Na ocasião também foram apresentados os membros da coordenação no Estado de São Paulo para o período 2025-2028
Com a participação de mais de 450 pessoas, da maioria das 43 (arqui) dioceses do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), aconteceu no sábado, 9, a nona edição do Congresso Estadual da Pastoral da Saúde, no Memorial da América Latina, na zona Oeste da capital paulista.
“Sinodalidade na Pastoral da Saúde” foi o tema do congresso, com o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31), o mesmo da Campanha da Fraternidade de 2025, que tratará sobre a Ecologia Integral.
“O ser humano é parte da ecologia integral, por isso este é um assunto caro à Pastoral da Saúde. O Papa Francisco sempre lembra que temos de converter o homem para que se converta à natureza e cuide da casa comum. E a Pastoral da Saúde cuida do ser humano nesta casa comum e luta para que as pessoas criem a consciência de que todos somos corresponsáveis pelo planeta”, explicou, ao O SÃO PAULO, o Cônego João Inácio Mildner, Assistente Eclesiástico da Pastoral da Saúde no Regional Sul 1.
O Cônego, que também é Vigário Episcopal para a Pastoral da Saúde e dos Enfermos da Arquidiocese de São Paulo, ressaltou que o congresso estadual proporciona aos participantes um momento de partilha de vivências, aprofundamento de saberes e o reanimar das forças para o trabalho pastoral: “Isso faz com que as pessoas não se sintam sozinhas na missão, mas, ao contrário, se vejam apoiadas, incentivadas em fazer com que a Pastoral da Saúde cresça sempre mais no estado de São Paulo”.
UM CAMINHAR SINODAL
O Congresso foi iniciado com a missa presidida por Dom Pedro Carlos Cipolini, Bispo de Santo André (SP) e Referencial da Pastoral da Saúde no Regional Sul 1.
À reportagem, o Prelado, que participou da XVI Assembleia Geral dos Sínodo dos Bispos, encerrada em outubro – que tratou sobre a Igreja sinodal – enfatizou que a sinodalidade envolve o caminhar conjunto e um amplo processo de escuta: “A sinodalidade na Pastoral da Saúde, assim como em qualquer pastoral, começa com a escuta, depois com a liberdade para todos falarem, havendo a troca de ideias, até se chegar a um consenso”, detalhou.
Em uma das conferências do congresso, o Padre Luis Fernando da Silva, Secretário-executivo do Regional Sul 1, destacou que a sinodalidade é o que permite a vida em comunhão na Igreja.
“Qual o sonho da Igreja sinodal também para a Pastoral da Saúde? Que nós sejamos uma Pastoral que é casa e escola de comunhão. Casa, porque acolhe todo mundo; e escola, porque aqui nós aprendemos, todos somos os alunos de um único mestre: Jesus”, comentou o Sacerdote. “O termo sinodalidade se refere à experiência concreta, vivência da comunhão eclesial na corresponsabilidade missionária de todos os membros do povo de Deus, conjugando participação e autoridade”, prosseguiu, explicando que todos são corresponsáveis pela missão da Igreja, que se dá referenciada na autoridade do Papa e dos bispos que estão em comunhão com o Pontífice.
PARTILHA DE VIVÊNCIAS E SABERES
A espiritualidade do agente da Pastoral da Saúde foi abordada em diferentes momentos do evento, como na palestra conduzida pelo Padre Márlon Múcio, que convive com a rara e debilitante Deficiência de Transportador de Riboflavina, mas a doença não o tem impedido de dar testemunho de fé e difundir a devoção a Nossa Senhora dos Raros.
Outra palestra tratou sobre a “O poder da oração”, conduzida pelo professor Daniel Burato, agente da Pastoral da Saúde. Já na conferência “Maria, eis a serva do Senhor”, o professor Márcio Miranda de Matos, que leciona no Centro Cristão de Estudos Judaicos, recordou que “Maria se fez pequena, ouviu a Palavra e desejou colocá-la em prática – ‘Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra’. Às vezes, o que Jesus nos pede pode parecer pequeno, mas se você quer participar do milagre, quer ser parte da obra, o segredo é colocar-se a serviço, estar disponível, assim como Maria esteve”.
Já a endocrinologista e nutróloga Paula Cristiane Cicero falou sobre a relação das alterações hormonais com a depressão, apontando para os benefícios proporcionados por uma vida de oração, exercícios físicos regulares, sono equilibrado e pensamentos positivos. Outra palestra, conduzida pelo médico Rodrigo Ramalho, tratou a respeito do controle social do Sistema Único de Saúde (SUS).
José Gimenes, coordenador da Pastoral da Saúde no Regional Sul 1, destacou que as palestras permitiram aos agentes ter melhores conhecimentos para orientar as pessoas enfermas e seus familiares, além de engajá-los para a garantia do direito à Saúde: “Nós temos três pilares na Pastoral da Saúde. A primeira dimensão é a visitação às pessoas. Depois, a saúde preventiva; e o terceiro pilar é a atenção às políticas públicas de saúde, o que não pode ser confundido com política partidária. O que queremos, sempre, é fazer a defesa de uma saúde plena para o povo brasileiro”.
NOVA COORDENAÇÃO 2025-2028
Na assembleia também foi apresentada a nova coordenação da Pastoral da Saúde do Regional Sul 1 para o período de 2025 a 2028, sendo composta pelo Padre Walter Merlugo Júnior (Assistente Eclesiástico), atualmente Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora das Dores, na Região Episcopal Brasilândia; Daniel Ferreira Burato (coordenador), Maria de Lourdes Fidélis (vice-coordenadora), Raquel Bacchiega (responsável pelas mídias sociais), Sebastião Molinari (tesouraria) e Ana Regina Oliveira Gama (secretária). Também foram anunciados os coordenadores da Pastoral nas sete sub-regiões do Sul 1 da CNBB.
“Sempre caminhamos juntos, debatemos, construímos e choramos juntos também, neste espírito de sinodalidade. E continuaremos a fazer diferença no estado de São Paulo, pois em vocês não vejo apenas agentes de Pastoral, vejo anjos, lutando, trabalhando e dedicando-se, dia e noite, para servir a quem mais precisa, o Cristo sofredor”, afirmou o Cônego João Mildner.
O Sacerdote, assim como José Gimenes e Ana Regina Oliveira Gama, os atuais coordenador e vice-coordenadora, respectivamente, receberam mensagens de agradecimento pelos trabalhos realizados e homenagens, incluindo uma bênção apostólica do Papa Francisco, que lhes foi entregue por Dom Pedro Cippolini.
“É uma alegria ver ter tanta gente disposta a trabalhar pelos irmãos nesta Pastoral. Na Igreja não existe substituição, mas sim sucessão, para levar avante o trabalho que já vem sendo feito. Portanto, agradeçamos a Deus que moveu esses corações para aceitarem a missão. Uma salva de palmas aos que estão concluindo os trabalhos na coordenação e aos que irão assumi-los”, manifestou o Bispo.
À reportagem, Dom Pedro Cipollini disse que pretende dialogar com a nova coordenação para repensar algumas atividades, com o objetivo de assegurar a plena sinodalidade no agir da Pastoral e evitar que seja confundida com uma ONG. “Há muitas diferenças entre uma coisa e outra: a Pastoral da Saúde é uma ação da Igreja, enquanto uma ONG pode ser de todo o mundo. Ter em evidência essa diferenciação é muito importante. Como pastoral, ela tem um Pastor, Jesus Cristo, referência primeira; e como trabalho da Igreja, deve seguir as diretrizes da Igreja”, ressaltou.