Catequistas se conectam às famílias no processo de educação da fé

No domingo, 30, a Igreja celebra o Dia Nacional do Catequista, concluindo o mês dedicado às vocações. Este ano, a missão desses homens e mulheres que se dedicam ao anúncio da Palavra e à educação da fé de crianças, adolescentes, jovens e adultos foi desafiada pela pandemia de COVID-19, pois obrigou que a maioria das comunidades suspendesse suas atividades pastorais presenciais.

A quarentena, entretanto, não foi impedimento para que a Catequese continuasse. Pelo contrário, foi uma oportunidade para que fossem descobertas novas formas de fazer ecoar a educação da fé.

O Coordenador da Animação Bíblico-Catequética da Arquidiocese de São Paulo, Padre Paulo César Gil, ressaltou ao O SÃO PAULO que tem sido uma realidade nova e desafiadora para muitos catequistas que não tinham familiaridade com as novas tecnologias, “mas não faltou esforço para superar essa barreira e realizar a missão”.

EM CASA

Padre Paulo destacou o grande fruto dessa experiência: o de que o lar voltou a ser o lugar por excelência da catequese, não só em relação ao ambiente físico, mas quanto à participação. “As famílias deixaram as portas mais abertas e a Catequese entrou na casa – eu digo que até mesmo ‘sem pedir licença’ – e ocupou um lugar importante: a sala, com os pais e com a família”, observou o Coordenador.

Assim como sempre houve a preocupação para que os encontros catequéticos não se resumam a uma atividade de cunho escolar, também neste contexto de pandemia há o cuidado e a constante recomendação de que não se reproduza na Catequese o formato das aulas remotas realizadas pelas escolas.

“Não podemos confundir esse momento de encontro e evangelização com uma atividade que se some à rotina de estudos das crianças e adolescentes, gerando um desgaste tanto para os pais quanto para os próprios catequizandos”, sublinhou o Coordenador.

Um caminho para tornar a experiência catequética mais eficaz é estimular os pais a assumir a missão de sujeitos no processo de educação da fé dos filhos. “Os pais são, ou pelo menos deveriam ser, os primeiros catequistas dos filhos. É a ocasião de despertar neles e em toda a família essa vocação”, reforçou Padre Paulo.

RESGATE

O envolvimento das famílias no processo catequético é também uma oportunidade para reaproximar ou, em alguns casos, aproximar os pais da vida eclesial e cultivar o sentido de pertença à comunidade.

“Isso é possível quando os catequistas estabelecem um vínculo que vai além dos encontros e ensinamentos, mas mantêm um contato frequente com os catequizandos e suas famílias, mesmo que a distância”, afirmou o Coordenador.

Outro aspecto da Catequese que precisou ser adaptado é a dimensão da vivência da fé, especialmente em relação à celebração dos sacramentos. “Sabemos que a Catequese convida à vivência do mistério da fé. É importante que, neste momento, ajudemos as crianças, adolescentes, jovens e suas famílias a perceber a presença de Deus em sua casa e a experimentar, de fato, o Evangelho vivido em meio às alegrias e dificuldades do ambiente familiar”, enfatizou Padre Paulo, acrescentando que, ao mesmo tempo, a Catequese deve estimular o desejo de voltar a participar da vida sacramental na comunidade.

PERSPECTIVAS

Para o Coordenador, o caminho iniciado pela Catequese durante a pandemia não tem volta e deve ser considerado um aprendizado adquirido para o processo catequético do futuro.“Quando os encontros presenciais forem retomados, terão outra intensidade, outro rosto”, afirmou o Padre, reforçando que o encontro virtual não pode e nem deve substituir o presencial, mas é uma porta que se abriu para um acompanhamento efetivo das famílias nesse caminho de educação da fé e encontro com Cristo.

Para ajudar os catequistas, a Coordenação Pastoral da Animação Bíblico Catequética da Arquidiocese tem promovido encontros virtuais sobre o tema e também para compartilhar dicas e experiências com os catequistas durante a pandemia. Um desses eventos aconteceu na sexta-feira, 28, com a participação do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, transmitido pela página da Arquidiocese no Facebook.

Dicas para a Catequese em tempos de pandemia

Identificação do público – Importante verificar qual seu dispositivo de acesso às novas tecnologias (smartphones, tablets, computadores etc.), assim como a qualidade de conexão à internet. Em alguns casos, dependendo da faixa etária, certamente não terão um dispositivo de uso próprio e, por isso, será necessária a mediação direta dos pais.

Videoconferência – São indicadas para momentos de interação, partilha de experiências e reflexão em grupo de algum tema e, sobretudo, momentos de oração. Esse formato não é muito indicado para encontros expositivos, pois os catequizandos, especialmente crianças e adolescentes, podem dispersar com facilidade. As principais plataformas de videoconferências são Skype, Zoom, ou Google Hangouts, Google Meet e Microsoft Teams.

Vídeos e áudios – Mais indicados para o compartilhamento de conteúdos formativos, como reflexões que aprofundem o conteúdo dos subsídios utilizados. Os áudios podem ser compartilhados via WhatsApp ou outro aplicativo de mensagens. Para essas plataformas, recomenda-se que o arquivo não seja longo. O ideal é que não passe de três minutos. Para vídeos mais longos, com conteúdos formativos e expositivos, uma alternativa é criar um canal no YouTube ou até fazer uma live via Facebook, que podem ser acompanhados em tempo real, com interações por meio de comentários, os quais ficam disponíveis para acesso posterior.

Envio de materiais – Ao longo da semana, recomenda-se enviar materiais como links, mensagens e pequenas reflexões que ajudem a assimilar o conteúdo trabalhado no itinerário. É também importante o envio de materiais complementares que ajudem os pais a se contextualizar sobre o assunto e auxiliar os filhos, como filmes, livros, dicas de jogos e outras atividades lúdicas.

Contato individual – Telefonar ou enviar mensagens para acompanhar individualmente a caminhada de cada catequizando é fundamental. Essas conversas não são necessariamente para a transmissão de conteúdos catequéticos, mas para estreitar os vínculos de proximidade e interação pessoal, importantes no processo catequético. Pelas mesmas razões, é aconselhável manter o contato frequente com os pais e familiares.

(Colaboraram: Flavio Rogerio Lopes e Jenniffer Silva)

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