Temática da mensagem do Papa Francisco para o 54o Dia Mundial das Comunicações Sociais foi tratada pelo Cardeal Scherer com integrantes dos grupos de Pascom na Arquidiocese de São Paulo
Na comemoração do 54o Dia Mundial das Comunicações Sociais, no domingo, 24, cuja mensagem do Papa Francisco este ano convida à reflexão do tema “‘Para que possas contar e fixar na memória (Ex 10,2)’ – A vida se faz história”, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, participou de um encontro on-line com aproximadamente 70 agentes da Pastoral da Comunicação (Pascom) das paróquias das seis regiões episcopais da Arquidiocese.
A videoconferência foi mediada pelo Padre Luiz Claudio de Almeida Braga, Assessor Eclesiástico Arquidiocesano da Pascom. Ele comentou que na mensagem deste ano, o Papa Francisco enfatiza a importância das boas narrativas, das histórias edificantes, “que ajudem a encontrar as raízes e força para prosseguirmos com a nossa vida”.
No começo do encontro, o Arcebispo agradeceu a todos os que colaboram pastoral e/ou profissionalmente com o Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação e, fazendo alusão a uma mensagem anterior do Papa Bento XVI para a data, ressaltou que os meios de comunicação são espaços de encontro, para tecer relacionamentos e que neles a Igreja deve estar para anunciar e testemunhar o Evangelho.
A força da narrativa
Ao refletir a respeito da mensagem do Papa Francisco deste ano, Dom Odilo afirmou que, por meio da narrativa, a pessoa conhece a si mesma e se dá a conhecer aos outros, e que é preciso estar em alerta com as narrativas que não têm a verdade como princípio.
“Há muita narrativa que é fake, que não está baseada na busca sincera da verdade, dos fatos, das pessoas, dos acontecimentos. Assim, cria-se conforme uma intenção, o que pode levar a uma narrativa falsa, que não constrói; ao contrário, destrói”, afirmou, alertando para os modelos de comunicação deprimentes, como aqueles que supervalorizam a violência e a criminalidade.
O Arcebispo apontou que, na mensagem, o Papa convida a todos para o uso da narrativa em favor das relações pessoais e sociais e para narrar as obras de Deus. “A mensagem neste ano é no sentido de usarmos a comunicação para fazer as narrativas boas, construtivas, que edificam, e a narrativa da fé, que também se transforma em oração, em louvor a Deus”, explicou.
Transmissão da fé
Dom Odilo lembrou que a evangelização e a transmissão da fé também se dão por meio de narrativas e que se deve dar visibilidade aos testemunhos bonitos.
“Se olharmos ao nosso redor, mesmo agora neste tempo de quarentena, de pandemia, há muita história bonita de solidariedade, de valorização mútua, de famílias que se reencontram, de pessoas que redescobriram a fé. Procurem ser também vocês narradores de histórias bonitas”, disse aos agentes da Pascom.
A ação da Igreja em meio à pandemia
No segundo momento do encontro on-line, o Arcebispo Metropolitano respondeu a perguntas de agentes da Pascom das seis regiões episcopais.
Questionado sobre a presença da Igreja no ambiente digital perante o atual isolamento social, Dom Odilo afirmou que tem se mostrado possível manter a participação dos fiéis, agora virtualmente, nas missas e formações, e prosseguir com as ações de evangelização e caridade: “A vida pastoral não precisa parar. Neste momento, ela não se dá fisicamente, mas o espaço virtual também é um espaço de encontro com as pessoas”, observou.
Dom Odilo lembrou, ainda, que as pesquisas feitas no primeiro ano do sínodo arquidiocesano mostraram que apenas 5% dos católicos vão às missas regularmente e outros 25% procuram a Igreja ocasionalmente. Assim, esse pode ser um momento para que a Igreja estabeleça laços de proximidade com aqueles com quem ainda não tem contato permanente. “Por isso a importância de fazermos uma comunicação bem feita, narrações bem feitas, narrações da fé, uma comunicação formativa e informativa”, observou.
O Arcebispo também apontou que já existem inúmeras iniciativas catequéticas no ambiente on-line, restando, agora, a missão de organizá-las melhor. Ele observou, ainda, que há uma maior valorização da Igreja doméstica, com a retomada do costume da oração em família, de todos na mesma casa assistirem à missa juntos e da transmissão da fé entre gerações.
Perguntado acerca da missão da Pascom no atual momento, o Arcebispo afirmou ser fundamental que no conteúdo a ser comunicado haja sempre o horizonte da esperança e da redenção: “Mesmo quando trata das situações mais escabrosas, a nossa narrativa deve estar aberta à redenção, à misericórdia de Deus, à esperança, pois, do contrário, jogamos o mundo, a sociedade e a cultura em um poço, um beco sem saída. Sabemos que Nosso Senhor, como redentor, nos tira das nossas misérias e não nos deixa perdidos. Nessa perspectiva, a Pastoral da Comunicação não fecha os olhos à realidade, mas não pode ser nutrida por ódio, azedume e intriga”.
A última pergunta dos agentes da Pascom foi sobre como desejaria que no futuro fosse lembrada a atuação da Igreja neste momento. “Gostaria que fosse recordada como uma atuação solidária, samaritana, que fosse recordada por sua atuação pastoral, uma Igreja que se faz próxima dos doentes, das pessoas pobres, angustiadas, que partilha das dores dos outros. Que fosse lembrada por sua presença atuante em um tempo difícil, mostrando rumos de esperança para a cidade e para a comunidade humana. Se assim desejo que seja lembrada no futuro, que assim nos empenhemos para fazê-lo no presente”, afirmou.
Boas fontes de informação
Por fim, o Arcebispo recomendou aos agentes da Pascom que tenham cuidado quanto às fontes de informação a respeito da vida da Igreja, e que se informem pelos canais oficiais de comunicação da Santa Sé, da CNBB e da Arquidiocese, repercutindo os conteúdos que publicam. “Tenham a certeza de que vocês são participantes dessa missão evangelizadora da Igreja por seu modo de atuar na evangelização pela comunicação social”, concluiu.