
“Nós nos alegramos por acolher o dom de novos diáconos para a nossa Arquidiocese, presentes de Deus. As vocações, como dizia São João Paulo II, são a resposta de Deus providente a uma comunidade orante”. Assim afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer na tarde do sábado, 13, na Catedral da Sé, ao saudar a multidão de fiéis e os concelebrantes da missa em que foram ordenados sete diáconos para a Igreja.
Pela imposição das mãos do Arcebispo Metropolitano, receberam o primeiro grau do sacramento da Ordem os seminaristas Fabiano Henrique da Silva, Leonardo de Oliveira Leopoldo, Victor Silva Natali, Vinícius Pinheiro Nunes – todos do Seminário Imaculada Conceição da Arquidiocese de São Paulo; os seminaristas Gilson Ricardo Santos Pereira e Rainério Sapalo Martinho, do Seminário Missionário Arquidiocesano Internacional Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo; e o leigo Celso José Alves da Silva, que iniciou o itinerário formativo na Arquidiocese de Santarém (PA) e o conclui na Escola Diaconal Arquidiocesana São José.

PROMOVER OS SINAIS DO REINO DE DEUS
Na homilia, Dom Odilo, aludindo à liturgia do 3º Domingo do Advento, o Domingo Gaudete (da alegria), ressaltou que a alegria cristã está na certeza de que Deus não se esquece de seu povo e com todos caminha para que construam um mundo melhor e mantenham a esperança de alcançar a plenitude na vida eterna.
O Arcebispo sublinhou que os diáconos, a partir da tríplice missão de servidores da Palavra, do altar e da caridade, devem promover os sinais de que o Reino de Deus está próximo.
“Mediante o ministério da Palavra, vocês poderão não só fazer o leitura do Evangelho nas missas, mas também ajudar a instruir o povo de Deus, promovendo a evangelização, o anúncio do Evangelho e a alegria da fé”, detalhou Dom Odilo.

“O diaconato também é um serviço ao altar, a Jesus Cristo que se doa a nós, o Pão da Vida”, prosseguiu o Cardeal ao lembrar que compete aos diáconos ajudar as pessoas a se prepararem bem para celebrar os sacramentos.
O Arcebispo também explicou que os que recebem o diaconato são chamados a viver intensamente a caridade, assumindo-a “como serviço pessoal e da Igreja, sobretudo em favor dos pobres, enfermos, idosos e as pessoas mais necessitadas e esquecidas, pois foi para isso, em primeiro lugar, que foi instituído o diaconato”. E enfatizou: “Não podemos servir o corpo de Cristo na Eucaristia sem, ao mesmo tempo, servir o corpo de Cristo na Igreja, sobretudo na carne ferida dos nossos irmãos”.

A EXEMPLO DO CRISTO QUE VEIO PARA SERVIR
O rito de ordenação começou após a proclamação do Evangelho, com a apresentação dos candidatos ao diaconato feita pelos reitores de casas formativas: os Padres José Adeildo Pereira Machado (Seminário de Teologia), José Francisco Vitta (Seminário Redemptoris Mater) e Fernando José Carneiro Cardoso (Escola Diaconal São José).
Depois da homilia, no propósito dos eleitos, cada um dos candidatos se comprometeu com as exigências do ministério diaconal: ser consagrado a serviço da Igreja; desempenhar o ministério, com humildade e amor, como colaborador da ordem sacerdotal; guardar o mistério da fé e proclamá-lo por palavras e atos; guardar para sempre o celibato (o que não se aplica ao diácono permanente); perseverar e progredir no espírito de oração; e imitar sempre o exemplo de Cristo. Além disso, prometeram respeito e obediência ao Arcebispo e aos seus sucessores.

Com os candidatos prostrados em frente ao presbitério, foi entoada a Ladainha de Todos os Santos, após a qual passou-se ao momento central: a imposição das mãos do Arcebispo sobre a cabeça de cada um dos eleitos e a prece de ordenação.
“Enviai sobre eles, Senhor, nós vos pedimos, o Espírito Santo que os fortaleça com os sete dons de vossa graça, a fim de exercerem com fidelidade o seu ministério. Resplandeçam neles as virtudes evangélicas: o amor sincero, a solicitude para com os enfermos e os pobres, a autoridade discreta, a simplicidade de coração e uma vida segundo o Espírito. Brilhem em suas condutas os vossos mandamentos, para que o exemplo de suas vidas despertem a imitação de vosso povo e, guiando-se por uma consciência reta, permaneçam firmes e estáveis no Cristo. Assim, imitando na terra vosso Filho, que não veio para ser servido, mas para servir, possam reinar com Ele no céu”, rezou Dom Odilo.

