Na celebração conclusiva da peregrinação, o Cardeal Scherer conferiu os ministérios de Leitor e Acólito a 12 vezes que estão no seminário arquidiocesano

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
No domingo, 3, abrindo o mês vocacional, aconteceu a peregrinação jubilar dos seminaristas e vocacionados, partindo do Pateo do Collegio até a Catedral da Sé, na qual eles participaram dos ritos próprios para os peregrinos neste Ano Santo e da missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer e concelebrada por Dom Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém e Referencial da Pastoral Vocacional na Arquidiocese, e por sacerdotes, entre os quais os reitores das casas formativas do Seminário Arquidiocesano Imaculada Conceição.
Durante a missa, 12 seminaristas receberam os ministérios de Leitor e Acólito. O leitorato foi conferido a César Lima, Fábio Silva, Gabriel Augusto, Gil Pierre Herck, Kaique Gonçalves, Leonardo de Morais, Luís Henrique, Rodolfo Mota e Vitor Norberto. Já o seminarista Fabiano Henrique recebeu este ministério e, também, o acolitato, o qual foi igualmente conferido a Gabriel Couto e Vinicius Pinheiro.

IGREJA PEREGRINA
Na começo da peregrinação no Pateo do Collegio, Dom Odilo recordou que foi dali que teve início a evangelização da cidade a partir da missão dos jesuítas, e explicou que o ato de peregrinar lembra que “somos uma Igreja em movimento, uma Igreja da esperança, que caminha rumo a uma meta.”
O Cardeal também explicou o sentido espiritual do Ano Jubilar e da indulgência plenária, que é “a remissão das culpas pelos pecados já confessados. É a graça da redenção, da misericórdia de Deus. Para recebê-la, a Igreja pede disposição de conversão, participação na missa com Comunhão, Confissão e oração pelo Papa e pela Igreja.”

O VERDADEIRO SENTIDO DA VIDA
Na homilia, Dom Odilo refletiu sobre o verdadeiro sentido da vida, especialmente para quem trilha um caminho vocacional na Igreja. “A vida de uma pessoa não consiste na quantidade dos seus bens”, afirmou, e citando o Evangelho do dia (cf. Lc 12,13-21), convidou os seminaristas a uma reflexão: “Jovem, o que você vai fazer com a sua vida? Vale a pena se entregar inteiramente a Deus?”
O Arcebispo ressaltou que a verdadeira vocação nasce do desapego das vaidades e da busca sincera pela vida nova em Cristo. Dirigindo-se aos que receberam o leitorato e o acolitato, incentivou-os a viverem com generosidade sua missão: “Vale a pena entregar-se para ser um bom servidor da Palavra, um bom servidor dos mistérios de Deus. Que cada um persevere com alegria e receba a graça de uma vida plenamente entregue a Deus.”

FORMAÇÃO DOS NOVOS SACERDOTES
Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Padre Frank Antônio de Almeida, Reitor do Seminário de Filosofia Santo Cura d’Ars, avaliou a peregrinação vocacional no Ano Jubilar como um momento de renovação da fé e de aprofundamento na caminhada com Cristo: “É sempre necessário relembrar nossa caminhada como discípulos de Jesus Cristo, na busca constante para nos tornarmos melhores Nele. Esses momentos de peregrinação e testemunho renovam nossa fé e nos fortalecem como amigos e irmãos de Jesus”.
Ainda segundo Padre Frank, ao receber o ministério de Leitor ou Acólito, o seminarista compreende melhor o valor da Palavra de Deus e do serviço ao altar: “São momentos que motivam, por meio da pastoral e do encontro com o povo, o crescimento interior e a preparação para se tornarem bons sacerdotes no futuro”.

Para o Padre José Adeildo Pereira Machado, Reitor do Seminário de Teologia Bom Pastor, a peregrinação vocacional tem um profundo significado espiritual. “Peregrinar é próprio daqueles que desejam responder ao chamado que Deus faz para cada um”, disse, destacando que “não existe Igreja sem Palavra e sem o serviço do altar. Esses ministérios nos preparam para o presbiterado, que conforma a vida toda do sacerdote”.
Após receber o ministério de Acólito, Gabriel Couto afirmou ser “uma confirmação da vocação e da confiança por parte da Igreja, ao permitir que participe de forma mais próxima da liturgia, cuidando dos vasos sagrados, preparando o altar e auxiliando na Eucaristia”.
Já para Gabriel Augusto, receber o leitorato foi o fruto “de um longo percurso de discernimento e preparação. Agora, tenho a expectativa de vivê-lo com profundidade interior e fidelidade à missão confiada pela Igreja”.

PROMOÇÃO VOCACIONAL
Padre João Henrique Novo do Prado, Reitor do Seminário Propedêutico e Animador Vocacional da Arquidiocese de São Paulo, destacou ser significativo que a peregrinação jubilar tenha ocorrido no domingo em que a Igreja rezou pela vocação ao ministério ordenado. Ele afirmou que vocação está profundamente ligada à vivência da fé: “Se há crise de vocações, é porque há crise de fé. Mas quando há vocações, é sinal de que os jovens estão buscando a Deus com sinceridade”.
João Nascimento, 21, está há seis meses em discernimento vocacional e participou da peregrinação jubilar. Ele contou que o despertar da vocação surgiu pelo amor a Jesus Cristo e pelo encantamento com a Igreja. O jovem espera poder ingressar no Propedêutico no próximo ano. “É muito bom estar junto com padres, seminaristas e vocacionados. É uma oportunidade de partilhar e entender melhor o que é a vocação e o que é o sacerdócio, semeando essa esperança que o Jubileu nos traz”.

Atualmente no Seminário Arquidiocesano há 15 seminaristas no Propedêutico, 11 na Filosofia (etapa do Discipulado), 25 na Teologia (etapa da Configuração) e três diáconos seminaristas. Além disso, 37 jovens estão em acompanhamento para discernir a vocação no Centro Vocacional Arquidiocesano (CVA).
O QUE SÃO O LEITORATO E O ACOLITATO
O seminarista que recebe o ministério de Leitor é instituído no serviço da mesa da Palavra, onde, de forma oficial, proclama as leituras das celebrações (exceto o Evangelho). Também lhe é confiada a missão de organizar a catequese e orientar a participação do povo na assembleia.
Já o Acólito é instituído para o cuidado do serviço do altar. Ele ajuda o diácono e o sacerdote nos atos litúrgicos, sobretudo na celebração da missa. Além disso, pode auxiliar na distribuição da Sagrada Comunhão aos fiéis, como ministro extraordinário. Ainda pode ser encarregado, em circunstâncias extraordinárias, de expor publicamente o Santíssimo Sacramento à adoração dos fiéis, e fazer depois a reposição. Não lhe é permitido, porém, dar a bênção ao povo. Poderá também cuidar da formação dos demais servidores da liturgia e dos ministros extraordinários da Sagrada Comunhão.