniffer Silva)
Fotos: Afonso Braga
