Ritos foram presididos pelo Cardeal Scherer, no Dia Mundial dos Pobres, no templo localizado no Jardim Fontalis, na periferia da zona Norte da Cidade

Ao celebrar os 25 anos de criação da Paróquia Natividade do Senhor, no Jardim Fontalis, Decanato São Matias da Região Santana, os paroquianos viveram um dia de júbilo, com renovação da fé, memórias e graças a Deus, no domingo, 16: em missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, foi realizada a dedicação do templo e a consagração do altar. Entre os concelebrantes esteve o Padre Andrés Gustavo Marengo, Administrador Paroquial.
DE DOAÇÃO EM DOAÇÃO

Há 25 anos à frente da Paróquia Natividade do Senhor, Padre Andrés recordou o início simples da comunidade, inicialmente vinculada à Paróquia Nossa Senhora do Carmo, e que foi erigida como Paróquia no Jubileu do ano 2000: “Foi um dos gestos concretos da Igreja em São Paulo naquele ano”.
O Sacerdote lembrou que a vida pastoral começou com grupos bíblicos, de oração e de reflexão. “Eram famílias que foram constituindo o que seria a futura Paróquia”.
“Em 2005, começamos a procurar um terreno. Fizemos uma campanha, um pedaço de madeira dizendo ‘Eu colaborei’. As pessoas davam R$ 10, e o sonho foi crescendo”, lembrou o Padre, emocionado.
O terreno atual, de 30 metros de frente por 150 metros de profundidade, foi doado por um benfeitor. “A partir de 2009, começaram as obras da igreja, graças a rifas, festas, quermesses e doações. Ganhamos dois caminhões de laranja da Bahia. Saíamos vendendo laranja pelas ruas do bairro. Vendíamos até feijão que ganhávamos como doação. Foi tudo com esforço e com a mão de Deus conduzindo,” recordou Padre Andrés.
EVANGELIZAÇÃO NA PERIFERIA

Atualmente, cerca de 2 mil pessoas participam das três missas dominicais na matriz. “Aqui é periferia, e o grande desafio é manter viva a chama da fé”, afirma o Sacerdote.
Um dos pontos fortes é o engajamento dos jovens e das famílias. “Temos o envolvimento de centenas de jovens na Crisma, além do encontro de casais. Há 12 anos, iniciamos as células paroquiais de evangelização. Hoje, são 34 células de casais, jovens e mistas”, detalhou, destacando ainda o forte trabalho em formação bíblica.
Na matriz há atualmente 67 ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, cerca de 70 cerimoniários e coroinhas. Na Catequese, estão aproximadamente 300 crianças; 180 jovens participam dos grupos de Crisma e há 70 adultos em preparação para os sacramentos da Iniciação Cristã.
A ação social é uma marca da Paróquia, tanto na igreja matriz quanto nas Comunidades Sagrada Família, São Judas e São Francisco.
“Temos a Pastoral Social, os Vicentinos, a Pastoral da Criança e a Associação Bom Samaritano Misericordioso”, detalha o Sacerdote, mencionando ainda o trabalho de voluntários, como advogados, psicólogas, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais que atendem mensalmente.
“Atualmente são cerca de 50 famílias cadastradas para receber cestas básicas. Daqui ninguém sai de mãos vazias”, assegura o Sacerdote.
Aos sábados, os fiéis se organizam para limpeza, manutenção e pequenas obras no templo. “Há pedreiro, eletricista, marceneiro, todos voluntários”, menciona o Padre.
‘AQUI NÓS VAMOS AO ENCONTRO DELE’

