Já na caminhada, Regional Sul 1 faz seminário online da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021

Reprodução Regional Sul 1

Nas noites entre 19 a 21, ocorreu o Seminário Estadual da V Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 (CFE-21): “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor.” Por causa da pandemia da COVID-19, pela primeira vez o evento ocorreu de forma online, com transmissão pelas redes sociais do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Tendo ao centro o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14a).

Tendo como eixo o trabalho social, literalmente presente no cartaz da CF, os conferencistas destacaram sobretudo a construção de uma caminhada, inspirada no Evangelho da Ressurreição, a partir da narrativa de Emaús. Retomando a dinâmica ver, julgar, agir e celebrar, o texto-base propõe paradas para reflexão, inspiração e reação. No primeiro dia, a Secretária da 6.ª Semana Social Brasileira, Alessandra Miranda, ressaltou a necessidade de “esperançar”, de criar novas iniciativas de inclusão, mirando os três eixos do Papa Francisco e da 6ª Semana Social Brasileira: Terra, Teto e Trabalho, na “perspectiva de uma Igreja em saída, que gera perguntas e respostas”. Como lembrou o mediador e coordenador da CF do Sul 1, Antonio S. Evangelista, há uma provocação necessária inicialmente, lembrando o texto de Emaús: “Sobre o que nós falamos no caminho?”

Na mesma noite, o reverendo Daniel Rangel, membro da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECB) e da Comissão do texto-base da CFE-21 no Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil (CONIC), fez uma análise da conjuntura social e política dos últimos anos, destacando os males da polarização que tomou o País. “Nesse quadro, quase apocalíptico, nós propomos pela a Campanha da Fraternidade, o diálogo. Diálogo com quem não quer usar máscara, diálogo até com quem acha que tudo que está acontecendo é mentira”. Segundo ele, o texto fala sobre empatia e amor e reflete sobre a necessidade muitas vezes de trocar a retórica pela prática da “escutatória”, ou seja, de criar cada vez mais pastorais de escuta e diálogo.

Na segunda noite, saudados por Dom Eduardo Vieira, Bispo Auxiliar de São Paulo, e com a mediação do Padre Antonio Carlos Frizzo, Assessor Estadual da CF, o foco esteve no eixo bíblico que inspira a CFE, uma “carta para pessoas de boa vontade em um mundo cheio de barreiras e divisões”. Inicialmente, o Padre Patriky Samuel Batista, Secretário-Executivo das Campanhas da CNBB, apresentou os objetivos para o próximo ano e os principais eixos de trabalho.

Padre Patriky retomou a necessidade de caminhar juntos, como em Emaús. “Quais são os passos para isso? Primeiro, não ter medo do outro; e lembrou que Jesus se aproxima, se achega, entra na conversa, estabelece o diálogo, adentra a casa dos discípulos e ali realiza, à mesa, um gesto dialogal. O diálogo não se dá apenas por palavras, mas por gestos.” O Secretário observou que esses gestos, esse testemunho, quebra resistências no trabalho com o outro.

Na sequência, o pastor Marcos Jair Ebeling, mestre em Ciências da Religião e Sinodal da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECB), observou as semelhanças entre as divisões notadas na comunidade de Éfeso, cuja carta de São Paulo inspira o lema da CFE-21, e as divisões vistas hoje em nossas comunidades. Aliás, essa divisão espelha a existente em Jerusalém, em que o muro separava os grupos judeus dos demais. “Por vezes, também na sociedade atual, acontecem discriminações, ofensas, ataques à dignidade e até mortes. Muitas dores existem, são gestadas, porque esse espírito de divisão, esse espírito do não derrubar muros, mas do levantar muros, está entre nós. O Evangelho é a força que nos permitirá derrubar muros”. Em diálogos verificados entre os participantes das redes sociais, fica claro a necessidade de trocar muros por pontes.

Na última noite, solidários com as vítimas da COVID-19 e do racismo, os participantes foram recebidos pelo Cônego José Bizon, diretor da Casa da Reconciliação, entidade da Arquidiocese de São Paulo, ponto de referência para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso. Nessa noite, também participou o Padre Marcus Barbosa, Assessor da Comissão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso e Sub-Secretário Adjunto de Pastoral da CNBB, que apresentou diversas pistas para o diálogo e a ação ecumênica, além de lembrar que “nossa fé se desdobra em compromisso” e o “diálogo é o nosso estilo de evangelizar!”

Padre Marcus lembrou que é somente na ação, na partilha, “que os olhos dos discípulos de Emaús” se abrem. Ele sugeriu do ponto de vista prático, mais eventos como o encontro estadual online e lembrou trabalhos já em curso, como o da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), as Missões Ecumênicas (Já realizadas em Mato Grosso do Sul, Pará e Rio Grande do Sul), assim como o Ecumenismo promovido pela Comissão Episcopal para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CNBB e o Pacto pela Vida e pelo Brasil. Falou ainda do gesto concreto, a Coleta da Solidariedade, prevista para 28 de março. Lembrando a “Fratelli Tutti” do Papa Francisco, ressaltou que o diálogo estabelece amizade, faz partilhar valores, transforma-se em compromisso, em boas práticas. “Sem abrir mão de nossa identidade católica, é possível seguir na caminhada com o outro.”

Por fim, falando em boas práticas, a pastora Romi Benck, Secretária Geral do CONIC e responsável pela introdução do texto-base, finalizou as conferências, com uma ampla condenação ao racismo e à discriminação, e observou que “evangelização não é apenas dizer ‘Eu aceito Jesus’, mas tem a ver com a capacidade de se portar no mundo, de ser solidário, de ser empático”. “Boas práticas significa a gente olhar para a realidade que nos cerca e tentar transformar essa realidade, colocar a mão na massa, sujar a mão de terra, estender a mão para aquela pessoa distante, para que se torne próxima.”

Mais debates, informações e a íntegra do encontro podem ser encontrados nas redes sociais do Regional Sul 1, por Facebook e YouTube. “Em nome de Cristo, que é a nossa paz!”

Com informações da coordenação regional da Campanha da Fraternidade. 

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