Fiéis da Arquidiocese de São Paulo agradecem à Mãe Aparecida pelas vocações

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Pouco mais de 10 mil romeiros estiveram no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no domingo, 7, para participar da 122ª Romaria da Arquidiocese de São Paulo, com o tema – “Com Maria, vivamos a nossa vocação”, em sintonia com o 3° Ano Vocacional do Brasil.

Fiéis de diferentes paróquias e comunidades das seis regiões episcopais e representantes de pastorais sociais, como a do Menor e do Povo da Rua da Arquidiocese se uniram a peregrinos de outros lugares na missa das 10h, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, e concelebrada pelos sete bispos auxiliares de São Paulo e o clero arquidiocesano.

SIM A DEUS

Na homilia, o Arcebispo Metropolitano destacou que os romeiros da Arquidiocese foram pedir a Nossa Senhora “a vocacionada por excelência, que acolheu e viveu bem a sua vocação” que ensine a todos a dizer o sim a Deus.

Enfatizando que é da família que surgem as vocações, o Cardeal destacou o “sim” dos casais, que devem ter coragem para manter-se na presença de Deus.

“Aos que estão se preparando para o Matrimônio, pensem em formar a família cristã como a Igreja ensina. Aos que já têm família, perseverem nesse chamado de Deus com todas as obrigações e alegrias que isso comporta”, orientou.

Dom Odilo destacou ainda que os batizados são chamados a viver a própria vocação, “sendo um povo que deve no mundo falar das maravilhas de Deus”, assim como “também as vocações especiais dentro da igreja, tão necessárias”, disse em alusão aos ministros ordenados, às religiosas e religiosos consagrados e aos leigos que abraçam os muitos serviços e ministérios na Igreja.

“Que Nossa Senhora Aparecida nos ensine a dizer sim, com generosidade, e a viver estes chamados com grande doação e alegria, como ela viveu”, exortou.

GRATIDÃO

Ainda na homilia, Dom Odilo frisou que a Romaria era também em ação de graças pela saúde, pela preservação da vida e pela superação da pandemia de COVID-19.

Ele também agradeceu a intercessão de Nossa Senhora na realização do 1° sínodo arquidiocesano, colocando nas mãos de Maria os propósitos e preocupações levantados no processo sinodal.

IGREJA EM COMUNHÃO

O Cardeal reforçou que, assim como o Papa Francisco sempre pede, é preciso que a Igreja siga em comunhão.

“Uma Igreja que caminha junto. Que, hoje, aqui na casa da Mãe, possamos renovar nossos propósitos e intenções em relação a uma caminhada renovada de nossa Igreja para, assim, cumprirmos bem a nossa missão”, disse.

Dom Odilo frisou, ainda, que é preciso caminhar unido como povo de Deus. “Quem se dispersa e não caminha com a comunidade da Igreja, acaba errando o caminho. Nós não cremos sozinhos. Cremos com a Igreja e, mais, cremos como crê a Igreja.”

PRESENTES À CASA DA MÃE

Os fiéis da Arquidiocese de São Paulo se dirigiram até o Santuário em grupos, divididos em 222 ônibus, duas dezenas a mais do que no ano anterior, isso sem contar os que foram em seus próprios carros.

Para o Padre Tarcísio Marques Mesquita, Coordenador do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, o aumento da presença de fiéis pode ter como uma das razões o decreto, na sexta-feira, 5, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), do fim do estado de emergência da pandemia de COVID-19.

“Aparecida é um lugar referencial para muita gente e certamente com o aviso da OMS deve ter aumentado a vontade das pessoas de se encontrarem. Ainda é importante manter o cuidado e seguir com a vacinação. Nossas comunidades responderam e vieram à Romaria”, disse.

