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Camilianos e fiéis rendem graças a Deus pelos 450 anos da conversão de São Camilo de Lellis

Cardeal Scherer destaca o legado do santo e os frutos de sua missão

Dom Odilo Scherer afirma que São Camilo mostra que a santidade se constrói no cotidiano, especialmente no cuidado com os que mais sofrem
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

A Ordem dos Clérigos Regulares Ministros dos Enfermos (Camilianos), as Filhas de São Camilo, devotos e paroquianos da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, na Região Sé, participaram na noite da segunda-feira, 14, da missa em ação de graças pelos 450 anos da conversão de São Camilo de Lellis. 

A celebração foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, tendo entre os concelebrantes os Padres Adailton Mendes da Silva, M.I., Pároco; Mateus Locatelli, M.I., Superior Provincial dos Camilianos; e o Cônego João Inácio Mildner, Vigário Episcopal para a Pastoral da Saúde e dos Enfermos da Arquidiocese de São Paulo. 

VIVER O EVANGELHO COM GESTOS CONCRETOS DE AMOR 

Na homilia, o Cardeal Scherer destacou a profunda ligação entre a fé cristã e o cuidado com os que sofrem, inspirando-se na figura de São Camilo, cuja conversão há 450 anos é celebrada como marco de uma vida entregue aos enfermos. 

“Jesus se identifica com os pobres, os doentes, os famintos, os prisioneiros. Quando cuidamos deles, estamos cuidando do próprio Cristo. E se deixamos de fazê-lo, deixamos de fazer a Ele”, afirmou Dom Odilo, ao refletir sobre o Evangelho segundo Mateus (cf. 25,35-45). 

O Purpurado reforçou que os santos são aqueles que vivem o Evangelho de forma concreta, com gestos de amor e caridade que atravessam o tempo. 

“São Camilo uma marca profunda na história da Igreja. Com sua vida e obra, ele nos mostra que a santidade se constrói no cotidiano, na entrega, no serviço, no cuidado com os que mais sofrem. Os santos interpretam o Evangelho com a própria vida — são, por isso, um Evangelho vivido”, destacou. 

Dirigindo-se aos religiosos Camilianos, o Arcebispo destacou a incidência das ações que realizam para a Igreja e à sociedade: “O cuidado com os doentes é um testemunho autêntico do Evangelho. Jesus enviou seus discípulos a proclamar a Boa Nova e a cuidar dos enfermos. O trabalho dos Camilianos expressa essa missão, testemunhando o amor de Cristo com gestos concretos. Que essa obra continue viva por meio de cada um de vocês.” 

PRESENÇA CAMILIANA 

Reconhecida em 1591, a Ordem dos Ministros dos Enfermos – os Camilianos, que levam no peito a cruz vermelha como símbolo de entrega e compaixão – hoje está em 35 países, nos cinco continentes, com cerca de 1,1 mil religiosos em missão, promovendo assistência humanizada e levando esperança a milhões de pessoas. 

A Província Camiliana Brasileira, que também inclui a Delegação dos Estados Unidos, conta com 67 membros, entre padres e irmãos; administra 42 hospitais, sendo quatro deles localizados na área de abrangência da Arquidiocese de São Paulo. Também está à frente de nove paróquias, incluindo a Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia. 

A missão Camiliana se estende à educação, com cursos voltados à área da saúde. “O cuidado integral com os enfermos – físico, emocional e espiritual – é um dos pilares do carisma Camiliano. Nosso carisma é ser presença de Jesus misericordioso aos que sofrem”, afirmou o Padre Mateus Locatelli, ressaltando que a espiritualidade se concretiza no cotidiano dos hospitais e paróquias, e na administração das obras de saúde. 

Segundo o Provincial, celebrar os 450 anos da conversão de São Camilo é uma oportunidade de renovação espiritual. “O lema deste Ano Jubilar é ‘Conquistados por Cristo’. É um tempo para reafirmarmos o nosso chamado à conversão pessoal e comunitária, como filhos de São Camilo, conformando nossa vida cada vez mais ao Evangelho por meio do carisma do cuidado”. 

O Sacerdote destacou que São Camilo continua sendo um “santo dos nossos dias”, por sua espiritualidade encarnada na vida concreta, especialmente no sofrimento humano. “São Camilo dizia que o leito do enfermo era o próprio altar, porque ali estava Cristo”, concluiu. 

O carisma no dia a dia da Paróquia

A missão Camiliana chegou ao Brasil em 1922, estabelecendo-se em São Paulo, tendo hoje atuação em quatro hospitais, e também no Centro Universitário São Camilo e na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia. 

Na Paróquia, o carisma Camiliano acontece em três dimensões: pastoral, social e celebrativa. “Temos uma forte atuação social por meio do Centro Social Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, o braço caritativo da Paróquia. São cerca de 15 iniciativas sociais, que abrangem desde a distribuição de alimentos e roupas até o auxílio em situações emergenciais de moradia. A Pastoral dos Irmãos em Cristo distribui, mensalmente, cerca de mil kits de refeições nas ruas do centro da cidade, acompanhados de médicos voluntários e ações de evangelização à população em situação de rua”, ressaltou Padre Adailton Mendes da Silva, Pároco. 

No campo da evangelização, a Paróquia abriga uma intensa vida pastoral, com mais de 40 pastorais e movimentos ativos, reunindo aproximadamente mil pessoas engajadas nas diversas frentes de ação evangelizadora e social. “A Escola de Emaús oferece formação com base na Bíblia, no Catecismo da Igreja Católica e nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola”, recordou o Pároco. 

Segundo Padre Adailton, celebrar os 450 anos da conversão de São Camilo é “um momento singular de renovar o impulso caritativo e evangelizador que marca a história desta comunidade e que é herança viva do carisma Camiliano” 

QUEM FOI SÃO CAMILO DE LELLIS 

  • Camilo nasceu em 25 de maio de 1550, em Bucchianico, na Itália; 
  • Teve uma juventude marcada por vícios e distante da fé; 
  • Alistou-se no exército aos 17 anos e entregou-se ao jogo, à violência e aos prazeres mundanos; 
  • Feriu-se gravemente na perna, uma ferida crônica, incurável, que o levou a sucessivas internações; 
  • Durante uma internação no hospital de São Tiago dos Incuráveis, em Roma, viveu um profundo processo de conversão; 
  • Não apenas a dor física o incomodava, mas também a negligência no cuidado que era dado aos doentes; 
  • Abandonou o vício do jogo e passou a servir como enfermeiro no hospital em que fora tratado; 
  • Aos 25 anos, decidiu dedicar sua vida a Deus e foi ordenado sacerdote; 
  • Fundou a Congregação dos Ministros dos Enfermos (Camilianos), em 1591; 
  • Faleceu em 14 de julho de 1614; 
  • Foi canonizado em 1746; 
  • É padroeiro dos doentes, dos hospitais e dos profissionais de Saúde. 

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