Em seguida, de frente para a assembleia de fiéis, cada um dos novos diáconos foi revestido com a estola e a dalmática. De volta ao presbitério, receberam do Arcebispo o livro dos Evangelhos. “Transforma em fé viva o que leres, ensina aquilo que creres e procura realizar o que ensinares”, disse Dom Odilo a cada um dos neodiáconos, que na sequência receberam o abraço da paz do Arcebispo e dos padres e bispos auxiliares concelebrantes – Dom Carlos Silva, OFMCap., Dom Carlos Lema Garcia, Dom Cícero Alves de França, Dom Edilson de Souza Silva e Dom Rogério Augusto das Neves.
COMEÇO DO EXERCÍCIO MINISTERIAL
Na conclusão da missa, o Diácono seminarista Vinícius, em nome dos demais, agradeceu ao Arcebispo, aos bispos auxiliares, padres formadores, diretores espirituais, professores e colaboradores das casas formativas, bem como aos seus familiares.

Também o Diácono Permanente Celso Alves fez seus agradecimentos. Inicialmente, ele exercerá o diaconato na Região Ipiranga. Já os recém-ordenados diáconos seminaristas farão as atividades próprias do ano diaconal com vistas à futura ordenação sacerdotal.
Antes da bênção final, Dom Odilo cumprimentou os sacerdotes e diáconos que neste mês comemoram aniversários de ordenação, e rezou com a assembleia de fiéis e os concelebrantes a oração pelas vocações e a consagração a Nossa Senhora.
CONHEÇA OS DIÁCONOS

LEONARDO DE OLIVEIRA LEOPOLDO
‘O amor de Cristo nos impele’ (2 Cor 5,14)
Ele sempre tinha uma sensação diferente nas orações comunitárias na capela do colégio mantido pelas Irmãs de São José de Chambéry, onde estudava. Aos 15 anos, Leonardo começou a participar pastoralmente da capela e sentiu o chamado do Senhor ainda mais forte.
Seu ingresso no Seminário Propedêutico ocorreu em 2018. No ano seguinte, foi ao Seminário de Filosofia, e a partir de 2022, ao Seminário de Teologia. “Em vários momentos da formação, ao aprofundar sobre a vida do presbítero, sobre a Igreja, sua história e, principalmente, junto às pastorais, o chamado de Deus foi se confirmando”.
Aos 30 anos, o Diácono seminarista Leonardo deseja ser impelido pelo amor de Cristo, “para bem servi-Lo, anunciando a Palavra de Deus a tantos corações angustiados, sem esperança e que precisam ser recordados do grande amor de Cristo por cada um de nós, sendo fiel para, na prática da caridade, ajudar os irmãos e irmãs em suas necessidades mais diversas, promovendo a dignidade humana”.

VINÍCIUS PINHEIRO NUNES
‘Ao Senhor quero cantar, pois fez brilhar a sua glória’ (Ex 15,1)
A convivência pastoral e o serviço ao altar na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Região Santana, com os Padres Luiz Cesar Bombonato e Eduardo Rodrigues Coelho, ajudaram no despertar vocacional de Vinícius, que teve ainda mais certeza do caminho a seguir, em 2013, durante a acolhida a um grupo de peregrinos de Madri, Espanha, que veio ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, bem como ao participar da oficina de cerimoniários da Região Santana em 2016.
Ele ingressou no Seminário Propedêutico em 2018; no de Filosofia, em 2019, e no de Teologia em 2022: “No seminário, aprendi que a simplicidade de Deus reflete em nossa vida, e entendi que a nossa missão é a de anunciar um Deus que é simples”.
Aos 25 anos, o Diácono seminarista Vinícius deseja “anunciar as maravilhas de Deus, na minha vida e na vida dos irmãos”; e comenta que ao escolher o lema diaconal, “tomo por missão e serviço anunciar que o deserto de nossas vidas passa, não sem lutas, mas que existe um Deus que acompanha nossa travessia”.

VICTOR SILVA NATALI
‘Viu-o e moveu-se de compaixão’ (Lc 10,33)
Após uma missa em ação de graças pelos 45 anos de sacerdócio do Padre Paulo Gozzi, então Pároco da Paróquia Rainha Santa Isabel, Região Santana, Victor, com 15 anos, foi perguntado por uma paroquiana se não pensava em ser padre. Após refletir a respeito por um tempo, ele buscou aconselhamento, para “compreender qual era o chamado de Deus para a minha vida”.
Após participar dos encontros, retiros e formações do Serviço de Animação Vocacional, ele ingressou no Seminário Propedêutico em 2018. Depois, no Seminário de Filosofia, em 2019, e no de Teologia, em 2022.
O Neodiácono de 25 anos recorda o que ouviu de Dom Edilson de Souza Silva, Bispo Auxiliar de São Paulo, no retiro em preparação à ordenação diaconal: “Compreender e efetivamente viver no espírito de Cristo Servidor, que antes de partilhar do banquete da Eucaristia, lavou os pés dos seus discípulos (Jo 13,1- 20). Para dizer que o serviço constitui toda a vida do ministro ordenado”.

