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Cardeal Scherer dedica a igreja e consagra o altar da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios 

‘A comunidade que hoje dedica sua igreja é chamada a testemunhar essa mesma fé com a vida e com o anúncio do Evangelho’, exortou o Arcebispo Metropolitano durante a Missa no templo localizado no bairro do Cambuci

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Um templo repleto de fiéis para testemunhar a concretização de um sonho: na manhã do domingo, 5, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, consagrou o altar e dedicou a igreja matriz da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, no Cambuci, Decanato São Tiago de Alfeu da Região Sé, e presidiu a missa, que teve entre os concelebrantes os Padres Ricardo Anacleto, Pároco; Everton Fernandes Moraes, Chanceler da Arquidiocese; Roberto Fernando de Lacerda e Luiz Carlos Tose Filho, Secretário do Arcebispo. 

Foi o primeiro dia do tríduo preparatório à festa da padroeira, celebrada em 8 de outubro. 

ESPAÇO PRIVILEGIADO PARA A ORAÇÃO 

Em 1725, com a chegada de uma imagem de Nossa Senhora dos Remédios vinda da Espanha, uma igreja a ela dedicada foi erguida na Praça João Mendes. 

Nossa Senhora dos Remédios é invocada como padroeira dos prisioneiros e dos que pedem a libertação dos vícios. 

Com a expansão da cidade, a antiga igreja precisou ser demolida em 1942, e um novo templo foi erguido na Rua Tenente Azevedo, 182, no bairro do Cambuci. 

Maria da Aparecida de Souza, 77, é paroquiana há mais de 15 anos. Mineira de origem, ela conta que ao chegar a São Paulo sentiu-se deslocada, mas logo encontrou na comunidade paroquial um lugar de acolhida e fé. Ela foi convidada a ser ministra extraordinária da Sagrada Comunhão, e deu o seu sim, servindo até 2020. 

“Moro aqui bem pertinho e para mim a Paróquia é uma bênção. É como se fosse a minha família”, afirmou. A devoção a Nossa Senhora dos Remédios também cresceu com sua história pessoal: “Eu não conhecia esse título de Nossa Senhora quando cheguei, mas hoje percebo o quanto ela intercede por nós, como mãe que cuida, acolhe e apresenta nossas dores a Deus”. 

EMPENHO COMUNITÁRIO 

Padre Ricardo Anacleto destacou que, nos preparativos para a celebração dos 300 anos de devoção a Nossa Senhora dos Remédios e para a dedicação da igreja e a consagração do altar, a comunidade muito se empenhou. 

“O caminho de reestruturação e reforma na nossa igreja matriz aconteceu em etapas. No primeiro momento, começamos com o telhado: fizemos a troca de mais de cem telhas e refizemos toda a parte das calhas para proteger a arte da igreja”, contou em vídeo publicado nas redes sociais da Paróquia. 

A segunda fase envolveu a pintura interna, com a recuperação da cor original do templo. Já na terceira etapa, houve um desafio inesperado: “Tivemos uma infestação de cupins no altar. Por isso, realizamos a transladação da imagem da nossa padroeira e iniciamos a confecção de um novo altar para a santa liturgia e a nova configuração do presbitério”, detalhou o Sacerdote. 

Padre Ricardo também falou que está sendo planejado o restauro da fachada da igreja. “Nessa fachada, temos uma obra de arte muito bonita, um símbolo papal – uma das poucas igrejas da cidade que a possui –, e queremos deixá-la bem preservada”, afirmou. 

VIDA PASTORAL 

A Paróquia Nossa Senhora dos Remédios mantém uma intensa vida pastoral, sacramental e social. “Nós temos as pastorais da Catequese, do Dízimo, da Caridade, além de uma equipe de jovens, o grupo de perseverança e da Catequese para Adultos”, detalhou Leila Maria Rodrigues Gomes, 51, ministra extraordinária da Sagrada Comunhão. 

Entre as iniciativas sociais, Leila destaca o atendimento que a Pastoral da Caridade realiza às famílias mais vulneráveis do bairro. “A Paróquia presta assistência aos mais necessitados. Distribuímos cestas básicas – para cerca de 150 famílias – e acolhemos pessoas em situação de rua que procuram ajuda na igreja”, explicou. 

“Fazemos campanhas e festas para arrecadar recursos, vendemos comidas e doces, e toda a renda é direcionada para a reforma da igreja e para as ações realizadas”, comentou Leila. 

LUGAR PARA DEUS 

“A celebração da dedicação da igreja e do altar é o rito que a Igreja faz para dizer: este lugar agora é para Deus. A igreja e o altar ficam dedicados a Ele, como sinal da fé da comunidade que quer ter um lugar para Deus no meio das suas casas, no meio do seu bairro”, destacou Dom Odilo no começo da missa. 

Na homilia, o Cardeal ressaltou que o templo material é um sinal visível da presença divina entre o povo: “Deus mora aqui. Deus tem lugar. É claro que Deus está em todo lugar, mas precisamos ter referência, poder dizer: Deus está entre nós, Deus mora aqui, vamos ao encontro de Deus na sua casa”. 

O Cardeal recordou que a dedicação do templo é um convite para renovar o compromisso de ser uma Igreja viva, missionária e fiel ao Evangelho. “A comunidade que hoje dedica sua igreja é chamada a testemunhar essa mesma fé com a vida e com o anúncio do Evangelho.” 

Ao final, Dom Odilo exortou os fiéis a fazerem da nova fase da paróquia um tempo de crescimento espiritual e de comunhão com o Senhor. “Que esta dedicação ajude que esta comunidade, igreja viva, Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, possa crescer no testemunho da fé e se alegrar em Deus todos os dias, sobretudo aos domingos, quando aqui se celebra o encontro com o Ressuscitado”, concluiu. 

OS RITOS DE DEDICAÇÃO E CONSAGRAÇÃO 

A liturgia da dedicação começou com o Arcebispo abençoando a água e aspergindo os fiéis, em sinal de penitência e em memória do Batismo. Ele também aspergiu as paredes da igreja e o novo altar. Após o Glória, o lecionário foi depositado sobre o ambão, de onde são proclamadas as leituras da Palavra nas celebrações litúrgicas. 

Após a homilia e a profissão de fé, foi entoada a Ladainha de Todos os Santos. Depois, foram depositadas sob o altar as relíquias de São Abdel Mooti Massabki, de São Francis Massabki e de São Rafael Massabki (católicos maronitas martirizados em 1860), de Santo Antonio de Sant’Anna Galvão, de São João Scalabrini e da Beata Assunta Marchetti. 

Na sequência, ocorreu o momento central do rito: a prece de dedicação, após a qual o Arcebispo ungiu o altar com o óleo do Crisma, tornando-o símbolo de Cristo, o Ungido por excelência. Depois, ele ungiu às 12 cruzes nas paredes da igreja. 

O rito prosseguiu com a incensação do altar e do templo. A queima do incenso sobre o altar simboliza o sacrifício de Cristo; também foram incensados o povo – templo vivo de Deus – e as paredes da igreja. 

Houve, ainda, o revestimento do altar, indicando-o como lugar do sacrifício eucarístico e mesa do Senhor, em torno do qual o sacerdote e os fiéis celebram o memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Foram também acesas as velas nas laterais do altar e sobre as 12 cruzes nas paredes; e houve a iluminação do altar e da igreja, para lembrar que Cristo é “luz para a revelação dos povos”. 

Durante a missa, também aconteceu a bênção do novo sacrário. 

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