Centro Santo Dias realiza assembleia eletiva e reafirma atuação pelos direitos humanos

Criado há 43 anos, este organismo pastoral da Arquidiocese de São Paulo tem ações voltadas à defesa da dignidade das pessoas, ao combate da violência e à promoção de uma cultura de paz

Foto: Caci do Amaral

O Centro Santo Dias de Direitos Humanos (CSDDH) realizou assembleia eletiva em 20 de dezembro na Cúria Metropolitana, com a participação do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo.

Na ocasião, foi reeleito como presidente o advogado Luciano Caparroz Pereira dos Santos, para um mandato de dois anos. Na eleição também foram escolhidos como membros da diretoria: Antonio Visconti (vice-presidente), Luiz Antonio Amaral (secretário-geral), Sueli Viola (segundo secretário), José Américo Sampaio (tesoureiro) e Lucrécia Anchieschi Gomes (segunda tesoureira).

Já para o conselho fiscal, os eleitos foram Carmen Cecilia do Amaral, Francisco Whitaker e Thaís Manzione Passos.

TEMAS EM PAUTA

Durante a assembleia foi realizado um balanço das atividades do CSDDH, incluindo as várias ações judiciais coletivas em prol dos menos favorecidos e especialmente para o combate ao racismo estrutural. Também se discutiram propostas de ações futuras e os diversos desafios para a garantia dos direitos humanos. 

Segundo o presidente do CSDDH, ao longo da assembleia o Cardeal Scherer exortou os participantes a terem um olhar mais atento para as questões das pessoas em situação de rua, bem como àquelas que vivem na Cracolândia, além dos imigrantes.

Dom Odilo lembrou que toda a sociedade deve fazer um pacto social para enfrentar os problemas cotidianos, e pediu aos membros do Centro Santo Dias de Direitos Humanos que busquem analisar e compreender a problemática do crime organizado, para que se possa amenizar os impactos que provoca. 

COMPROMISSOS HISTÓRICOS

No fim dos anos 1970, eram recorrentes os relatos de violência policial, especialmente contra a população mais pobre em São Paulo. Uma dessas ações resultou na morte do operário Santo Dias, em 1979, e foi o estopim para que se organizasse por parte da Igreja uma ação mais coordenada para a defesa dos direitos humanos.

No segundo semestre de 1980, Dom Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo Metropolitano, inaugurou o Centro de Defesa dos Direitos Humanos, que depois receberia o nome de Santo Dias, tendo como primeiro coordenador o jurista Hélio Bicudo.

Os trabalhos do CSDDH se concentraram na assistência jurídica às vítimas e no encaminhamento das denúncias de violência policial, além da orientação às pessoas, por meio de publicações e palestras, para que conhecessem os próprios direitos e soubessem como denunciar as violações.

De acordo com o advogado Luciano dos Santos, essa missão de prestar assistência jurídica às vítimas da violência policial e a seus familiares permanece, pelo fato de ainda existirem processos em tramitação que exigem acompanhamentos.

“E também acrescentamos varias atividades que possibilitam uma atuação mais abrangente dos participantes do CSDDH, especialmente na área da educação cidadã que pode ajudar a melhor preparar a população para enfrentar estas questões e fortalecer as comunidades”, detalhou ao O SÃO PAULO o presidente da instituição.

Luciano dos Santos, presidente
Arquivo pessoal

PREOCUPAÇÕES ATUAIS

Questionado sobre como a instituição tem se alinhado à caminhada pastoral da Arquidiocese de São Paulo, especialmente diante dos desafios mapeados no 1o sínodo arquidiocesano, Luciano dos Santos lembrou que o CSDDH é uma pastoral da Igreja a serviço da Arquidiocese e que “atua na defesa da pessoa humana e da coletividade, promove formas de eliminar as injustiças ao revelar violações dos direitos humanos e suas causas, educando para o respeito ao ser humano e para a cultura da paz”.

Nesta perspectiva, conforme o advogado, a instituição tem como preocupações centrais “a luta antirracista, a defesa de grupos minorizados (mulheres, pessoas LGBTQIA+ e povos indígenas) e a reparação a agressões ao bem da coletividade cometidos pela violência do Estado e/ou de empresas. O testemunho do CSDDH acontece, principalmente, junto ao sistema judiciário, em ações que advogam a favor da sociedade, violentada por ações de agressão de caráter racista e sexista”.

Luciano dos Santos lembrou, ainda, que em parceria com a Comissão Justiça e Paz de São Paulo, a Comissão de Justiça e Paz do Regional Sul1 da CNBB, as pastorais sociais e entidades da sociedade civil como a Frente Inter Religiosa Dom Paulo Evaristo Arns, a Rede Nossa São Paulo, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, a Unimútua, entre outras, o Centro Santo Dias tem trabalhado pela evangelização na perspectiva do testemunho da caridade a serviço da vida humana. 

“Em espírito sinodal, o CSSDH caminhou com a Arquidiocese na construção de uma Igreja em saída, inspirada pelo Vaticano II e no magistério do Papa Francisco. Com a nova organização da Arquidiocese, participará da Comissão do Testemunho, visando a intensificar a ação pastoral de conjunto numa cidade e país excludente, favorecendo o horizonte de uma gestão pública democrática e sustentável, assegurando o bem comum”, explicou o presidente da instituição.

“O CSDDH, pelo trabalho voluntário de seus associados, continuará sendo testemunha da ética evangélica de absoluto respeito a pessoa humana, na perspectiva do evangelho de Mateus 25 e na perspectiva da parábola do homem da mão seca, trazendo os mais vulneráveis para o centro das decisões”, concluiu o advogado.

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