Dom Odilo, 75 anos: do interior do Paraná a Arcebispo de São Paulo e Cardeal da Igreja

Em foto registrada em 1951, Dom Odilo Scherer é o terceiro sentado da esquerda para a direita,
com os pais e cinco dos seus 11 irmãos, em frente à casa da família nos arredores de Toledo (PR)

Arquivo pessoal de Dom Odilo Pedro Scherer

Gaúcho de Cerro Largo, filho dos agricultores Edwino Scherer e Francisca Wilma Steffens Scherer, Odilo Pedro Scherer nasceu em 21 de setembro de 1949. Quando ele ainda tinha dois anos de idade, a família se mudou para Toledo, no oeste do Paraná, fixando-se em Dois Irmãos, distrito do referido município.

Sua família era bastante religiosa. Em casa, Odilo e seus dez irmãos cultivavam a fé e rezavam com frequência, em dialeto alemão, a língua falada habitualmente em casa, pois ele foi aprender português somente na escola.

Todo domingo, a família ia à igreja. Seu pai era uma das lideranças da pequena comunidade que, inicialmente, pertencia à extinta Prelazia de Foz do Iguaçu. Foi como liderança comunitária que, em 1960, Edwino participou da instalação da recém-criada Diocese de Toledo e da posse de seu primeiro Bispo, Dom Armando Círio. Retornando à casa após a celebração, compartilhou com entusiasmo que o Bispo havia anunciado o desejo de abrir um seminário diocesano. Então, o patriarca disse que o próximo filho que desejasse ser padre (pois outros dois chegaram a passar pelo seminário), iria para o “Seminário do Bispo”. E este foi justamente Odilo, que já cultivava em seu coração o chamado para o sacerdócio, sendo o primeiro aluno matriculado do seminário diocesano, em 1962, quando tinha apenas 12 anos.

Dom Odilo ingressou no seminário no mesmo ano do início do Concílio Vaticano II (1962-1965) e viveu em sua formação todo o impacto do período pós-conciliar, sendo ordenado sacerdote em 7 de dezembro de 1976.

Ordenação Presbiteral
Arquivo pessoal de Dom Odilo Pedro Scherer

Na Diocese Toledo, exerceu diversas funções pastorais. Em 1994, foi chamado para trabalhar em Roma como oficial da então Congregação para os Bispos, cargo que desempenhou até 28 de novembro de 2001, quando São João Paulo II o nomeou Bispo Auxiliar de São Paulo. Sua ordenação episcopal ocorreu em 2 de fevereiro de 2002, na Catedral de Toledo. O lema episcopal escolhido foi o mesmo da ordenação sacerdotal: “In meam commemorationem”, (“Em memória de mim” – Lc 22,19).

Como Bispo Auxiliar da Arquidiocese, Dom Odilo foi designado Vigário Episcopal para a Região Santana, função que exerceu até 2005. Entre 2003 e 2007, também foi Secretário-geral da CNBB.

Em 20 de março de 2007, com a nomeação do Cardeal Cláudio Hummes como Prefeito da Congregação para o Clero, no Vaticano, o Papa Bento XVI nomeou Dom Odilo como 7º Arcebispo de São Paulo.

Em 24 de novembro de 2007, o mesmo Pontífice o tornou Cardeal da Igreja. Atualmente, ele é membro de diversos organismos da Cúria Romana, participou do conclave em que foi eleito o Papa Francisco, em 2013, além de participar dos Sínodos dos Bispos de 2008, 2012, 2014 e 2015.

Missa em Ação de Graças pelos 75 anos de Dom Odilo
Luciney Martins/O SÃO PAULO

‘DEUS HABITA ESTA CIDADE’

Como Arcebispo, o Cardeal Scherer celebrou, em 2008, o centenário da Arquidiocese. Essas comemorações tiveram como referência o versículo bíblico “Deus habita esta cidade” (Sl 47,9), que logo se tornou um lema para a vida e a missão da Igreja em São Paulo.

