Dom Odilo: ‘Deus habita aqueles que são sinceros e retos de coração’

(Foto: Bruno Melo)

Na missa desta segunda-feira, 15, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, destacou o desejo de Deus de estender a mão àqueles que erram, para que retornem ao bom caminho.

A Eucaristia, celebrada na capela da residência arquiepiscopal, foi transmitida pela rádio 9 de Julho e pelas mídias digitais da Arquidiocese.

Sinal do céu

O breve trecho do Evangelho do dia (Mc 8,11-13) destaca a reação de jesus diante da falsidade e da tentativa dos fariseus de colocá-lo a prova, pedindo-lhe um sinal do céu. O Senhor, então, responde: “Por que esta gente pede um sinal? Em verdade vos digo, a esta gente não será dado nenhum sinal”.

“Jesus já havia dado muitos sinais do céu com tantas curas de doentes, expulsão de demônios, tempestade acalmada. Com tantos sinais e com a Palavra anunciada com sabedoria e estes fariseus pedem mais um sinal”, observou o Cardeal, na homilia, sublinhando que o verdadeiro objetivo desses mestres da lei não era reconhecer os sinais de Deus, mas encontrar um motivo para condenarem Jesus.

“A sinceridade, a abertura de coração para acolher os sinais de Deus são fundamentais para que Deus continue a agir. Sem isso, cria-se uma barreira, o que Jesus chama de pecado contra o Espírito Santo, quando não se aceitam as evidências dos sinais divinos”, enfatizou o Arcebispo.

Em  seguida, Dom Odilo chama a atenção para a oração litúrgica desta 6ª semana do Tempo Comum, que diz: “Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós”.

“Deus habita aqueles que são sinceros e retos de coração”, afirmou o Cardeal, ressaltando que onde há falsidade, fingimento e corrupção, Deus não pode habitar, mas, sim, o diabo.

Caim e Abel

A primeira leitura (Gn 4,1-15.25) narra a história a morte de Abel, assassinado pelo próprio irmão, Caim. Ao comentar esse texto, Dom Odilo salientou que esse fratricídio é uma expressão dolorosa da violência que vem como consequência do pecado.  “Caim segue as más inspirações de seu coração, que não é sincero, e mata Abel por inveja”, observou.

O Arcebispo refletiu, ainda, que enquanto Abel oferecia para Deus os bons frutos de seu trabalho e de seu coração, Caim, ofertava os “frutos podres” da corrupção, da falta de retidão. “O texto diz que a oferta de Abel subiu ao céu, agradou a Deus. Já a oferta de Caim não foi aceita”, completou.

Mesmo após ser repreendido por Deus, Caim ainda continua a mentir e fingir que não tem nada a ver com seu irmão e diz a Deus: “Por acaso sou guarda do meu irmão?”. “Deus cobra de Caim o seu pecado, a sua violência. Ele se arrepende e o Senhor também estende a mão a Caim”, chamou a atenção Dom Odilo, ressaltando que Deus condena o ato de Caim, mas quer salvá-lo, protegê-lo e ampará-lo.

“Isso mostra como, desde o começo da história da humanidade, Deus conduz o homem nos bons caminhos, repreende quando erra, mas não o condena e quer salvá-lo. Quer estender a mão àqueles que erram, para que retornem ao bom caminho”, completou o Cardeal, pedindo a Deus, por fim, a virtude da retidão, da sinceridade nas relações com Deus e com o próximo.

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