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Em assembleia, bispos paulistas fortalecem a sinodalidade e a comunhão eclesial

Comunicação Regional Sul 1 

De 3 a 5 de junho, arcebispos, bispos e coordenadores de pastoral das sete arquidioceses e 36 dioceses do Estado de São Paulo participaram da 87ª Assembleia do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). No encontro, realizado no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), eles refletiram sobre a vida da Igreja, a promoção da comunhão entre as dioceses e o aprofundamento da experiência da sinodalidade. 

Inspirados pelo tema “Igreja Povo de Deus: Coração da Sinodalidade”, os participantes seguiram a metodologia da “Conversa no Espírito”, já adotada no Sínodo dos Bispos e na última Assembleia Geral da CNBB. A programação incluiu sessões de reflexão, análises pastorais e sociais, partilhas, orações e celebrações eucarísticas. 

Como sublinhou Dom Moacir Silva, Arcebispo de Ribeirão Preto e Presidente do Regional, “o intercâmbio de dons é um sinal eficaz da fé e do amor de Cristo. Uma Igreja sinodal se compromete a caminhar nos diversos lugares onde vive”. 

NOVA PRESIDÊNCIA 

Durante a assembleia, em sessão reservada, foi eleita a nova Presidência do Regional Sul 1, após a transferência do então Presidente, Dom Júlio Endi Akamine, SAC, para a Arquidiocese de Belém (PA). 

Dom Moacir Silva assumiu a presidência, tendo como Vice-Presidente Dom Luiz Carlos Dias, Bispo de São Carlos. O Secretário-geral continua a ser Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispo Auxiliar de São Paulo. Já Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo de Piracicaba, passou a integrar o Conselho Econômico. 

UNIDADE, ESCUTA E DESAFIOS 

Na abertura dos trabalhos, Dom Moacir destacou que “toda a vida cristã tem sua fonte e horizonte no interior da Trindade”. A seguir, Dom Luiz Carlos Dias e Dom Carlos Silva apresentaram o relatório anual da presidência, abordando os aspectos pastorais e econômicos. O Padre Luís Fernando da Silva, Secretário-executivo do Regional, detalhou as movimentações financeiras, com destaque para o apoio à Diocese de Pemba, em Moçambique, ainda necessitada após a passagem do ciclone Chido. 

A análise de conjuntura eclesial foi conduzida pelo Padre Alexandre Favretto, da PUC-Campinas. Ele abordou os desafios e esperanças da evangelização no atual contexto, destacando quatro “princípios polares” propostos pelo Papa Francisco e refletindo sobre a cultura digital e a inteligência artificial. 

“A época de mudança não é só um desafio, mas também uma oportunidade”, afirmou o Presbítero. Em sua leitura, o protagonismo dos leigos e a crise vocacional juvenil são temas centrais: “O esquema sinodal nos diz claramente que o leigo é um protagonista”, mas há, ao mesmo tempo, um “enfraquecimento da presença de jovens”, com a clara ausência de projetos de vida. 

REFLEXÕES E TESTEMUNHOS 

A assembleia contou com diversas partilhas de bispos, agentes de pastoral e representantes de organismos eclesiais. O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, compartilhou impressões sobre o funeral do Papa Francisco e o Conclave que elegeu o Papa Leão XIV, destacando o “clima de oração em um ambiente muito sereno e tranquilo”. 

“Foi o Espírito Santo que orientou as votações, realizadas segundo a consciência de cada votante”, enfatizou. 

Temas como perseguição aos cristãos e cooperação missionária também estiveram em pauta. A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) relatou que 224 projetos foram aprovados no Brasil no último ciclo, com cerca de R$ 20 milhões aplicados. Os bispos se comprometeram a divulgar e apoiar essas iniciativas. 

Dom Eduardo Malaspina, Bispo de Itapeva, coordenou o painel sobre a Pastoral da Ecologia Integral, sublinhando que “não cuidamos da natureza porque ela seja deus, mas porque ela é obra de Deus”. A fala se conectou à celebração dos 800 anos do “Cântico das Criaturas”, de São Francisco de Assis. 

A formação presbiteral foi tratada em exposição de Dom Paulo Beloto, Bispo de Franca, e do Padre Edvagner Tomáz da Cruz, representante da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (Osib). “O padre se configura a Cristo Sacerdote”, afirmou Dom Paulo. 

Já o Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) abordou os desafios para a implantação de conselhos de leigos nas dioceses. “É um processo: primeiro a gente faz um contato, cria um pequeno grupo até formar o Conselho”, explicaram os agentes. 

COMPROMISSO RENOVADO 

No encerramento, Dom Moacir agradeceu a todos os envolvidos e expressou o espírito que permeou a assembleia: “Continuamos a ouvir o Senhor. Assim como Ele quis contar com o testemunho de Paulo em outros lugares, Ele continua a contar com cada um de nós”. E concluiu: “Saímos daqui mais comprometidos com uma Igreja sinodal”. 

(Com informações do Regional Sul 1 da CNBB) 

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