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Cardeal Scherer detalha o significado da dedicação de altares e igrejas

Luciney Martins/O SÃO PAULO – Arquivo

Qual o sentido de se dedicar uma igreja e seu altar? Quem pode deliberar sobre tal? De que forma deve ser celebrado o aniversário da dedicação? Essas e outras respostas estão no documento “Igrejas dedicadas na Arquidiocese de São Paulo”, elaborado pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e disponível no portal da Arquidiocese de São Paulo. 

Inicialmente, Dom Odilo explica que “a dedicação de altar e igreja, e a celebração do aniversário da dedicação, todos os anos, são ocasiões riquíssimas para uma catequese sobre a própria Igreja e sobre o simbolismo eloquente dos templos”, e destaca que “os templos visíveis são sinais privilegiados da lgreja, povo peregrino, animado pela fé, esperança e caridade, unido à lgreja celeste, que já se encontra diante da face de Deus na vida eterna”.

‘PRESENÇA DE DEUS NO MEIO DO SEU POVO’

O Arcebispo também explica o significado teológico da dedicação de altar e igreja: “O povo fiel dedica a Deus uma ‘morada’ no meio de suas casas e de suas cidades, querendo, assim, expressar sua fé e seu desejo de que Ele permaneça em seu meio. Deus não precisa de casa, e o universo inteiro é pequeno para abrigá-Lo. No entanto, Deus quis estar entre os filhos dos homens e enviou seu Filho ao mundo para ser para sempre o ‘Emanuel – Deus conosco’”.

Dom Odilo lembra, ainda, que “a dedicação dos templos e altares traduz em palavras, gestos e ritos muito significativos o desejo de ter Deus entre nós, de encontrá-Lo e de estar com Ele. Ao mesmo tempo, o rito da dedicação tem um significado eclesial muito eloquente, lembrando que somos nós mesmos os templos vivos de Deus e que cada pessoa batizada é como se fosse uma pedra viva na edificação do templo espiritual do Deus vivo (cf. 1 Pd 2,5)”. 

CUIDADOS ESPECIAIS

O Cardeal Scherer também aponta que “os templos dedicados à glória de Deus e para a celebração dos divinos mistérios devem ser zelados com especial atenção”, e, assim, neles “não se devem realizar atos ‘profanos’, que destoam do sagrado respeito devido a Deus”.

De igual modo – prossegue o Arcebispo – “os altares dedicados deverão ser usados unicamente para fins sagrados e jamais para outros fins. Não devem mais ser vistos como simples mesas e sobre eles não devem ser postos objetos ou utensílios não relacionados com o culto divino, ou sem uma finalidade religiosa”.

Dom Odilo também explica que a dedicação de altar e igreja, normalmente, é inseparável, sendo que a do altar tem precedência, e devem ocorrer apenas uma vez, exceto se houver uma reestruturação ou reforma profunda na igreja ou no altar: “Neste caso, pode se proceder a um novo rito de dedicação, a critério do bispo. Em todo o caso, esse rito é reservado unicamente ao bispo diocesano ou a quem ele legitimamente delegar essa celebração. Será sempre o bispo diocesano quem aprova e autoriza a dedicação de altar e igreja”.

O Arcebispo lembra, ainda, que o altar a ser dedicado “deve ser novo, ou profundamente reformado, ainda não usado para a celebração. Não se faz a dedicação de um altar já em uso”.

ANIVERSÁRIO DE DEDICAÇÃO

Dom Odilo também explica que devido ao fato de celebrações como o Natal, a Epifania, a Quarta-Feira de Cinzas, a Semana Santa inteira, incluindo os Domingos de Ramos e da Páscoa, os domingos da Ascensão e de Pentecostes terem precedência sobre as demais e muitas delas não possuírem dia fixo no calendário, evita-se fazer as dedicações de altar nos tempos litúrgicos do Advento, Natal, Quaresma e no Tempo Pascal, sendo, portanto, o Tempo Comum o período mais indicado para tal, a fim de também permitir que se celebre, consequentemente, os aniversários das dedicações.

“O aniversário da dedicação do altar e da igreja deve ser celebrado todos os anos no mesmo dia da dedicação, fazendo uso dos textos litúrgicos próprios para o aniversário da dedicação, do Missal e do Lecionário. Na própria igreja dedicada, o aniversário é celebrado no grau de solenidade litúrgica”, comenta, explicando que isso também vale para o aniversário de dedicação da catedral diocesana, ocasião em que todas as igrejas da diocese/arquidiocese também a celebram no grau de festa. 

Dom Odilo orienta os presbíteros das igrejas já dedicadas que celebrem o aniversário de dedicação do templo anualmente e que nas solenidades litúrgicas, “convém que as velas, junto às cruzes que lembram a dedicação, sejam acesas, contribuindo para criar um ambiente religioso e festivo no templo”. 

BÊNÇÃO DE INAUGURAÇÃO NÃO É DEDICAÇÃO

Dom Odilo também enfatiza que “uma simples bênção de inauguração de igreja ou altar não se configura como ‘dedicação’. Esta segue um rito próprio, no qual devem sempre permanecer as cruzes nas paredes ou colunas, indicativas da dedicação, uma ata, que também deve ser transcrita integralmente no livro tombo da paróquia ou templo. Uma placa comemorativa, fixa e estável, também deve recordar a dedicação”.

O conteúdo disponibilizado pela Chancelaria do Arcebispado de São Paulo apresenta ainda o calendário da celebração do aniversário de dedicação de cem igrejas na Arquidiocese. Acesse-o em https://arquisp.org.br/igrejas-dedicadas.

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