AMPLA ADESÃO DAS PARÓQUIAS

A Região Brasilândia foi a que mais levou ônibus para a Romaria, 55 no total. Um destes partiu da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Zatt. “Um mês antes, nosso pároco nos apresentou vários aspectos não apenas do sínodo arquidiocesano,mas também da questão da comunhão que temos que ter com a Igreja”, contou à reportagem a catequista Priscila Rocha, 49. “Foram trabalhadas reflexões para que nós, participantes, entendêssemos o porquê estamos hoje aqui. Foi enfatizado que não era uma ‘romaria por romaria’ e que deveríamos repassar o que fosse vivenciado”, acrescentou.

Da Região Ipiranga saíram 32 ônibus. Dois deles da Paróquia Santa Ângela e São Serapião, na Vila Morais. “Nós nos organizamos em 15 dias. E se tivéssemos conseguido um terceiro ônibus, o teríamos lotado também”, contou a paroquiana Mariana Ribeiro, 33.

“No trajeto, seguimos a orientação do nosso pároco. Viemos rezando e cantando para transmitir a todos que era uma romaria e não uma excursão”, afirmou.

Emocionada, Mariana afirmou ser “uma satisfação estar em Aparecida. Mas é preciso entender que não se trata de um passeio e é fundamental estar com o coração aberto”.

Joana Mota, 59, saiu da mesma Região, mas da Paróquia Santa Edwiges, no Sacomã. “Estávamos ansiosos para vir. Foi a primeira vez que nossa Paróquia conseguiu trazer quatro ônibus. Nosso pároco rezou em todos antes de sairmos”, contou com entusiasmo.

O Diácono Nilo Carvalho, 55, e a esposa Valéria Carvalho, 53, foram de carro a Aparecida. “É muito bonito ver a devoção do povo, ver a Basílica cheia e poder encontrar aqui pessoas da Arquidiocese que a gente conhece. É uma bênção ver todo o povo reunido em torno de Nossa Senhora e mais, libertos da pandemia”, disse Valéria.

Por causa de outro compromisso após a Romaria, o casal não viajou com os demais paroquianos da Paróquia Santa Teresinha, que se localiza na Região Santana, de onde partiram 30 ônibus para Aparecida.

Os jovens também marcaram presença, como foi o caso de Gilberto Júnior, 26, da Paróquia São Bernardo de Claraval, na Região Ipiranga. “É muito gratificante estar aqui, porque vemos que a juventude tem percebido a importância de viver a fé. Estar na casa da Mãe é também uma renovação”, disse.

RETOMADA

Houve quem voltou à Romaria pela primeira vez desde o começo da pandemia. Foi o caso de Rita de Cássia Soares, 64, da Paróquia Nossa Senhora do Líbano, do Jardim Líbano, Região Lapa.

“Estava com saudades. Não viemos no ano passado quando houve a retomada ao presencial porque em nossa Paróquia há muitos idosos. Mas desta vez, viemos e voltaremos revigorados”, expôs.

Padre José Antônio Filho, Pároco, destacou o fato de o Santuário estar lotado de fiéis. “Uma expressão de fé e uma busca profunda”, mas disse ter sentido a falta de mais sacerdotes entre os romeiros. “Este momento é ímpar, é a Arquidiocese em comunhão”, observou.

LAÇOS DA ROMARIA

Maria Janete Jopetipe, 50, da Paróquia Santíssima Trindade, no Recanto dos Humildes, na Região Brasilândia, se emocionou ao contar que no ônibus foi sentida a ausência de pessoas queridas que já faleceram. Ela se recordou, especialmente de uma paroquiana que era conhecida como dona Branca.

“Ela foi a primeira vítima da pandemia em nossa Paróquia. Ontem, completaram-se três anos que faleceu. Ela vinha todos os anos com a gente. As poltronas 5 e 6 eram dela. De certa forma, hoje também estamos aqui em sua homenagem. Entre risos e memórias, seguimos. Não morre quem é lembrado. Ela está viva entre nós e está fortalecendo a nossa romaria”, concluiu.

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