
Na sexta-feira, 12, na Paróquia Imaculada Conceição, no Ipiranga, foi realizado o velório do Cônego Martin Segú Girona, que faleceu na quinta-feira, 11, aos 89 anos, em São Paulo, após período de internação no Instituto do Coração (Incor).
No fim da manhã, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu a missa exequial, concelebrada por Dom Edilson de Souza Silva, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa; Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo de Ourinhos (SP); Dom Fernando José Penteado, Bispo Emérito de Jacarezinho (PR), e diversos sacerdotes.
A celebração reuniu familiares, amigos, ex-alunos, professores, canonistas, oficiais do Tribunal Eclesiástico e numerosos fiéis, que renderam graças a Deus pela vida e ministério deste Sacerdote que dedicou mais de seis décadas ao serviço da Igreja.
RECORDAÇÕES
No início da celebração, o Cônego Celso Pedro da Silva, companheiro de seminário e amigo de longa data do Cônego Segú, recordou a data da ordenação sacerdotal que os uniu para sempre no ministério. “Neste altar, no dia 3 de dezembro de 1961, nós nos ordenamos padres. Ao final do rito, ele olhou para mim e, com um sorriso, disse: ‘Somos padres’”, relatou.
Cônego Celso Pedro rememorou ainda encontros regulares dos primeiros anos de sacerdócio, nos quais os recém-ordenados partilhavam fraternalmente recursos e estudos, sublinhando o espírito de comunhão que marcou a trajetória de seu irmão no ministério. “Duas semanas atrás, ele me disse: ‘Estou partindo e vou me encontrar com nossos colegas no Céu’. Um homem trabalhador, estudioso, intenso e, ao mesmo tempo, compreensível. Ele certamente já está reunindo a turma para continuar nossas conversas na eternidade”, afirmou, emocionado.
Na homilia, o Cardeal Scherer expressou a gratidão da Igreja em São Paulo pela vida e pelo serviço do Cônego Segú, a quem conheceu ainda nos tempos de estudo em Roma: “Hoje não nos limitamos a uma despedida, mas realizamos uma ação de graças pela vida de um grande sacerdote, que trabalhou com dedicação exemplar e contribuiu significativamente para a missão da Igreja nesta Arquidiocese”.
O Arcebispo encomendou a alma do falecido à misericórdia divina, pedindo que Deus acolha todo o bem realizado e conceda a recompensa eterna. Inspirado no Evangelho proclamado, Dom Odilo recordou que todos os fiéis são chamados a comparecer diante do tribunal de Deus, não com temor, mas com a esperança daqueles que confiam em sua justiça e amor. “A esperança não decepciona, porque se baseia no amor infinito de Deus. Vivamos, portanto, uma vida frutuosa, cheia de virtude e de amor a Deus e ao próximo”, exortou.
VIDA E MINISTÉRIO

Martin Segú Girona nasceu em Barcelona, na Espanha, em 15 de março de 1936. Chegou ao Brasil aos 14 anos e ingressou, em 1954, no Seminário da Arquidiocese de São Paulo, em São Roque (SP). Foi ordenado sacerdote em 3 de dezembro de 1961, iniciando um ministério que uniu a pastoral paroquial à dedicação ao estudo e ao ensino do Direito Canônico.
Mestre e Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Santo Tomás de Aquino, em Roma, o Cônego Segú fundou, em 1999, o Instituto de Direito Canônico “Padre Dr. Giuseppe Benito Pegoraro”, da Arquidiocese de São Paulo, e foi o primeiro decano da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, erigida pela Santa Sé em 2014. Exerceu, ainda, as funções de Vigário Judicial da Arquidiocese, Presidente do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo e Diretor do Arquivo Metropolitano Dom Duarte Leopoldo e Silva, tornando-se referência nacional na formação de canonistas e no serviço judiciário da Igreja.
Por ocasião do jubileu de ouro de sua ordenação, em 2011, o Cônego Segú refletiu com humildade sobre sua vocação. “Fomos ordenados para servir ao povo de Deus. Cada dia mais estou convencido de que nós, em termos de instauração do Reino, somos servos inúteis, pois quem o edifica é o Senhor. É necessário que Ele cresça e nós diminuamos sempre mais”, afirmou, reiterando a convicção de que “vale a pena servir e ajudar na construção do Reino de paz, justiça e amor”.
ÚLTIMA HOMENAGEM

Após a missa exequial, o corpo do Cônego Segú foi conduzido ao Cemitério do Santíssimo Sacramento, no Sumaré, onde foi sepultado.
Por meio de nota, a direção da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo manifestou pesar pelo falecimento de seu primeiro Diretor, ressaltando que “sua trajetória acadêmica, pastoral e eclesial permanece como testemunho de fidelidade à missão da Igreja e de serviço ao Direito Canônico, deixando marcas profundas na formação de gerações de estudantes e colaboradores”.
O Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo recordou, em nota, os 27 anos de atuação do Cônego Segú como Vigário Judicial da instituição. “Elevemos a Deus preces em agradecimento pela sua vida e fecundo ministério a serviço da pastoral judiciária. Rezemos em sufrágio por ele, pedindo ao Bom Deus que o acolha na vida eterna e conforte os seus familiares e amigos”.