Logo do Jornal O São Paulo Logo do Jornal O São Paulo

Bolos, linhas e vidas: tecendo sonhos com fé e coragem

Do desemprego ao forno: Alessandra e os bolos que mudaram sua vida

Arquivo pessoal

Aos 44 anos, Alessandra Maria da Silva Santos (foto)viu sua vida mudar completamente. Após 15 anos atuando como secretária na área da Saúde, sendo seis deles em um hospital da rede pública, ela foi desligada do serviço no segundo semestre de 2024 com o fim de um contrato de licitação. Em casa, vivendo do seguro-desemprego, buscava algo para ocupar o tempo e o coração.

Foi na Paróquia Imaculado Coração de Maria, na Brasilândia, que encontrou um novo caminho em um curso oferecido pela CASP-NR Brasilândia. “Fiquei sabendo de um curso gratuito de Marketing Digital. Estava ociosa e resolvi me inscrever, mesmo sem saber direito o que era”, relembra.

A partir da segunda aula, tudo mudou. “A pro­fessora Karen me animou muito. Comecei a pensar em empreender e surgiu a ideia dos bolos. Comprei meu forninho, comecei a testar receitas, e a paixão pela confeitaria floresceu”, conta.

O resultado? A criação da marca Alê Caseiri­nhos Artesanais, com forte presença nas redes so­ciais e no aplicativo iFood, do qual Alessandra ven­de seus minibolos vulcão, bolos no copo e versões maiores. “Nunca pensei que gostaria de cozinhar. Hoje, amo o que faço. E o curso da Caritas foi um empurrão importantíssimo. Se tivesse que pagar por tudo o que aprendi ali, sairia por R$ 600 ou mais.”

Em janeiro de 2025, ela formalizou o negócio como MEI (Microempreendedor Individual) e pas­sou a administrar todas as etapas: produção, vendas e entrega. “Hoje, ganho até mais do que quando era CLT [registro em carteira, conforme a Consolidação das Leis do Trabalho]. E o melhor: com autonomia, cuidando do meu tempo e do meu sonho”, celebra.

EDINÉIA: A ALUNA QUE VIROU PROFESSORA

Comunicação CASP

A história de Edinéia Maria Massariolli, 53 anos, é outra prova de como uma formação pode abrir novos horizontes. Após trabalhar por anos em ONGs (orga­nizações não governamentais) que atendiam a idosos e pessoas com deficiência, ela ficou desempregada em 2023. Foi então que, em julho de 2024, começou a par­ticipar do curso Costurando a Renda, na Paróquia São Marcos Evangelista, uma parceria da CASP-NR Belém.

“Não sabia costurar. Sempre gostei de artesanato, mas costura parecia outro mundo para mim. Mes­mo assim, resolvi encarar o desafio”, lembra Edinéia. O curso ensinou a confecção de bolsas e necessaires, e despertou nela uma nova paixão. “Antes, eu nem imaginava como unir dois tecidos. Depois do curso, vi que a vida pode oferecer outras oportunidades.”

Seu empenho foi tão grande que, em março deste ano, foi convidada para ser facilitadora no Centro Pastoral São José, no bairro do Belém, uma parceria da CASP-NR Belém com a ONG Mulheres do Bra­sil e Instituto Diana Demarchi. Lá, ensina mulheres imigrantes – vindas de diferentes países – a costu­rar. “Assisto às videoaulas, treino e repasso para as alunas. Algumas são afegãs e usamos até o Google Tradutor para nos comunicarmos. Mas a linguagem do amor e da ajuda mútua supera qualquer barreira.”

Segundo Edinéia, o maior aprendizado vem das histórias de coragem das mulheres que deixaram seus países em busca de uma vida melhor: “Ver a trajetória delas me emociona. É inspirador. A gente reclama tanto, mas tem tanto a agradecer. Elas me ensinaram que nunca é tarde para recomeçar.”

Deixe um comentário