Dom Odilo: ‘Que possamos, pela Eucaristia, testemunhar que o Reino de Deus está no meio de nós’

Arcebispo Metropolitano presidiu missa campal da Solenidade de Corpus Christi, na Praça da Sé, destacando as maravilhas da Eucaristia para humanidade e para toda a Igreja

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

No dia em que os católicos reafirmam a fé na presença real de Jesus Cristo nas espécies do pão e do vinho consagrados, leigos, religiosos, diáconos e padres lotaram a Praça da Sé, na manhã da quinta-feira, 30, para a celebração da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – Corpus Christi.

A missa campal, em frente à Catedral da Sé, foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer e concelebrada pelos bispos auxiliares de São Paulo. Ao saudar a todos, o Arcebispo Metropolitano disse ser aquela celebração um momento de “grande unidade e comunhão da nossa Arquidiocese em torno de Jesus Cristo na Eucaristia”.

“Agradeçamos no dia de hoje de modo particular por todos os benefícios recebidos e a Jesus na Eucaristia; apresentemos as necessidades dos nossos irmãos, sobretudo dos que mais sofrem: os pobres, doentes e pessoas que têm dificuldades na vida”, exortou Dom Odilo, dizendo que a missa também era oferecida às necessidades gerais da cidade e para que Deus abençoe e oriente aqueles que governam, que fazem as leis e os que as aplicam.

“Que possamos, pela Eucaristia que celebramos, testemunhar que o Reino de Deus está no meio de nós e é coisa boa para todos”, enfatizou.

O SACRAMENTO DA NOSSA SALVAÇÃO

“Quão solene a festa, o dia, que da santa Eucaristia, nos recorda a instituição”, entoaram os fiéis na Sequência de Corpus Christi, antes da proclamação do Evangelho segundo Marcos (Mc 14,12-16.22-26).

Na homilia, Dom Odilo destacou que toda missa é a celebração do sacramento do Corpo e Sangue de Cristo na comunidade da Igreja, “sacramento da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus pela nossa salvação”.

O Arcebispo também explicou que na Solenidade de Corpus Christi, os católicos vão às ruas e praças para proclamar a fé na Eucaristia em todos os momentos – nas alegrias, sofrimentos ou angústias – e para invocar ao Senhor que olhe para todas as realidades.

Dom Odilo recordou que o sangue de Cristo sela a nova e eterna aliança de Deus com a humanidade, uma aliança de amor e misericórdia, que da parte do Senhor é incondicional e se estende a todos – “A Eucaristia nos lembra a imensa misericórdia de Deus para conosco” – mas que, às vezes, é quebrada pelo homem, o qual, por isso, deve recorrer ao sacramento da Reconciliação.

AS MARAVILHAS DA EUCARISTIA

Dom Odilo também destacou que a Eucaristia é o sacramento de Jesus com sua Igreja: “Quando celebramos a Eucaristia, é sempre Jesus com o seu povo. Nós somos como os discípulos ao redor da mesa na Última Ceia e manifestamos o que é a Igreja: o povo de Deus com Jesus Cristo”.

O Arcebispo também listou as maravilhas dadas à humanidade por Deus na Eucaristia que é o Pão da Vida que nos alimenta na fé, nos dá força e nos restaura; sinal da presença contínua de Cristo no meio de nós; sacramento da grande esperança; e sacramento do caminho: “Nós somos povo de Deus a caminho, Igreja sinodal que caminha unida, não dispersa ou dividida. Na Eucaristia, somos o povo de Deus que se alimenta, que vai ao encontro e que continua o caminho e, sempre de novo, é enviado em missão”.

A EUCARISTIA NA VIDA PASTORAL DA IGREJA

Ainda na homilia, Dom Odilo destacou que na Igreja tudo só adquire sentido pela Eucaristia: “Sem a Eucaristia, a Igreja seria apenas uma estrutura ou uma organização de ideias, de doutrinas, de leis e de ritos”.

O Arcebispo fez ainda recomendações práticas quanto à celebração do sacramento da Eucaristia. Inicialmente, lembrou que nas igrejas é preciso sempre haver a atitude de chamar mais pessoas para participar das missas e explicar o sentido do que é celebrado.

Outra indicação de Dom Odilo é que as crianças e jovens sejam chamadas a participar da comunidade eucarística, e que a eles se expliquem os detalhes da celebração. Também exortou que haja permanente atenção à Catequese em todas as idades.

O Cardeal também enfatizou que a celebração da Eucaristia e a prática da caridade devem caminhar juntas na Igreja. “Por isso, eu estimulo que em toda da celebração da Eucaristia também haja um gesto concreto em relação aos necessitados”, disse, motivando que nas missas se façam arrecadações de alimentos em prol das pessoas carentes e que a comunidade paroquial esteja atenta a levar a comunhão àqueles que por justa razão não conseguem ir à igreja. “A Eucaristia leva à caridade; e a caridade à Eucaristia”, sublinhou.

“Que Deus nos abençoe e nos guarde, e que pelo sacramento da Eucaristia nos dê coragem e força para no dia a dia sermos suas testemunhas, seus discípulos missionários nesta grande cidade de São Paulo e em cada uma de nossas comunidades”, disse Dom Odilo na conclusão da homilia.

COM JESUS EUCARÍSTICO PELAS RUAS

Após a comunhão, houve a primeira bênção com o Santíssimo no altar montado em frente à Catedral da Sé, com súplicas ao Senhor em favor das pessoas em situação de rua, além de preces pela Igreja, pelo papa, pelo Arcebispo, pelos bispos auxiliares, por todo o clero, pelos governantes e pelo povo brasileiro e o País.

Na sequência, teve início a procissão com o Santíssimo, que passou sobre o tapete com 65 metros de comprimento, montado nas proximidades do marco zero da Praça da Sé pelos membros da Missão Belém.

A procissão eucarística prosseguiu pelas ruas do centro, passando pelo Pateo do Collegio, e foi concluída no Mosteiro de São Bento, com a bênção do Santíssimo Sacramento a toda a cidade e o povo.

Em todas as paróquias da Arquidiocese, haverá missas pela Solenidade de Corpus Christi na tarde da quinta-feira, 30, ou no início da noite. Detalhes podem ser obtidos no site e redes sociais de cada igreja.

A cobertura completa da celebração de Corpus Christi na Arquidiocese de São Paulo pode ser vista nas redes sociais do O SÃO PAULO (@jornalosaopaulo) e na edição do jornal a ser publicada na quarta-feira, 5 de junho.

SOBRE A FESTA DE CORPUS CHRISTI

Esta celebração foi instituída pelo Papa Urbano IV em 11 de agosto de 1264. No entanto, sua origem remonta ao ano de 1247, em Liège, na Bélgica, quando surgiu um movimento eucarístico com a finalidade de propagar a fé católica na presença real de Cristo nas espécies eucarísticas.

Naquela ocasião, aconteceu a primeira procissão eucarística pelas ruas da cidade. Anos depois, essa celebração se tornou nacional e, em 1313, o Papa Clemente V a estabeleceu como uma festa de caráter mundial.

Com esta solenidade, a Igreja Católica reafirma sua fé na presença real de Jesus Cristo nas espécies do pão e do vinho consagrados na missa.

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