‘Os santuários são lugares de especial acolhida da presença e da ação de Deus entre os homens, que se dirigem ao seu encontro para adorar, agradecer, suplicar e fazer a experiência da misericórdia de Deus’, disse o Cardeal Scherer
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
O Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora da Salette, localizado na Rua Dr. Zuquim, 1.746, no Alto de Santana, ficou cheio de fiéis e peregrinos, na quinta-feira, 19, para homenagear, agradecer e pedir bênçãos à padroeira, Nossa Senhora da Salette.
Ao todo, aconteceram seis missas e aproximadamente 15 mil pessoas passaram no templo. A missa das 20h foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e concelebrada pelos Padres Marcos Almeida, Pároco e Reitor, e Luciano Batista, MS.
PRESENÇA EVANGELIZADORA
Em 2024, estão sendo celebrados os 120 anos da presença no Brasil dos padres da Congregação dos Missionários de Nossa Senhora da Salette (MS). Os padres Saletinos, como são conhecidos, também rendem graças a Deus pelos 178 anos da aparição da Virgem Maria às crianças Maximino e Melânia, em La Salette, uma aldeia dos Alpes, na França, ocorrida em 1846, e pelos 84 anos da fundação da Paróquia na zona Norte da cidade.
A história deste templo se entrelaça com o desenvolvimento do bairro de Santana e a chegada dos primeiros Saletinos ao Brasil. Em 1902, o Padre Clemente Henrique Moussier, MS, desembarcou no porto de Santos (SP) e partiu para o primeiro campo de missão dos Saletinos no País, a cidade de Itu (SP).
Em 1904, os Saletinos chegaram à capital paulista e assumiram a Paróquia Sant’Ana, por lá permanecendo entre 1904 e 1986, quando a administração retornou à Arquidiocese.
Na época da chegada dos Saletinos, o bairro de Santana era composto por fazendas, chácaras e alguns conglomerados de casas e famílias, uma realidade bem diferente da atual, marcada por avenidas e grandes edifícios.
No final dos anos 1930, Dom José Gaspar d’Afonseca e Silva, então Arcebispo Metropolitano, expressou o desejo de criar uma paróquia sob o título de Nossa Senhora da Salette. Em 1940, os religiosos construíram o templo. Em 1952, foi lançada a pedra fundamental da nova matriz. Já em 2022, a paróquia foi elevada a Santuário Arquidiocesano.
‘RECONCILIAI-VOS’
Na homilia da missa solene, Dom Odilo recordou que a mensagem de Nossa Senhora da Salette faz um chamado à reconciliação, ao perdão e à busca da paz. “Sua mensagem é sempre atual para o nosso tempo e continua a valer, pois está presente no coração do Evangelho: Jesus veio para reconciliar os pecadores. Maria nos atualiza a mensagem do Evangelho e nos exorta para que a acolhamos e a vivamos como ela mesma a viveu”, disse.
Nessa perspectiva, o Purpurado exortou: “reconciliai-vos com Deus e com os irmãos”, destacando que na comunidade cristã não cabem brigas, violências ou insulto, e o mesmo vale para as relações familiares: “Em vossas famílias, não deixem acabar o dia sem pedir o perdão. Reconciliai-vos”, afirmou.
ENTREGA DO ESTATUTO
Durante a celebração, o Arcebispo Metropolitano também entregou o estatuto Santuário, ou seja, as regras que regem sua ação e missão. “Os santuários são lugares de especial acolhida da presença e da ação de Deus entre os homens, que se dirigem ao seu encontro para adorar, agradecer, suplicar e fazer a experiência da misericórdia de Deus”, explicou.
Dom Odilo agradeceu a presença “missionária e evangelizadora dos religiosos [Saletinos] que chegaram em 1904 e muito contribuíram na propagação da fé e da devoção mariana em nossa Arquidiocese”.
Padre Marcos Almeida ressaltou que a Paróquia Nossa Senhora da Salette já nasceu com a vocação e a missão de santuário: “Nossa missão é conduzir os fiéis ao encontro com Deus, proporcionando aos romeiros e paroquianos o atendimento permanente do sacramento da Reconciliação. Diariamente, dois padres estão à disposição para a Confissão. Peregrinos de toda a Arquidiocese vêm ao Santuário em busca de paz, silêncio e em busca do sacramento”.
O Pároco e Reitor comentou que a entrega do estatuto do Santuário é um momento de ação de graças e confirmação da missão realizada pelos religiosos. “Atualmente, somos três sacerdotes a serviço da Paróquia. As nossas diretrizes estão pautadas no estatuto que nos orientam a primar pelo atendimento das confissões, renovam e reafirmam nosso compromisso e fidelidade pastoral”, afirmou.
A SERVIÇO DA VIDA
Entre as pastorais e movimentos presentes na Paróquia Nossa Senhora da Salette estão a da Comunicação, da Catequese, do Dízimo, da Liturgia, dos Acólitos e Coroinhas; e o Grupo de Oração.
Ao lado da igreja fica o Centro de Assistência Social “Nossa Senhora da Salette”, fundado em 1963, que atende as famílias em situação de vulnerabilidade social.
Padre Marcos afirmou que as atividades do Centro Social são de caráter socioassistencial, promocional, educacional e cultural. “No prédio de três andares nossa prioridade é o atendimento emergencial: doação de remédios, cestas básicas e roupas e a capacitação profissional com cursos técnicos profissionalizantes”, explicou.
O Sacerdote pontuou que a presença da congregação está também registrada em nome de oito ruas do bairro. “Nossa missão evangelizadora é parte fundante da construção do bairro e oito ruas homenageiam sacerdotes Saletinos que por aqui exerceram seu ministério”, afirmou.
FLORES A MARIA
Os fiéis chegaram para a celebração com flores nas mãos para ofertar a Virgem de Salette. Jianice Lolo, 41, é analista de riscos e há nove meses mudou-se para a zona Norte da cidade e passou a frequentar a igreja matriz. “Quando entrei no Santuário, eu me senti abraçada por Nossa Senhora, acolhida pelos padres e paroquianos. Quero colaborar em um dos trabalhos sociais aqui realizados”, afirmou.
Ana Carolina Bracht, 45, é assistente administrativa e mãe da Bianca, 10. “Celebrar o dia de Nossa Senhora é agradecer as infinitas bênçãos recebidas. Maria é a mãe que nos abençoa e protege”, disse. Já Bianca levou flores a Nossa Senhora. “Com essa rosa, agradeço a graça da primeira Eucaristia celebrada aqui no Santuário e o dom da minha família”, disse.