Na homilia da missa de dedicação, Dom Odilo disse que acompanha a história da comunidade desde quando chegou a São Paulo em 2002, como Bispo Auxiliar. E ao recordar que naquele domingo se celebrava o Dia Mundial dos Pobres, destacou que “dedicar esta igreja, fruto do trabalho de tantos pobres, é muito bonito e significativo”.
Recordando a liturgia do dia, o Cardeal explicou que o templo é lugar do encontro entre o povo e Deus: “Aqui nós vamos ao encontro Dele, e Ele nos espera para nos ouvir; e, também, para ouvirmos o que Deus tem hoje a nos dizer”.
O Arcebispo enfatizou que após a dedicação, o templo se torna “lugar santo”, e, assim, deve ser preservado de usos incompatíveis com a fé. Também recordou que tudo o que está na igreja remete a Cristo: o altar, as cruzes e a própria liturgia. “Na igreja, tudo fala de Jesus”, afirmou.
“O altar representa a mesa da última ceia, Jesus que se imolou na cruz”, prosseguiu o Cardeal, lembrando, também, que Jesus Eucarístico sempre está no tabernáculo. Desse modo, a igreja é um espaço contínuo de encontro com o Senhor. “A igreja é também a Casa da Palavra, na qual o povo deve ser alimentado abundantemente por ela”.
DEUS JUNTO AOS QUE SOFREM

Ao comentar sobre o nome da Paróquia Natividade do Senhor, Dom Odilo destacou que o mistério da Encarnação está no centro da fé cristã: “O Filho de Deus se fez humano para se entregar a nós como alimento, como pão”.
O Arcebispo lembrou, porém, que o encontro com Cristo não se dá apenas no templo: “Jesus quis ser encontrado no pobre, no doente, naquele que sofre”. Por fim, a todos exortou às obras de misericórdia: “Não percamos as oportunidades de encontrar Jesus no próximo. Um dia Ele dirá: ‘Aquilo que você fez ao menor dos meus irmãos, foi a mim que fez’”.
RITOS DA DEDICAÇÃO

A liturgia da dedicação começou com o Arcebispo abençoando a água e aspergindo os fiéis, as paredes da igreja e o novo altar. Depois, abençoou a cadeira da Presidência. Após o Glória, o lecionário foi depositado sobre o ambão, também abençoado.
Após a homilia e a profissão de fé, foi entoada a Ladainha de Todos os Santos; e, na sequência, depositadas sob o altar as relíquias de São José de Anchieta, Santa Paulina, São Vicente Maria Strambi, São Gabriel da Virgem Dolorosa, Santa Maria Goretti, Santa Gemma Galgani, São Paulo da Cruz e do Beato Henrique Angelli e companheiros mártires Riojanos.
Passou-se, então, ao momento central do rito: a prece de dedicação, após a qual o Arcebispo ungiu o altar com o óleo do Crisma, tornando-o símbolo de Cristo, o Ungido por excelência. Depois, ele ungiu as 12 cruzes nas paredes da igreja.
O rito prosseguiu com a incensação do altar e do templo. Também foram incensados o povo e as paredes da igreja. Houve, ainda, o revestimento do altar, indicando-o como lugar do sacrifício eucarístico e mesa do Senhor, em torno do qual o sacerdote e os fiéis celebram o memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Por fim, foram acesas as velas nas laterais do altar e sobre as 12 cruzes nas paredes; e houve a iluminação do altar e da igreja, para lembrar que Cristo é “luz para a revelação dos povos”.

Agentes dos 25 anos de história
“Cheguei aqui no início de tudo. Foram muitos desafios enfrentados, muitas conquistas alcançadas graças à fé e ao engajamento comunitário, que colocou a mão na massa e os joelhos em oração”.
(Anderlinda Albuquerque de Lima, 51, secretária paroquial há 25 anos)
“A realização do sonho dessa comunidade se concretizou com a ajuda e o esforço de muitos. São 25 anos de caminhada. Estamos nesse espaço que é a casa de oração e de acolhimento. É a casa de Deus para o povo”.
(Wilson Murakami, coordenador da Pastoral do Dízimo)
“Vivemos no bairro desde 1993. Acompanhamos toda a história dos 25 anos desta Paróquia. Aqui vimos o milagre da multiplicação acontecer em vários momentos. Deus é bom e nos proporcionou viver este momento de dedicação”.
(Orides Parise Luppi, 71, e Maria das Graças Calixto Luppi, 72, ministros extraordinários da Sagrada Comunhão)






