Dízimo: compromisso de fé e parte integrante da ação evangelizadora

A Arquidiocese de São Paulo promoveu no dia 7, um encontro de formação sobre a Pastoral do Dízimo. O evento, realizado na Paróquia Nossa Senhora da Consolação, no Centro, foi transmitido pelas plataformas digitais.

Destinado aos padres, coordenadores e agentes de pastoral, o encontro teve como tema “Pastoral do Dízimo pós-pandemia. O novo normal do dízimo”, assessorado pelo Padre Welington Cardoso Brandão, Pároco da Paróquia Imaculado Coração de Maria, na Região Episcopal Sé.

Compromisso

Referente ao quinto mandamento da Igreja, “Ajudar a Igreja em suas necessidades”, o dízimo tem a finalidade de organizar o culto divino, prover o sustento do clero e dos demais ministros, praticar obras de apostolado, de missão e caridade, principalmente em favor dos pobres.

O dízimo também está relacionado à fé e à pertença a uma comunidade e torna o batizado corresponsável com a vida e missão da Igreja, não apenas para a manutenção da estrutura material do templo e seus ministros, mas, também, para o sustento das iniciativas pastorais, especialmente as de caridade e socorro aos mais necessitados.

Essa prática remonta à experiência vivida pelos primeiros cristãos, como está relatado nos Atos dos Apóstolos: “Todos os fiéis, unidos, tinham tudo em comum; vendiam as propriedades e os seus bens e dividiam o preço entre todos, segundo as necessidades de cada um” (At 2,44; 4,32-34).

Evangelização

Na conferência, Padre Welington ressaltou que o dízimo vai além de uma questão financeira, pois é parte integrante do processo de evangelização. “O dízimo é uma contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada comunidade assume de forma corresponsável a sustentação da Igreja”, afirmou.

Nesse sentido, o Sacerdote enfatizou que o dízimo não pode ser compreendido apenas como uma forma de captação de recursos para manter as atividades eclesiais, mas como uma pastoral. “Quando contribuo com minha comunidade, estou ajudando não apenas financeiramente, mas também afetivamente, ou seja, é o coração que é doado às pessoas, acima do dinheiro”, completou. Embora a palavra dízimo signifique a “décima parte” que os judeus davam de tudo o que colhiam da terra com o seu trabalho, nem o Catecismo da Igreja Católica nem o Código de Direito Canônico obrigam que essa “parte” seja exatamente 10% do salário de cada fiel.

Ao contrário das ofertas das missas e doações esporádicas dos fiéis, as paróquias contam com o dízimo justamente por seu caráter sistemático, que permite que as comunidades tenham condições de arcar com as diversas despesas fixas, como a manutenção de suas instalações, o pagamento de funcionários e seus respectivos encargos sociais, as despesas com água, eletricidade, telefone, internet, o sustento dos ministros ordenados, a aquisição de itens de higiene, material de limpeza e despesas essenciais, como alimentação.

Pandemia

Ao falar dos desafios trazidos pela pandemia da COVID-19, o Sacerdote acentuou que as comunidades foram estimuladas a usar de criatividade para repensar seus métodos. Distantes presencialmente das comunidades, os fiéis tiveram que tomar consciência de que o socorro da Igreja em suas necessidades materiais devia continuar.

Da mesma forma que as comunidades recorrem às mídias digitais para continuar a realizar suas atividades religiosas e evangelizadoras durante a pandemia, as plataformas tecnológicas também têm sido um caminho para que os fiéis continuem ajudando a Igreja em suas necessidades. Mesmo antes do coronavírus, muitas paróquias já disponibilizavam uma maneira de os fiéis realizarem suas doações e dízimos por meio de depósitos e transferências bancárias. Agora, com o isolamento social, essa realidade tem sido muito mais comum.

(Colaborou: Flavio Rogério Lopes)

A INCIDÊNCIA DO DÍZIMO NA VIDA DA IGREJA

– As finalidades do dízimo decorrem de sua natureza e dimensões;

-O dízimo deve coincidir com as “obras de apostolado” da Igreja;

-O dízimo está relacionado com o crescimento e a vivência da fé;

-Ele cresce conjuntamente com a qualidade de vida cristã;

-O dízimo é utilizado para organizar o culto divino, prover o sustento do clero e demais ministros, praticar obras de apostolado, de missão e de caridade;

-No Código de Direito Canônico: “Os fiéis têm obrigação de socorrer as necessidades da Igreja”, para exercer os seus fins (cân. 222 §1);

-O dízimo deve ser usado para promover a justiça social e socorrer os necessitados;

-As comunidades devem fazer uma motivação permanente de cultivo integral do dízimo;

-Ele se sustenta a partir da experiência de Deus na vida cristã;

-O dízimo não se sustenta quando a preocupação é só com os dividendos.

(Fonte: “O dízimo na comunidade de fé – Orientações e propostas” – CNBB, 2016)

Assista à íntegra do Encontro de Formação da Pastoral do Dízimo:

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