Comissão para a Liturgia realiza formação sobre o espaço sagrado

Ruy Halasz

No sábado, 26, no Centro Universitá­rio Assunção, na Vila Mariana, cerca de 250 pessoas, de diversas paróquias da Ar­quidiocese de São Paulo, participaram de um encontro de formação litúrgica, pro­movido pela Comissão Arquidiocesana para a Liturgia.

Guto Godoy, convidado a assessorar a atividade, é graduado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, também tendo feito estudos de Arte e Arquitetura para a Liturgia no Pon­tifício Ateneu Santo Anselmo de Roma, discorreu sobre o tema “O Espaço Litúrgi­co: Teoria e Prática”, com a proposta de es­clarecer os fundamentos antropológicos e históricos do espaço sagrado, a simbolo­gia do espaço cristão e fazer uma aborda­gem acerca da arte sacra como aquela que celebra o Mistério Pascal de Cristo.

O ESPAÇO SAGRADO

Guto Godoy iniciou fazendo a distin­ção entre espaço e lugar: o primeiro nos é dado; o segundo nós o construímos, dando-lhe significado. Ele distinguiu o espaço comum, do cotidiano, daquele em que o sagrado se manifesta e que se torna um lugar separado, no qual o ser humano pode se reconectar com o divino e com os demais, espaço que orienta a vida.

Em seguida, Guto discorreu sobre o espaço sagrado na tradição judaico-cristã, passando pelo Antigo Testamento até chegar à história e simbologia do espaço cristão, fazendo uma retrospectiva sobre diversos períodos: da era apostólica até o Edito de Milão e as mudanças ocorridas após o III século da era cristã, tocando aspectos da arquitetura cristã e da arte sacra também nos períodos posteriores, destacando vários estilos surgidos ao longo do tempo: o românico, o gótico, o renascentista, o barroco e sua relação com a chamada contrarreforma e, por fim, o período do Movimento Litúrgico que antecedeu o Concílio Vaticano II para, finalmente, chegar ao período pós-conciliar.

Também discorreu sobre a simbologia do espaço cristão, à luz da constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Liturgia, e recordando que tudo o que diz respeito à arte e arquitetura no espaço sagrado deve refletir e remeter ao Mistério Pascal de Cristo. Afirmou, ainda, que estamos em um período de busca da síntese entre o que a tradição nos legou e o que a cultura contemporânea tem a oferecer neste sentido, para que a arte sacra e a Liturgia devidamente inculturada fale hoje ao homem.

A ARTE SACRA E A ARTE RELIGIOSA

O assessor do encontro repassou também todos os elementos que compõem o espaço sagrado litúrgico-sacramental e, por fim, discorreu sobre a arte sacra ou litúrgica como tal, distinguindo-a da arte religiosa. A primeira, retomando o conceito do ícone, busca ser uma janela que nos permite contemplar o Mistério, sem tentar reproduzi-lo exatamente, mas torná-lo presente por meio de símbolos, tendo como fonte a Escritura, a Tradição e a Liturgia como celebração e atualização do Mistério Pascal de Cristo. Já a arte religiosa é naturalista, remete a um determinado período histórico, depende do gosto do artista, fixa o olhar do que a contempla em si mesma, não tendo conexão com o Mistério nem com Liturgia e pode levar, inclusive, a uma forma de idolatria.

Ao final do encontro, Guto Godoy dialogou com os participantes, indagando-os se nossas igrejas têm sido espaços sagrados que ajudam a mergulhar no Mistério Pascal de Cristo, celebrá-lo e vivê-lo.

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