Aumento da dengue no Estado de São Paulo requer maior adesão das medidas de proteção

O infectologista Marcos Boulos comenta o quadro de crescimento da dengue e lembra que a água parada é a responsável pela proliferação do mosquito “Aedes aegypti”

Foto: Pixabay

Cresce o número de casos de dengue no Estado de São Paulo. Em 2022 foram 107 mil contra 104 mil em 2021. O número aumentou não só nos casos da doença, mas também nas mortes, que passaram de 41 para 77 só nos primeiros quatro meses deste ano, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde. Na capital também houve um aumento expressivo, com 3.129 casos. Em janeiro deste ano eram 224 confirmados, passando para 1.353 somente no mês de abril. Segundo Marcos Boulos, professor sênior do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, a dengue é uma doença sazonal e, apesar da epidemia, ela não aconteceu de uma forma tão intensa como em anos anteriores.

“Ela aparece geralmente no verão, quando esquenta muito ou quando chove muito. Com as chuvas você tem maior proliferação do Aedes, o mosquito transmissor, e você pode ter maior transmissibilidade. Por um acaso muito grande, nos últimos dois anos o número de casos de dengue foi menor do que costumava ser.” O professor explicou que na pandemia houve uma diminuição. “Nós não temos uma explicação adequada para isso. Provavelmente as pessoas ficando mais em casa devem ter tomado mais cuidado, evitando a água parada.” 

O aumento no número de casos na Grande São Paulo se deve às péssimas condições de moradia, muita gente residindo em locais com águas paradas e menor infraestrutura urbana. O norte do Estado de São Paulo costuma apresentar maior infestação da doença. O professor lembra que “é tradicional São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, onde o calor é maior e chove mais, liderarem o número de casos de dengue no Estado”. 

A dengue só surge porque existe água parada, local ideal para a fêmea colocar seus ovos, ocasionando a proliferação do Aedes aegypti. Evitar água parada e limpeza constante são a solução para evitar criadouros do mosquito, uma vez que 80% dos focos estão dentro das residências. O professor Boulos lembra que, “no caso dos serviços públicos, os parques, escolas e cemitérios devem ser vistoriados tomando todo o cuidado para evitar criadouros”.

Uma curiosidade: quem teve um tipo de dengue nunca mais terá o mesmo tipo de infecção, cita Marcos Boulos. Vale lembrar que existem quatro tipos diferentes da doença, por esse motivo o risco é maior para quem já teve. Se a pessoa tem uma sequência de infecções, adoecendo em um prazo de seis meses a três anos, pode apresentar casos mais graves.

Fonte: Jornal da USP

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