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Aliança de Misericórdia pede doações para a volta total das atividades da Casa Restaura-me

Núcleo de Convivência para pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social foi atingido por incêndio em outubro e, desde então, funciona parcialmente. Valor estimado das obras é de R$ 500 mil

Atingida por um incêndio na madru­gada de 24 de outubro, a Casa Restaura­-me, localizada no bairro do Brás, é um núcleo de convivência para pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social, administrado pela Comunidade Aliança de Misericórdia há mais de 20 anos.

No momento do incêndio, ninguém estava no local, pois o atendimento é diur­no. Graças à ação rápida de bombeiros do shopping vizinho e do Corpo de Bom­beiros, os estragos não foram maiores. Entretanto, o incidente danificou comple­tamente o salão central da Casa Restaura­-me e toda a fiação, o que fez com que o atendimento fosse interrompido, sendo retomado dias depois, de forma parcial e improvisada. Ainda hoje, em dias chuvo­sos, o atendimento precisa ser interrom­pido, pois não há espaço coberto.

“O incêndio deixou muitos irmãos em situação de rua preocupados e assustados. A Casa é referência no acolhimento e na atenção a essas pessoas, e isso ficou evi­dente pelas inúmeras ligações que rece­bemos na nossa central de atendimento: todos queriam saber quando as portas se­riam reabertas. Após a retomada das ati­vidades, ouvimos relatos de que, durante o período em que a Casa permaneceu fechada, não conseguiram tomar banho nem lavar suas roupas”, lembrou Gilvan Pereira, gerente da Casa Restaura-me.

O profissional explicou que foram ne­cessárias diversas adaptações no espaço para que os atendimentos não parassem, entre as quais a instalação da mercearia no espaço da biblioteca; o bazar na sala dos serviços de saúde; e o setor adminis­trativo para o espaço que abrigava a sala dos voluntários.

UM AMBIENTE DE MÚLTIPLAS ACOLHIDAS

O espaço recebe diariamente cerca de 500 pessoas para alimentação básica (café da manhã, almoço e café da tarde), higiene pessoal (banho e lavagem de roupa), asses­soria jurídica, médica e social, atividades esportivas, culturais, lúdicas e pedagógicas, além de profissionalização, por meio de cursos oferecidos por entidades parceiras e encaminhamento para casas de acolhi­da da Aliança ou de comunidades irmãs.

Além disso, missionários e voluntários realizam celebrações, adorações, grupos de oração e atendimentos, para que, além do alimento do corpo, os atendidos rece­bam o Alimento da alma que lhes devolve a dignidade própria de filhos de Deus.

A Casa tem um modelo de gestão par­ticipativa, na qual os próprios usuários, por meio de um conselho de representan­tes, colaboram na definição das regras de convivência e decisões coletivas, fortale­cendo a autonomia e a responsabilidade.

Outro destaque é o programa de edu­cação financeira, com a moeda social Águia, que circula na mercearia interna, a qual recebeu o Selo de Direitos Humanos e Diversidade entregue pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cida­dania da Prefeitura de São Paulo.

Vanessa Tinelli, missionária e direto­ra social da Aliança, explica: “Temos um banco próprio, no qual os atendidos po­dem utilizar a moeda social, conquistada por meio da troca de latinhas de alumí­nio, para o benefício de lavanderia, cine­ma, passeios, lan house, além de merce­aria e bazar. Procedemos assim para que o atendido dê um maior valor àquilo que é doado. Antigamente, eles recebiam a roupa e depois jogavam fora. Agora, eles dão mais valor à roupa, conseguem lavar e valorizam quem doa também. Ou seja, estão aprendendo a administrar e a cuidar dos próprios bens”.

Na Cafeteria Betânia, os atendidos vi­vem a experiência de um ambiente aco­lhedor e digno. “O nosso desejo é que eles, ao entrarem nessa cafeteria, possam se sentir cuidados, amados, possam ter um lugar para descansar e desfrutar de um bom café. Muitos deles enfrentam olha­res discriminatórios quando entram em cafeterias ou mercados devido à sua ves­timenta ou aparência”, lembrou Vanessa.

HISTÓRIA DE TRANSFORMAÇÃO

Genival Cardoso é colaborador da Casa Restaura-me há 15 anos, atuando como orientador socioeducativo, mas sua história começou justamente quando foi acolhido por esse projeto.

“Eu caminhava pelas ruas da Parada de Taipas até chegar ao CJ [onde a Aliança mantém projetos educativos] e lá fui aco­lhido. E eu me lembro muito bem do que me perguntaram… ‘Se a Aliança fosse lhe dar o que você precisa hoje, o que seria?’, e respondi que seria um colchão, pois eu estava dormindo na rua havia dois anos. Sendo acolhido no CJ, trouxeram-me para a Casa Restaura-me, onde trabalho há 15 anos. Aqui, fui realmente ajudado e me enviaram para a Casa de Acolhida em Piracicaba (SP), onde fui completamente restaurado. Hoje, me sinto uma pessoa feliz. A Aliança de Misericórdia me deu uma família, me trouxe de volta, me deu dignidade, me deu um emprego. E onde eu fui acolhido, agora posso acolher e ser expressão da misericórdia de Deus”, teste­munhou Genival.

COMO COLABORAR

Gilvan Pereira lembra que o atendi­mento da Casa Restaura-me só poderá ser 100% normalizado “após a reforma da estrutura que foi danificada com o incên­dio, que foi uma parte do salão principal, a sala dos orientadores, as salas do Serviço Social e as salas que ficavam na parte su­perior do salão”.

Para tal, a Aliança conta com a gene­rosidade de pessoas e instituições, já que o custo estimado das reformas é de cerca de R$ 500 mil.

Doações podem ser feitas em pix@aliancasocial.org, e materiais e rou­pas devem ser entregues diretamente na Casa Restaura-me (Rua Monsenhor An­drade, 746, Brás).

“Tudo o que fazemos pelos pequenos é para Cristo. Nenhuma dificuldade deve nos impedir de estender a mão e levar amor e esperança a quem mais precisa”, afirmou o Padre João Henrique, fundador da Aliança de Misericórdia, ao reforçar o pedido de doações.

Por Robson Landim
Pela Assessoria de Comunicação da Aliança de Misericórdia

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