Exortou O Cardeal Odilo Scherer na missa do Domingo De Ramos, que abre a Celebração Pascal na Igreja Católica

Na manhã do domingo, 13, a Praça da Sé, no centro de São Paulo, foi ocupada por fiéis que se reuniram ao redor do Marco Zero da capital paulista, com ramos de palmeira nas mãos para, assim como os católicos em todo o mundo, celebrar o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, liturgia que marca o início da Semana Santa.
Nessa celebração, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, recordam-se dois momentos marcantes da vida de Jesus: sua entrada solene em Jerusalém e a proclamação da sua Paixão, neste ano, narrada pelo evangelista São Lucas.
Após a bênção dos ramos, houve a proclamação do Evangelho que recorda o momento em que o povo estendia suas roupas no caminho e aclamava: “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!”.
Em seguida, imitando a cena bíblica, os fiéis reunidos na praça iniciaram a procissão em direção à Catedral da Sé, onde Dom Odilo continuou a celebração eucarística com a proclamação do trecho do Evangelho que narra a Paixão do Senhor.
PÁSCOA


Na homilia, Dom Odilo destacou que a missa do Domingo de Ramos marca o início da celebração da Páscoa. “Para a Igreja, a celebração da Páscoa começa hoje. A Páscoa não é um dia, é uma celebração que se estende por vários dias, por meio de vários ritos, e tem o seu momento alto no Domingo da Páscoa da Ressurreição, quando celebramos sim, a Ressurreição de Jesus”, explicou.
O Arcebispo lembrou que esta é a realidade central da fé cristã: a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. “Nós participamos do mistério pascal, mediante o batismo”, afirmou, enfatizando que os cristãos não são apenas espectadores, mas participantes reais do que se celebra nesta semana.
“A liturgia de hoje nos convida a aprender os ensinamentos da Paixão de Jesus, para assim, também, participarmos da sua Ressurreição e da vida nova que Ele nos trouxe. Convida a que olhemos para Jesus na sua cruz”, continuou o Cardeal.
CAMINHAR COM JESUS

Dom Odilo convidou os fiéis a se imaginarem nas cenas da Paixão de Cristo. “Ouvimos o relato da Paixão, vários cenários, muitas pessoas participando… E podemos perguntar-nos: Onde nos situamos? Com qual personagem nos identificamos? Qual é a nossa parte nas cenas da Paixão de Jesus?”, indagou.
“A Paixão de Jesus continua ao longo da história, continua também hoje, nos membros do seu corpo místico, que é a Igreja, e nos membros de toda a humanidade, que são os filhos e filhas de Deus, ainda que estejam dispersos. Onde alguém sofre, onde é desprezado, Jesus continua sofrendo e é desprezado”, acrescentou o Arcebispo, reforçando que a Semana Santa não se limita à recordação de fatos do passado, mas consiste em fazer memória e sentir-se parte do mistério pascal de Jesus Cristo.
Por fim, Dom Odilo exortou os fiéis a viverem intensamente cada momento da Semana Santa. “Sigamos, pois, os passos da Paixão do Senhor, participando com fé nestes dias santos dedicados à celebração dos mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, para com Ele também chegarmos à glória da sua Ressurreição.”
DOMINGO DE RAMOS

Há uma razão histórica para a proclamação dos dois relatos dos evangelhos no Domingo de Ramos. Nos primeiros séculos, não havia a celebração do Tríduo Pascal e, por isso, não era costume celebrar a Paixão do Senhor na sexta-feira antes da Páscoa. Assim, no domingo anterior à Páscoa, recordava-se a morte de Cristo para, na semana seguinte, os fiéis celebrarem sua Ressurreição. Mesmo após a instituição do Tríduo Pascal, manteve-se essa tradição litúrgica, sobretudo para que os fiéis impossibilitados de celebrar o Tríduo – como em países de minoria cristã – possam vivenciar liturgicamente o mistério da Paixão. Além disso, a recordação desses dois momentos convida os fiéis a meditarem sobre o fato de que a multidão que aclama Jesus como o “Filho de Davi” é a mesma que grita “Crucifica-o” dias depois.
A liturgia dos demais dias da Semana Santa antes do Tríduo Pascal ressalta momentos que antecedem a Paixão do Senhor, como na segunda-feira a cena da mulher que lava os pés de Jesus com perfume; quando Jesus anuncia sua morte, causando sofrimento aos discípulos, na terça-feira; e a traição de Judas, que se dirige aos chefes dos sacerdotes e se oferece para entregar Jesus, na quarta-feira.