Na quarta-feira, 14, Festa da Exaltação da Santa Cruz, a Arquidiocese de São Paulo concluiu com uma missa as comemorações do centenário do Cardeal Paulo Evaristo Arns, 5º Arcebispo Metropolitano, falecido em 2016.
A Eucaristia foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, e concelebrada por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese, e Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo de Mogi das Cruzes (SP) e Presidente do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Também estiveram presentes diversos padres, muitos deles, ordenados pelo Cardeal Arns.
Desde setembro de 2021, foi realizada uma série de iniciativas religiosas, culturais e acadêmicas, para celebrar um século de vida de Dom Paulo, que esteve à frente da Arquidiocese de São Paulo por quase 30 anos.
Entre essas iniciativas, destacaram-se uma exposição fotográfica que percorreu igrejas e outros espaços públicos da cidade e estará na Catedral até o domingo, 18; eventos acadêmicos e inter-religiosos que recordaram o legado de Dom Paulo na defesa da dignidade humanos; além da publicação de um livro que aborda suas realizações como Arcebispo de São Paulo na missão de ensinar, santificar e governar a Igreja naquela que, na época de seu pastoreio, era a maior arquidiocese do mundo.
PASTOR NA CIDADE
Na homilia, Dom Odilo enfatizou a festa litúrgica da data, recordando que a Igreja tem na cruz de Cristo o seu sinal distintivo. “Somos os discípulos daquele que morreu crucificado e se entregou à morte por amor à humanidade e de cada um de nós”, afirmou.
O Cardeal Scherer destacou, ainda, que, ao fazer memória da figura de Dom Paulo, “como arcebispo e pastor desta imensa porção da Igreja de Cristo, que ele amou profundamente e à qual dedicou o melhor de suas energias humanas e pastorais”, a Arquidiocese de São Paulo rende graças a Deus pelo dom da sua vida e ministério.
“Após o Concílio Vaticano II, ele [Dom Paulo] procurou traduzir as diretrizes conciliares em novas práticas de vida eclesial, de organização pastoral. Esteve atento à presença e ao testemunho da Igreja nas imensas periferias da cidade e no meio do povo mais desassistido, não apenas religiosamente, mas também socialmente”, acrescentou Dom Odilo, ressaltando que, no longo período do seu pastoreio diante da Arquidiocese de São Paulo, seu predecessor se preocupou para que houvesse sacerdotes em todas as paróquias e comunidades, criou e visitou muitas paróquias, incentivou a formação dos leigos e sua participação na vida da Igreja e na vida social e nas responsabilidades públicas.
“Dom Paulo esteve atento às situações sociais, econômicas, culturais e políticas do seu tempo, procurando levar o fermento e a luz do Evangelho a todos esses ambientes do convívio social, para a edificação da vida social no respeito à dignidade de cada pessoa, da justiça e da solidariedade. Dom Paulo uniu sua voz à de tantos que clamavam pelo retorno à normalidade da vida democrática no Brasil”, enfatizou o Cardeal Scherer.
LEGADO
Dom Odilo salientou que o Cardeal Arns e o legado por ele deixado, “pertencem agora à história e ficarão como referência para aqueles que, como ele, também têm fé e esperança, amam o povo, servem o Evangelho na Igreja de Cristo”.
“A missão da Igreja em nossa Arquidiocese continua diante de novos desafios. Clérigos, religiosos e leigos somos chamados a estarmos atentos à voz do Espírito de Deus, que nos fala de muitos modos e a sermos as testemunhas fiéis de Deus na cidade”, disse o Arcebispo.
Recordando o lema episcopal de Dom Paulo, “De esperança em esperança”, Dom Odilo concluiu: “Animados pela grande esperança, que não desilude (cf Rm 5,5), continuemos a nos empenhar no dia a dia, com coragem e paciência, na edificação deste mundo. Como pessoas de fé, somos também cidadãos e temos o dever de participar da edificação da ‘cidade terrena’ na concórdia, na justiça e na paz. Deus habita esta Cidade. Somos suas testemunhas. ‘Coragem!’ diria Dom Paulo.
BIOGRAFIA
Nascido em Forquilhinha (SC), em 14 de setembro de 1921. Ingressou na ordem franciscana em 1939. Foi ordenado sacerdote em 1945 em Petrópolis. Frequentou a Universidade Sorbonne de Paris, onde se laureou em Patrística e Línguas Clássicas. Foi professor e mestre de clérigos e jornalista profissional. Em 1966, foi nomeado pelo Papa Paulo VI como Bispo Auxiliar de São Paulo, e, em 1970, o mesmo pontífice o nomeou 5º Arcebispo de São Paulo. Em 1973, tornou-se Cardeal da Igreja. Esteve à frente da Arquidiocese de São Paulo até 1998, quando renunciou ao ofício por limite de idade. Morreu em 14 de dezembro de 2016, aos 95 anos, sendo sepultado na cripta da Catedral da Sé.
No início da celebração, Maria Angela Borsoi, leiga consagrada que foi secretária de Dom Paulo por quatro décadas, fez um breve relato da vida do Cardeal Arns. “Foram 40 anos completos em que a graça de Deus me proporcionou aprendizado e experiências inesperadas, muitas vezes desafiadoras, mas sempre marcantes, a ponto de eu ousar resumir hoje: conheci de perto e servi a um santo em vida!”, afirmou.