FABIANO HENRIQUE DA SILVA
‘Salvar sempre, tudo vencendo pelo amor’
Durante nove anos, ele viveu como consagrado na Fraternidade Toca de Assis. Em 2017, foi contratado como funcionário da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Vila Leopoldina, Região Lapa, e sentiu renascer o chamado ao sacerdócio, a partir do testemunho dos leigos e do Padre Tarcísio Justino Loro, Pároco à época.
Fabiano recorda que os Padres Messias Ferreira e Flávio Heliton muito o ajudaram no discernimento vocacional. Seu ingresso no Seminário Propedêutico foi em 2019. Em 2020 e 2021, esteve no Seminário de Filosofia, e a partir de 2022, no Seminário de Teologia. A certeza sobre a vocação se tornava mais evidente cada vez que ele servia o altar como acólito: “Percebi que o povo de Deus precisava da minha ajuda como homem totalmente consagrado a Deus, e que eu seria capaz de aderir e aceder à vida exigente do sacerdócio”.
Aos 45 anos, o Neodiácono deseja ser servidor “sobretudo dos pobres, doentes e necessitados das paróquias onde for enviado”, bem como ser útil aos sacerdotes com os quais trabalhar, a exemplo de Jesus, “servo sofredor que se rebaixou para nos ajudar a alcançar a salvação”.

GILSON RICARDO SANTOS PEREIRA
‘Quem vos chamou é fiel, e é ele que agirá’ (1Ts 5,24)
“Colocar-me a serviço da Igreja, servindo aonde ela me enviar em missão para exercer o meu diaconato”. Este é o propósito do Diácono seminarista Gilson Ricardo, 35.
Nascido em Araioses (MA), ele se mudou para São Paulo em 2009 para trabalhar. “Em 2013, recebi o anúncio do Querigma nas praças, o que mudou completamente minha vida. Primeiramente, entrei em uma comunidade Neocatecumenal e, dois anos depois, durante uma Vigília de Pentecostes, senti o chamado para entrar no seminário. Após um período de acompanhamento e discernimento vocacional, fui enviado ao Seminário Redemptoris Mater de São Paulo”.
Gilson conta que no seminário mantido pelo Caminho Neocatecumenal, tendo a ajuda de Deus e de seus formadores, “e com as confirmações das etapas pelas quais fui passando durante minha formação, tive a certeza de que o Senhor confirmava minha vocação à vida sacerdotal”.

RAINÉRIO SAPALO MARTINHO
‘Sou agradecido por aquele que me deu força, Cristo Jesus, Nosso Senhor, que me julgou fiel, tomando-me para o seu serviço’
Nascido em Luanda, Angola, Rainério recorda que sentiu o despertar à vocação sacerdotal em 2011, mas só a aceitou em 2013. Ele ingressou no Seminário Redemptoris Mater de Luanda, em 2014 e dois anos depois foi enviado para o Seminário Redemptoris Mater de São Paulo.
“Foram 11 anos que Deus me concedeu de viver no seminário, onde fui amado, aprendi a viver na obediência, perseverança e, também, vivi muitas alegrias, tanto com os formadores quanto com os meus colegas”.
Ordenado diácono aos 43 anos, Rainério diz que irá se deixar guiar “pela vontade de Deus, que passa pelo Cardeal Scherer e os meus formadores. Penso que o mais importante para mim é viver na intimidade com Cristo e na obediência a eles. O meu chamado está em função do serviço do povo de Deus”.

DIÁCONO PERMANENTE CELSO JOSÉ ALVES DA SILVA
‘Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve’ (Lc 22,27)
Por cerca de 30 anos, Celso José participou ativamente da vida pastoral da Catedral de Santarém, no Pará. Ele conta que ao ser convidado para a formação ao diaconato permanente, conversou com sua família e pediu “a iluminação do Espírito Santo”.
Em 2021, Celso ingressou na Escola Diaconal da Arquidiocese de Santarém. Em 2024, porém, precisou se mudar para São Paulo, para ajudar uma de suas filhas acometida por uma artrite reumatoide.
“Chegando aqui, fiz contato com Dom Odilo Scherer. E ele me acolheu muito bem e pediu que eu fizesse um ano de estágio para conhecer os organismos da Arquidiocese, bem como uma formação complementar na Escola Diaconal São José”.
Diácono Celso assegura que ao longo do processo formativo teve maior certeza sobre o chamado de Deus para que se tornasse diácono, e destaca todo o incentivo que recebeu da esposa, Rosineide Vieira Silva, e das filhas Luana, Luma e Thais: “A minha família sempre me dava apoio nas incertezas. O lema sempre era ‘as dificuldades são grandes, mas a graça de Deus é muito maior’”.





