Clero atuante na Arquidiocese conclui curso anual de aprofundamento teológico-pastoral

Reunido em Itaici, clero arquidiocesano participa de atualização anual com o tema ‘A Catequese como caminho de iniciação à vida cristã’
Fotos: Arquivo pessoal

Durante quatro dias, entre 25 e 28 de setembro, no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), aconteceu a 20ª edição do Curso de Aprofundamento Teológico e Pastoral do Clero da Arquidiocese de São Paulo.

Com a participação de cerca de 200 ministros ordenados – entre bispos, padres e diáconos –, o curso contou com a presença de Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e tratou de diversos assuntos da vida do clero e da Igreja em São Paulo, como a catequese, a nova edição do Missal Romano, as diretrizes para a proteção de menores e vulneráveis em caso de abuso sexual, a atualização do Plano de Manutenção, a nova organização pastoral, entre outros.

O tema central desta edição foi “A catequese como caminho de iniciação à vida cristã”, assessorado por Dom Leomar Antônio Brustolin, Arcebispo de Santa Maria (RS) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ

O Bispo frisou que, desde o Concílio Vaticano II, ressurgiu na Igreja um verdadeiro processo de educação na fé que implicou diretamente a renovação da compreensão da catequese. Ele explicou que, por meio dos documentos conciliares, foi solicitado aos bispos o restabelecimento do catecumenato, entendido como um tempo para “conveniente instrução”, precedido pelo anúncio de Cristo, que suscita o seguimento e a conversão. Trata-se de um itinerário catequético que, mais do que expor dogmas e preceitos, se propõe a uma genuína educação de toda a vida cristã.

Como resultado dessa indicação de uma nova formação catequética, foi publicado, em 1972, o Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA), que apresenta um resgate da iniciação cristã, com inspiração nas origens do Cristianismo, e se torna um referencial para uma pastoral de iniciação cristã. Assim, surgiram indicativos para abandonar a ideia de uma catequese meramente como instrução da fé, para acolher a original concepção da iniciação à vida cristã.

“A iniciação à vida cristã depende de um anúncio explícito da pessoa de Jesus Cristo, pois conhecer Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber. Tê-Lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas. Fazê-Lo conhecido com nossa palavra e obras é uma alegria. Assim, o Papa Francisco, por meio da exortação apostólica Evangelii gaudium, afirma que ‘também na catequese, o primeiro anúncio ou querigma tem um papel fundamental, que deve ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial’”, afirmou o Arcebispo de Santa Maria.

Dom Leomar salientou que a iniciação cristã é um processo pelo qual a pessoa é introduzida no mistério de Jesus Cristo e da Igreja pela escuta e acolhida da Palavra de Deus, pela conversão de vida, pela mediação dos sacramentos e da vida litúrgica da comunidade: “Esse processo possibilita ao cristão adquirir uma identidade capaz de testemunhar o Evangelho na comunidade e na sociedade”.

OUTROS TEMAS

Dom Edmar Peron, Bispo de Paranaguá (PR) e responsável pela Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB entre 2019 e 2023, apresentou detalhes sobre a tradução brasileira da 3ª edição típica do Missal Romano – que começará a ser adotada nas celebrações em todo o Brasil no 1º Domingo do Advento, em 3 de dezembro –, destacando o que foi revisto e atualizado, bem como os acréscimos da nova edição. Ele sublinhou, ainda, o fato de que o Missal – que também é Magistério da Igreja, como fora lembrado por Dom Odilo –, com seus textos e orações, deve conduzir os fiéis a uma concreta vivência do sentido do que é celebrado, tornando-se uma fonte de espiritualidade ao alcance de todos.

Por sua vez, Dom Odilo, com a colaboração do Padre Ricardo Cardoso Anacleto, Vice-Diretor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, explicou a constituição e o regulamento da Comissão Arquidiocesana de Tutela contra abusos sexuais a menores e adultos vulneráveis, bem como as diretrizes que nortearão os trabalhos de proteção às vítimas de possíveis delitos.

“O Papa Francisco pediu, por meio do motu proprio Vos estis lux mundi, que todas as dioceses e instituições da Igreja tenham suas políticas de prevenção contra abusos sexuais de menores e vulneráveis. Assim, para conhecimento, divulgamos as orientações e diretrizes – que são de nossa comum responsabilidade –, para promover iniciativas que façam com que não aconteçam abusos sexuais nos ambientes da Igreja”, mencionou o Arcebispo.

Os Padres Zacarias José de Carvalho Paiva, João Júlio Farias Júnior e Rodolpho Perazzolo, Procuradores da Mitra Arquidiocesana, apresentaram as implementações que foram promovidas no Plano de Manutenção da Arquidiocese, cujo objetivo é nortear a boa administração dos bens da Igreja, não somente no que diz respeito aos ministros ordenados, mas também às paróquias, igrejas, capelas e demais instâncias eclesiais.

REORGANIZAÇÃO PASTORAL

Em outro momento, Dom Odilo, citando sua Carta Pastoral e as Propostas Sinodais do 1º sínodo arquidiocesano, lembrou que, em vista da evangelização da cidade, foi percebida a necessidade de se reorganizar a pastoral como um serviço à vida e missão da Igreja. Para tanto, ele explicou que foi constituída uma Comissão da Pastoral Arquidiocesana para avaliar, reorganizar e reformular a atividade pastoral da Igreja em São Paulo, o que inclui, também, a elaboração de um Diretório de Pastoral para a definição de competências. Essa reorganização, portanto, levou à adoção de uma nova estrutura organizacional, que agora contempla, sob o Conselho Arquidiocesano de Pastoral, as Comissões de Anúncio (que engloba a Animação Missionária, a Animação Bíblico-Catequética, Aprofundamento da Fé, Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso, Novas Comunidades e a Comissão Teológica para a Elaboração de Subsídios da Arquidiocese), da Santificação (Liturgia, Sacramentos, Piedade Popular e Cemitérios) e do Testemunho – Serviço e Caridade (Coordenação a serviço da Justiça e da Paz, Vida e Família, Associações do Laicato, Juventude, Mundo do Trabalho, Mundo da Cultura e Política, CEBs e Caritas), a instituição do Coordenador de Pastoral e a criação dos Decanatos e seus respectivos Decanos.

Quanto aos Decanatos, trata-se de unidades pastorais nas regiões episcopais que agrupam certo número de paróquias territoriais e pessoais – no mínimo 12 –, coordenadas por um sacerdote que será, portanto, o Decano. Os Decanatos absorverão os atuais setores pastorais e entre seus objetivos estão: agilizar e aprimorar o acompanhamento pastoral na Arquidiocese, acompanhar e envolver o clero nas responsabilidades pastorais e expressar a proximidade do Arcebispo e dos bispos auxiliares em relação ao clero, na vida e missão.

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