Missa em ação de graças foi presidida pelo Arcebispo Metropolitano de São Paulo, no domingo, 31 de agosto

Luciney Martins/O SÃO PAULO
Em 1885, com a fundação do Liceu Coração de Jesus, no bairro de Campos Elísios, teve início a missão salesiana em São Paulo, que ao longo das décadas se consolidou no estado por meio de uma rede de escolas, universidades, paróquias e centros juvenis, preservando o carisma de Dom Bosco de educar com amor e promover a evangelização aliada à formação humana integral.
Os 140 anos da presença salesiana em São Paulo foram celebrados no domingo, 31 de agosto, em missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, no Santuário Sagrado Coração de Jesus, na Região Sé.

Durante a celebração, o Cardeal manifestou sua gratidão pelo trabalho realizado pelos Salesianos de Dom Bosco na cidade, recordando que a chegada dos missionários ocorreu em um período que remonta à Proclamação da República, quando o País ainda não contava com a presença expressiva de congregações religiosas.
O Arcebispo destacou, ainda, todo o trabalho realizado pela família salesiana há mais de um século: “Olhando para Dom Bosco, que deu origem a toda essa obra de que São Paulo se beneficia há 140 anos, eu me pergunto se ele previa todo este trabalho missionário. Que Dom Bosco, os santos salesianos e todos os santos nos ensinem a realizar o bem sem buscar a recompensa imediata, mas a fazer o bem semeando o bem, para que ele produza frutos com a graça de Deus e com a ação do Espírito Santo”.

A RESPOSTA DE UM SONHO
São João Bosco nasceu em Turim, na Itália, em 16 de agosto de 1815. Desde cedo, manifestou sua vocação para a vida religiosa. Aos 9 anos, um sonho profético inspirou o seu carisma. Ingressou no seminário em 1835 e, em junho de 1841, aos 26 anos, recebeu a ordenação sacerdotal.
Ao criar a Congregação dos Salesianos de Dom Bosco, em dezembro de 1859, desejava viver sua vocação em favor de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Uma das formas pelas quais concretizou esse ideal foi por meio dos oratórios, que são espaços acolhedores que unem educação, fé e lazer, ajudando os jovens a crescer como “bons cristãos e honestos cidadãos”.
O ardor missionário de Dom Bosco levou a Congregação a expandir-se para outros países. No Brasil, a capital paulista foi a segunda cidade a receber os missionários salesianos, que deram continuidade ao carisma do fundador.

Para o Padre Alexandre Luís de Oliveira, SDB, Inspetor Salesiano de São Paulo, celebrar os 140 anos da chegada dos salesianos aos Campos Elísios é “um dom de Deus e a confirmação de que o carisma salesiano continua sendo atual e necessário para a educação e evangelização das crianças, adolescentes e jovens de todos os tempos”.
“Ao celebrarmos esta data jubilar, reconhecemos o valor da educação e da evangelização. Os frutos já colhidos dessa história generosa nos atestam que temos mais futuro do que passado. Atentos aos sinais dos tempos, seguimos próximos das crianças, adolescentes e jovens, de suas necessidades e de sua formação integral”, comentou o Sacerdote, que foi um dos concelebrantes da missa, assim como Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé.
Padre Alexandre recordou, ainda, que quando os primeiros salesianos chegaram à capital paulista, havia um forte apelo educacional, capaz de promover verdadeira transformação social. A missa do domingo, 31, teve a participação de Fernando Padula, secretário municipal de Educação de São Paulo.

UMA PEDAGOGIA ATUAL
De acordo com Padre Alexandre, em todos os locais nos quais há a missão salesiana é possível perceber as transformações ocorridas nos jovens. Isso acontece, segundo ele, porque “a pedagogia salesiana promove o ser humano em sua totalidade: razão, afeto, espiritualidade, relações com o mundo e senso de participação afetiva e efetiva na sociedade que o cerca”.
“O mundo e as demandas de cada tempo encontram na pedagogia salesiana um lugar de atualidade, pois o carisma salesiano dialoga com as urgências de cada época. Continuamos atentos às necessidades de nosso tempo, enquanto permanecemos fiéis às origens de nosso carisma, bebendo sempre das fontes inspiradoras herdadas de São João Bosco”, afirmou Padre Alexandre.

FRUTOS DE DOM BOSCO
Maristela Gomes Nascimento Souza, 41, afirma ter “nascido salesiana”, já que seus pais sempre frequentaram o Santuário Coração de Jesus, localizado no complexo do Liceu Coração de Jesus.
Mãe da Ana Luiza, 12, e da Sofia, 7, a esposa de Alexander Souza e Silva, 46, recordou que quando ainda era coroinha, recebeu do Irmão Alberto Gobbo, SDB, um pequeno livro sobre como educar os filhos segundo as orientações de Dom Bosco, e é a partir dele que busca transmitir os ensinamentos da educação em sua família.
Seguindo seus passos, as filhas também estudam em escolas salesianas e são coroinhas no Santuário Sagrado Coração de Jesus.
“Eu nasci paroquiana, fui aluna de obra social salesiana e de colégio salesiano, e ver minhas filhas participarem por gosto e amor do sonho de Dom Bosco me sensibiliza demais”, expressou.

REVISITAR A HISTÓRIA
Ainda no domingo, 31 de agosto, para comemorar os 140 anos da missão salesiana em São Paulo, foi inaugurada uma exposição fotográfica que retrata a trajetória dos salesianos na cidade.
De acordo com Marcos Lima, coordenador do Museu da Obra Salesiana no Brasil (MOSB), a exposição “140 Anos da Presença Salesiana de São Paulo” se trata de “uma viagem pela história dessa casa, fundamental para a Inspetoria Salesiana de São Paulo”.
A curadoria foi resultado de uma ação conjunta entre o Arquivo Histórico da Inspetoria Salesiana de São Paulo e o Museu da Obra Salesiana no Brasil. As imagens resgatam o desenvolvimento da primeira construção salesiana em São Paulo, as origens do oratório e das oficinas profissionais que marcaram gerações de jovens, além das celebrações culturais e religiosas que moldaram a identidade salesiana.

“A exposição valoriza tanto a memória institucional quanto as experiências cotidianas que fizeram da presença salesiana em São Paulo uma referência de fé, educação e cidadania. Queremos mostrar aos visitantes a importância dessa casa não apenas para os salesianos, mas também para todos aqueles que por aqui passaram. Revisamos um acervo de mais de 20 mil fotografias e cerca de 30 mil itens museológicos para compor a narrativa desta presença”, explicou Marcos.
A exposição permanece em cartaz até dezembro, com visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 15h. A entrada é gratuita, mediante agendamento no site: mosb.salesianossp.org.br