‘O templo é um lugar para nos recordar que queremos que Deus habite a nossa vida e a nossa cidade’, disse Dom Rogério Augusto das Neves. Dia também é marcado pela peregrinação jubilar dos cônegos, ministros extraordinários e colaboradores da Igreja-mãe da Arquidiocese

Nesta sexta-feira, 5, são comemorados os 71 anos da dedicação da Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção, celebrados como solenidade na própria Catedral e no grau de festa nas demais igrejas da Arquidiocese.
Ela é mais conhecida como a Catedral da Sé, título que remete à sedis episcopalis (sede episcopal), a igreja catedral de uma diocese, pois nela está a cátedra, o assento episcopal, de onde o bispo ou arcebispo preside uma Igreja particular. Por essa razão, a catedral é considerada a igreja-mãe de uma diocese. Em 2025, esta celebração tem um sentido ainda mais especial, pois ocorre no contexto dos 280 anos da criação da Diocese de São Paulo, em 1745, que seria elevada a Arquidiocese em 1908.
A atual Catedral Metropolitana foi inaugurada em 25 de janeiro de 1954, na comemoração do IV centenário da capital paulista, e dedicada em 5 de setembro do mesmo ano, em rito solene presidido por Dom Adeodato Giovanni Piazza, enviado pontifício para o I Congresso Nacional da Padroeira do Brasil, realizado entre São Paulo e Aparecida (SP) naquele ano.
PEREGRINAÇÃO JUBILAR

A celebração dos 71 anos de dedicação da Catedral da Sé foi ocasião para a peregrinação jubilar dos cônegos do cabido metropolitano, ministros extraordinários e colaboradores da Catedral, que realizaram os ritos previstos para tal, entre os quais a contemplação da cruz, a oração diante da imagem da Virgem Maria e o Ato de Esperança, rezando para que, pela graça de Deus, consigam a remissão dos pecados e, depois desta vida, a felicidade eterna. Eles também ouviram a explicação sobre as indulgências, acompanharam a leitura da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 5,5-11) e rezaram a oração do Jubileu. Durante a celebração eucarística, também houve a renovação das promessas batismais.
Antes da missa das 12h, foi rezada a Hora Média, durante a qual Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, destacou que a primeira forma de anunciar o Evangelho não é proclamando-o, mas fazendo Cristo presente na própria vida.
“Celebrando os 71 anos da dedicação desta igreja catedral, nós queremos recordar que ao consagrar a igreja, na verdade quem se consagra somos todos nós, que devemos ser a imagem do templo vivo de Deus no meio dos homens, na missão que cada um de nós recebeu”, ressaltou o Bispo Auxiliar.
TEMPLOS PARA GLORIFICAR A DEUS
Dom Rogério presidiu a missa solene, concelebrada pelos cônegos do Cabido Metropolitano e demais sacerdotes do clero arquidiocesano, entre os quais o Padre Luiz Eduardo Pinheiro Baronto, Cura da Catedral da Sé.
Na saudação inicial, o Bispo afirmou que, naquela missa, ele e os concelebrantes representavam todas as pessoas, paróquias e instituições que têm no coração a Igreja-mãe da Arquidiocese: “Somos intérpretes do louvor que todos eles querem elevar a Deus pelos 71 anos de dedicação desta Catedral”.
Na homilia, Dom Rogério refletiu sobre o papel dos templos na vida dos cristãos e a missão de cada batizado em ser o templo vivo de Deus. Ele recordou que Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro Arcebispo de São Paulo, ao decidir-se pela demolição da antiga Sé e pela construção de uma nova Catedral, falava que os templos representam como que um hino de ação de graças ao Senhor, mas que Deus não precisa de tais construções para estar junto do povo.
“Se reconhecemos isso, não caímos no risco de transformar os nossos templos em supostas ‘prisões para Deus’, como se Ele não pudesse sair dali, como se somente aqueles que frequentassem esses templos é que pudessem ter acesso às coisas de Deus”, ressaltou Dom Rogério, afirmando, ainda, que “o lugar de Deus é a nossa vida em todos os aspectos e em todos os momentos”, o que não significa desprezar o esforços humanos para construir belos templos para Senhor.
DEDICAR TODA A VIDA AO SENHOR

Ainda na homilia, Dom Rogério destacou que “o templo é um lugar para nos recordar que queremos que Deus habite a nossa vida e a nossa cidade, mas longe de nós querer dizer que Deus tem alguma dependência daquilo que fizemos. Se pensarmos dessa maneira, estaremos verdadeiramente expulsando Deus da nossa cidade e da nossa vida. É necessário que aquilo que vemos e os nossos esforços e o que construímos sejam expressão do reconhecimento que temos de que tudo é de Deus. E mais do que a riqueza dos nossos bens, é o coração que colocamos naquilo que nós edificamos”.
O Bispo afirmou, ainda, que a todo tempo é oportuno recordar que o Senhor não precisa de templos, mas que ao fazê-los os fiéis externam o desejo de que Deus habite verdadeiramente suas vidas.
Por fim, Dom Rogério recordou a passagem em que Jesus diz a Pedro que será ele a edificar a Igreja de Deus, após o apóstolo ter sido o primeiro a reconhecê-Lo como o Messias, o Filho de Deus: “É esta fé que nos torna pedras vivas no templo de Deus, com o qual Pedro foi indicado como sendo talvez a primeira pedra. Na sua fé, o fundamento, mas a pedra mesmo é o próprio Cristo. Por isso, onde quer que nós estejamos, é preciso que quem nos encontre nos veja como pessoas que proclamam com as palavras e com a vida que Jesus é o Filho de Deus, o Messias, o Senhor que habita a nossa vida e o nosso coração”.
REFÚGIO E ESPERANÇA NO CENTRO DE SÃO PAULO

Antes da bênção final de Dom Rogério, Padre Baronto agradeceu a todos que se empenham no zelo da Catedral e por sua vida pastoral, orante e evangelizadora. Ele também transmitiu a bênção do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e agradeceu ao Cônego Helmo Cesar Faccioli, Auxiliar do Cura da Catedral, que se encontra em recuperação domiciliar de saúde, após passar algumas semanas hospitalizado.
Padre Baronto sublinhou que o templo, localizado no centro da cidade, não apenas é a igreja em que são realizadas solenes celebrações; é também espaço de acolhida para os que se encontram em desesperança na grande metrópole, como as pessoas em situação de rua – muitas das quais ali se abrigando do sol ou refazendo-se do cansaço sentadas ou até mesmo dormindo nos bancos –; ou àqueles não veem mais sentido para a própria vida, mas que após receberem a atenção da Pastoral da Escuta, tentam reconstruir a própria história em vez de cometer suicídio.
O Cura da Catedral comentou, ainda, que a cada ano o templo se torna mais conhecido pelos que vivem na cidade: apenas em 2024, ao menos 8,1 mil moradores da capital paulista lá estiveram pela primeira vez, e muitos deles, segundo o Padre Baronto, “também encantados pela arte e beleza da Catedral” foram tocados por Deus para participar da vida em suas comunidades paroquiais. “Neste templo, portanto, fazemos muitas coisas em nome do Evangelho”, sublinhou.
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(Colaborou: Fernando Arthur)