Em 2010, Dom Odilo convocou o 1º Congresso Arquidiocesano de Leigos, com o objetivo de aprofundar a reflexão sobre a vida e a missão dos cristãos leigos na Igreja e na sociedade como “sal da terra a luz do mundo”. Na ocasião, ele destacou o papel dos leigos como membros vivos da Igreja, não apenas no seu âmbito interno, mas, principalmente, nas múltiplas realidades da sociedade.

Em 2017, o Cardeal Scherer fez outra proposta audaciosa: a realização de um sínodo arquidiocesano, convidando a Igreja em São Paulo a “olhar-se no espelho”, refletir sobre sua presença e missão da cidade, perguntar-se se a atual organização pastoral, administrativa correspondem aos desafios atuais da sociedade.

Abertura do 1º Sínodo Arquidiocesano de São Paulo
Luciney Martins/O SÃO PAULO

O sínodo teve como tema “Caminho de comunhão, conversão e renovação missionária” e o lema retomou o mote do centenário: “Deus habita esta cidade, somos suas testemunhas”. A conclusão ocorreu em 2023. Neste momento, está em curso a etapa pós-sinodal, com a reorganização administrativa e pastoral da Arquidiocese.

“Toda a vida e ação da Igreja tem que estar orientada segundo aquilo que é a sua finalidade: o anúncio do Evangelho, a glorificação de Deus e a santificação do homem, e o testemunho do Evangelho e do reino de Deus no mundo”, explicou Dom Odilo, durante entrevista ao programa “Construindo Cidadania”, da rádio 9 de Julho, na quinta-feira, 19.

Dom Odilo também estimulou, em âmbito arquidiocesano, a vivência do Ano Paulino (2008-2009), do Ano Sacerdotal (2009-2010) e do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia (2015-2016). Suas seis cartas pastorais permitem compreender as questões que inquietam o coração do pastor da maior Arquidiocese do Brasil, além de apontarem os caminhos a serem trilhados pela Igreja em São Paulo.

ABRAÇAR SÃO PAULO

Ainda à rádio 9 de Julho, Dom Odilo destacou que, ao longo destes mais de 22 anos na capital paulista, percebeu ser preciso abraçar São Paulo, entendê-la, “revestir-se da cidade e da Igreja na cidade” para ser seu pastor, algo que, afirmou, fez com coragem e confiança, tendo como inspiração seus antecessores e olhando para os desafios presentes postos à Igreja em São Paulo.

“A gente aprende todos os dias em São Paulo, mas devo dizer que hoje já me sinto um paulistano, como tantas outras pessoas que não nasceram aqui, mas aqui botaram o pé, se entrosaram e assumiram a sua parte e sua missão na cidade”, destacou.

Ao final da entrevista, Dom Odilo enfatizou que a Igreja sempre deve ser entendida como o povo de Deus reunido em torno da Eucaristia e da Palavra de Deus, e enviado para o meio do mundo para testemunhar o Evangelho, e que a Arquidiocese se constitui como uma grande comunidade eclesial, formada por pequenas comunidades, seja na perspectiva geográfica, seja por comunidades religiosas.

“E cada comunidade tem a sua importância com as suas múltiplas expressões, seus carismas diferentes. No fundo, é isso que o Papa fala com a proposta da Igreja mais sinodal”, concluiu.

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ARMANDO LEONARDO e CINIRA F.L.
ARMANDO LEONARDO e CINIRA F.L.
1 mês atrás

PARABENS CARDEAL DOM SHERER PARABENS PELO DEU MINISTERIO QUE DEUS CONTINUE ABENÇOANDO O SENHOR AMÉM.

José Alfonso Horn
José Alfonso Horn
1 mês atrás

Parabéns Dom Odilo Sherer. Que Deus lhe ilumine para bem conduzir o rebanho.