O SÃO PAULO dá sequência à série de reportagens sobre as obras jesuíticas na capital paulista e Grande São Paulo
por Percival Tirapeli (especial para O SÃO PAULO)
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A igreja do Pateo do Collegio é o marco da fundação de São Paulo e, durante quatro séculos, o centro urbanístico da cidade, ao redor do qual toda urbe se desenvolveu.
Segundo Lúcio Costa (1902-1998), arquiteto e urbanista, a igreja jesuítica deveria sempre ser localizada na trama urbana, diante de um terreiro onde o povo pudesse se reunir e andar livremente. A primitiva capela de 1554 foi substituída. Em sua segunda construção, fez-se uma grande torre, depois demolida, sobre a qual Lúcio Costa comenta que tinha acabamento agudo, mas com telhado, por ser em estrutura de pedra e barro e, assim, exigir proteção adequada.
O conjunto paulistano foi transformado em Palácio do Governo em 1759 e assim permaneceu até 1936. Sua igreja ruíra em 1886, mas foram conservadas partes de seus ricos altares. Todo o conjunto desapareceu em 1953 e, no aniversário dos 400 anos da cidade, o terreno foi devolvido aos jesuítas, que em 1968 construíram um conjunto fac-similar, inaugurado em 1979. Lá colocaram partes dos antigos altares, retirados em 2010, depois de intensa reforma no presbitério. O terreno foi devolvido aos jesuítas pela Prefeitura em 1986 e, em 2015, o local do nascimento da cidade foi reconhecido e tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP).
A nova Igreja
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Templo, redesenhado no início do século XXI, tem novo presbitério com demarcadas linhas contemporâneas
Na igreja redesenhada no início do século XXI, há um novo presbitério de linhas contemporâneas. O forro da capela-mor foi concebido à maneira antiga de caixotões. No Memorial de São José de Anchieta, à esquerda, junto à entrada, está a preciosa relíquia, no caso, o fêmur do inaciano. Anchieta é reconhecido pelas inúmeras subidas pelos caminhos da Serra do Mar, entre Santos e São Vicente, estendendo-se até o estado do Espírito Santo, onde faleceu.
O Museu Anchieta
O Museu Anchieta mostra, logo na entrada, a maquete do local da fundação da vila em 1554 e obras alusivas à primeira missa celebrada em Piratininga. Entre as preciosas obras da antiga capela, duas imagens em argila, de São Francisco Xavier e Santo Inácio, e duas colunas originais do retábulo-mor. São testemunhas da missão de ensino da Companhia na formação de artífices indígenas que executaram as talhas dos altares.
Nas fundações da nova construção, denominada Cripta, conservam-se as fundações da segunda igreja do ano 1671. A este testemunho arquitetônico soma-se a parede de taipa de pilão (1630), salva da demolição de 1953 – atualmente visível no café do pátio interno. A escultura Evangelho na Selva representa Anchieta catequizando Bartira, filha do cacique Tibiriçá. Como lembrança do colégio reformado pela arquitetura eclética, há três grandes capitéis – parte superior de coluna – em estilo jônico. O quarto capitel está na base do altar da Catedral da Sé.
Homenagem aos jesuítas
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Glória imortal aos fundadores de São Paulo é o gran- de monumento feito por Amadeo Zani (1869 – 1944), instalado no Pateo do Collegio em 1925, e mostra a ação dos jesuítas: a Confederação dos Tamoios, na qual An- chieta teve papel de intermediador e refém; a Catequese dos índios, com o Padre Manoel da Nóbrega em uma canoa; o Apaziguamento das tribos, por Tibiriçá e, por fim, Diálogos da fé, com a celebração da missa pelo Padre Manoel de Paiva. Quatro medalhões homenageiam Martim Afonso de Souza, o rei Dom João III, o Papa Júlio III e Nóbrega. Acima dos fundadores, o árduo tra- balho dos indígenas para a construção do colégio, com jarros de água e terra para fazer a taipa de pilão, construída pelo padre Afonso Braz.
PATEO DO COLLEGIO Praça Pateo do Collegio, 2 Centro Histórico de São Paulo CEP: 01016-040 – São Paulo (SP) Telefone: (11) 3105-6899 |