Com celebração na Catedral da Sé, tem início a peregrinação jubilar da cruz da primeira missa no Brasil

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO 

Na terça-feira, 15, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu uma celebração eucarística na Catedral da Sé com a presença da cruz original da primeira missa celebrada no Brasil, em 1500. 

A celebração faz parte da peregrinação intitulada “Brasil com fé – Celebrando os 525 anos da Primeira Missa no Brasil, Terra de Santa Cruz”, promovida pelo Movimento Brasil com Fé, o Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e o Instituto Redemptor. 

Depois de ter saído do Tesouro-Museu da Sé de Braga, em Portugal, e peregrinado por cidades portuguesas, o objeto sacro chegou a São Paulo na noite da segunda-feira, 14. 

Até 26 de abril, a cruz passará por outras cidades brasileiras: Cachoeira Paulista, Aparecida e Guaratinguetá (dia 16); Rio de Janeiro e Petrópolis (17); Porto Alegre (18); Maricá e Rio de Janeiro (19); Rio de Janeiro (20); Distrito Federal (de 21 a 23), incluindo atividades na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e sessão solene no Congresso Nacional; Belém (dias 23 e 24); Salvador (25); e Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália (26), onde se realizará a missa pontifical pelos 525 anos da primeira missa no Brasil. 

SINAL DO AMOR DE DEUS 

Na homilia, Dom Odilo destacou o profundo significado histórico e espiritual do símbolo cristão. O Arcebispo de São Paulo recordou que a cruz é mais do que um objeto antigo: é a presença constante do amor de Deus e sinal de pertença à fé cristã. 

“Este é um momento histórico, mas é também um momento significativo para a nossa fé”, afirmou Dom Odilo, recordando as palavras do apóstolo São Paulo: “Nós nos gloriamos da cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, Nele está a nossa salvação.” 

“A cruz de Cristo está sempre presente, em nossas igrejas, em nossas celebrações, mas também em nossas casas, e muitos também a carregam como sinal de pertença a Jesus Cristo”, acrescentou o Cardeal. 

‘BATISMO’ DO BRASIL 

Ao mencionar a presença de Frei Henrique de Coimbra na expedição portuguesa e a celebração da missa no ano de 1500, Dom Odilo fez uma analogia com o Batismo simbólico do Brasil. “Foi, sim, uma espécie de Batismo simbólico desta terra que inicialmente batizaram como Terra de Santa Cruz”, disse, ressaltando que “a terra é marcada desde o seu início pela cruz de Cristo”. 

O Arcebispo reconheceu que a cruz também já foi usada de forma errada. “É verdade que ao longo da história foram muitas as instrumentalizações da cruz de Cristo. Mas não é culpa da cruz de Cristo, não é culpa de Cristo, é culpa de quem fez e ainda faz instrumentalização da cruz de Cristo.” 

Por fim, Dom Odilo conclamou cada fiel a renovar a fé e o compromisso com o Evangelho, e também “pedir perdão, porque muitas vezes nós não fomos testemunhas do amor misericordioso de Deus”. 

Ao concluir a homilia, o Arcebispo enfatizou o papel missionário da Igreja: “Jesus Cristo confiou a toda a Igreja que leve a todos os povos… este sinal perene do amor de Deus que quer o bem e a salvação de todos.” 

SÍMBOLO HISTÓRICO 

A primeira missa celebrada no Brasil, em 26 de abril de 1500, foi presidida pelo franciscano Frei Henrique de Coimbra, na Praia de Coroa Vermelha, Aldeia do Descobrimento, município de Santa Cruz Cabrália, na Bahia, sendo amplamente reconhecida como marco fundacional da história nacional. 

Em entrevista coletiva, Padre Omar Raposo, Reitor do Santuário Cristo Redentor, destacou que esta atual peregrinação une passado e presente, reforçando valores de fraternidade e celebrando a rica diversidade cultural e espiritual. O evento também visa a promover o diálogo de cooperação entre instituições de destaque. 

O Sacerdote enfatizou, ainda, que a iniciativa é um gesto de reafirmação dos valores cristãos presentes desde as origens da fé no Brasil. “Queremos garantir mais e mais a resiliência, a força, a fé e a solidariedade como valores universais de nossa Igreja, do povo brasileiro, que são profundamente privilegiados de terem a fé desde a sua origem na terra de Santa Cruz.”, afirmou. 

Após a missa na Catedral da Sé, houve uma procissão em direção ao Pateo do Collegio, no Centro Histórico. A programação na capital paulista também contou com uma cerimônia institucional na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), um ato ecumênico na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e uma visita institucional no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual paulista. 

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