Na quinta-feira, 6, teve início o curso de extensão sobre Conselhos Pastorais Paroquiais (CPPs), promovido pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pela Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo.
A iniciativa busca aprofundar os aspectos teológicos, pastorais e canônicos do CPP à luz do Documento Final do Sínodo dos Bispos (2021-2024).
UMA INICIATIVA SINODAL E MISSIONÁRIA
Destinado a leigos membros de conselhos pastorais, sacerdotes, diáconos, seminaristas e estudantes de Teologia e Direito Canônico de todo o Brasil, o curso tem como principal objetivo reforçar a importância sinodal e missionária dos CPPs para a vida da Igreja. Sua realização em modalidade on-line permite um alcance ampliado, com cerca de 1,4 mil inscritos de todo o Brasil.
O CPP, previsto no Código de Direito Canônico (cân. 536), é um dos principais instrumentos de participação ativa dos fiéis leigos na missão e na organização pastoral das paróquias. Embora tenha função consultiva, sua atuação tem se tornado cada vez mais relevante, configurando-se como espaço de escuta, discernimento e corresponsabilidade.
FUNDAMENTOS
A primeira aula foi ministrada pelo Padre Dayvid da Silva, sacerdote incardinado na Diocese de Santo André (SP) e professor da Faculdade de Teologia da PUC-SP, doutor em Teologia Sistemática. Em sua exposição, citando palavras do Papa Francisco, ele destacou que “o caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio”.
O Sacerdote ressaltou que a experiência sinodal não é uma novidade, mas uma dimensão essencial da Igreja desde seus primórdios. Ele rememorou o primeiro sínodo registrado na história eclesial, narrado nos Atos dos Apóstolos 15, quando a comunidade cristã primitiva se reuniu para discernir sobre a circuncisão dos convertidos do mundo gentílico. Essa experiência de escuta e decisão comunitária se perpetua nos sínodos e conselhos da Igreja até os dias de hoje.
O professor enfatizou que o CPP deve refletir essa vocação sinodal da Igreja, promovendo o amor recíproco entre seus membros e garantindo uma participação ativa na missão eclesial. Para isso, ele destacou a necessidade de “uma verdadeira conversão relacional”, conforme orienta o Documento Final do Sínodo dos Bispos, reforçando que a confiança e a escuta são elementos fundamentais para que o CPP cumpra seu papel de forma eficaz.
O INCENTIVO DO CARDEAL ODILO SCHERER
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler das instituições organizadoras do curso, também participou do evento. Ele fez uma reflexão sobre a relevância dos CPPs e sublinhou que esses conselhos não são uma realidade recente na Igreja. Dom Odilo frisou que, apesar de sua previsão canônica e incentivo do Concílio Vaticano II, ainda enfrentam desafios para sua plena implementação nas paróquias.
Referindo-se ao recente Sínodo universal, o Arcebispo destacou que a Igreja precisa superar a mentalidade de “Igreja clerical”. Ressaltou, também, que a “Igreja é a comunhão dos batizados, é a comunidade dos batizados. O clero está na Igreja, é parte da Igreja, tem função importante na Igreja, mas a Igreja não se esgota no clero”. Ele enfatizou que os conselhos paroquiais devem ser reconhecidos como “expressão concreta da corresponsabilidade de todo o Povo de Deus na vida e missão da Igreja”.
Dom Odilo ressaltou ainda que o CPP é um organismo consultivo, mas que sua função não deve ser negligenciada pelos párocos: “Os conselhos são consultivos, porém, é importante que eles existam e que sejam ouvidos. Se o conselho unanimemente apresenta uma proposta ou apoia uma proposta, ela não deve ser facilmente descartada, como se não tivesse valor”. O Cardeal destacou a necessidade de uma postura de escuta por parte dos clérigos, pois os conselhos são “importantes organismos de escuta que não devem ser relegados, desprezados ou menosprezados”.
PRÓXIMAS AULAS
O curso prosseguirá com um cronograma de encontros voltados para o aprofundamento das bases teológicas, históricas e canônicas dos CPPs. Além do Padre Dayvid, as aulas contarão com a participação dos Padres Antônio Lisboa de Lustosa Lopes, mestre em Teologia Pastoral; Ricardo Cardoso Anacleto, Doutor em Direito Canônico; e Everton Fernandes Moraes, Doutor em Direito Canônico e Chanceler do Arcebispado de São Paulo.
Para os que não se inscreveram nesta edição do curso, a faculdade disponibilizará o conteúdo de forma gravada futuramente, permitindo que mais interessados possam acessar e aprofundar seus conhecimentos sobre os Conselhos Pastorais Paroquiais.
