Com o ‘coração aberto’ para a metrópole

Era um sábado: 23 de maio de 1998. A Catedral da Sé estava lotada para a celebração da posse de Dom Cláudio Hummes como 6º Arcebispo Metropolitano de São Paulo. A missa teve três horas de duração e reuniu cinco cardeais, 47 bispos e cerca de 300 padres. 

Arquivo O SÃO PAULO

Na primeira homilia como Pastor da Arquidiocese, Dom Cláudio afirmou que a evangelização da cidade era seu principal projeto. Defendeu o diálogo e falou da importância da ação dos padres, seminaristas, religiosos e leigos. Ele disse, ainda, que assumiria um compromisso com os problemas da “pobreza das periferias e do desemprego”, e garantiu que não foi Deus quem os fez pobres, mas sim as estruturas humanas.

Igreja em saída e cultura do encontro

Logo que foi publicada sua nomeação para a Arquidiocese de São Paulo, Dom Cláudio concedeu uma entrevista ao O SÃO PAULO. “Vou para São Paulo com o coração aberto. Com certeza, vou amar a Igreja de São Paulo”, afirmou. 

Ao ser questionado sobre qual linha pastoral pretendia imprimir na Arquidiocese, ele respondeu que, a princípio, pretendia conhecer a Igreja e a realidade da capital paulista. “Devemos ser fiéis para dar respostas adequadas às pastorais […] Primordialmente, isso significa acentuar a evangelização, conduzir o povo de Deus à adesão a Jesus e à Igreja. Uma vez feita essa adesão, vem a prática do amor aos mais sofridos, como consequência do que Jesus nos pede. Não dá para separar uma coisa da outra, mas a missão da Igreja é despertar a religiosidade do povo e como consequência ou quase simultaneamente vem a solidariedade aos pobres. A solidariedade cristã é uma consequência da adesão a Jesus”, enfatizou.

Também eram preocupações do novo Arcebispo desafios como a evangelização de uma grande metrópole. Já naquela época, ele reforçava uma ideia bastante ressaltada atualmente pelo Papa Francisco: “Como sair de nossas paróquias e ir ao encontro do povo”. Outro desafio que ele tinha claro era a pobreza: “As carências materiais básicas, geradas pela falta do emprego, comida, escola…”

Juramento de fidelidade

Em seu primeiro artigo na coluna ‘Encontro com o Pastor’, publicada na edição de 27 de maio de 1988 do jornal O SÃO PAULO, Dom Cláudio transcreveu seu juramento de fidelidade como Arcebispo Metropolitano:

“Eu, Cláudio Hummes, promovido à Sede Arquiepiscopal de São Paulo, serei sempre fiel à Igreja Católica e ao Romano Pontífice, pastor supremo, sucessor de São Pedro Apóstolo no primeiro mandato dessa mesma Igreja e Cabeça do Colégio dos Bispos. Acatarei livremente as decisões emanadas do poder do Supremo Pontífice para a Igreja, e cuidarei de promover e defender as ordens vindas da sua autoridade. Reconhecerei e observarei as prerrogativas e ofícios dos delegados do Romano Pontífice, pois que representam o supremo pastor”, afirmou. 

O Prelado reiterou, ainda, que teria particular aplicação durante o exercício do mandato a ele confiado para com todos na Arquidiocese: “Reconhecerei a dignidade dos leigos, sabendo que eles são parte importante da igreja e favorecerei as obras missionárias para a evangelização dos povos”.

(Por Fernando Geronazzo)

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários